quarta-feira, 19 de maio de 2010

O PEDIDO DE DESCULPAS DO ALTO DIGNITÁRIO

Antes de sair de Portugal sua santidade o Papa, Bento XVI, deixou cair esta carta que se presume ser de um específico alto dignitário da nação, um homem conhecido pela sua incapacidade de humildade de carácter. 
A título de perdão consta que Sua Santidade o tenha admoestado ao que a alta figura, atirando para o chão a sua missiva, retorquiu: e não vistes nada que para a semana a santa igreja se irá ver confrontada com o incómodo final, o de assumir com o nome de  casamento o instituto do casamento a dois gays ou duas lésbicas! 

Queridos Portugueses,

espero que recebam e aceitem esta cartinha como mais um sincero pedido de desculpas. Errei, fui extremamente infeliz quando disse o que disse, mas não o fiz com intenção de ofender-vos ou aproveitar-me de vós, mais importante, intimamente jamais acreditei que pudesses fazer o que eu, numa brincadeira leviana e irresponsável, sugeri. Fui indelicado como quase sempre costumo ser, e o meu maior erro foi ter sido assim indelicado com as pessoas que menos merecem indelicadezas e torpezas da minha parte, pois são as pessoas que me fizeram recuperar a alegria de viver e me deram de mão beijada a cadeira do poder, que tão pouco mereço: o humilde povo de esquerda! Peço, portanto, o vosso perdão e tenho esperanças de que mo concedam, pois a vossa alma é nobre e deixei-me citar este grande poeta: «alma vossa gentil que passeis pela vida descontentes, repouseis lá no céu eternamente e eu aqui na terra sempre triste». Nela não há lugar para o rancor, apesar da mágoa e do calvário que eu sei que vos causei e do qual me arrependo e penitencio - depois de recebido e admoestado pelo santo Padre.
Passadas algumas longas horas (tristes, a bem da verdade), penso que fui muito estúpido, pois já vos conheço o suficiente para saber que aquilo que disse seria ofensivo para vós. Não vou agora cantar um fado, citar outro poeta,  ou falar de amor a metro, pois sabes o quanto gosto de vocês, e eu sei e acredito no quanto gosteis de mim, embora neste momento estejais magoados com razão.
Estou triste e ao mesmo tempo irritado comigo mesmo pela estupidez que cometi. Perdoa-me, por favor, bom e crédulo povo Português.

(José Pinto de ...)

Sem comentários:

Enviar um comentário