quinta-feira, 1 de julho de 2010

VIDAS PENHORADAS

«Os CTT, uma empresa muito moderna que já só serve para nos enviar o IRS, está a ser acusada de ser conivente nos assassínios fiscais em série que, através da DGI, estão a acontecer um pouco por todo o país.
De facto aqui na rua já fomos atacados. Um vizinho meu, residente no bairro, ia toma a sua bica ao café mais próximo, quando encontrou o carteiro. Simpaticamente pediu-lhe a sua correspondência. Apenas uma carta. Percebeu que se tratava das Finanças.
Tal como na "síndrome da bata branca" o ritmo cardíaco dispara só com a visão do médico ou enfermeiro, também a "síndrome das Finanças" provoca uma terrível aceleração da corrente sanguínea.
O senhor Francisco olhou o envelope e sentiu de imediato o coração a bater mais. O nervoso era tal que teve de pedir um copo de água e que lhe abrissem os bordos colados da missiva. Todos os que assistimos ao caso, vimos o olhar esbugalhado do homem. Que não parava de tremer.
"Não é possível", gritava a criatura, desanimada. "Não é possível", repetia cada vez mais lívido. À terceira não acabou a frase. Está internado. Dizem que foi um ataque de pânico...
Mas nós na rua, mais realistas, pensamos que foi um ataque fiscal!» Tirado com uma vénia e amizade, do Fio de Prumo, blog dessa grande Senhora Portuguesa que dá pelo nome de Helena Sacadura Cabral!
Que ninguém tenha dúvidas de que este fundamentalismo das finanças está a matar Portugal.
Num país de elites maioritariamente inteligentes, onde para se ser ministro não bastasse ter um lábio descaído ou um olhar vagamente despojado e morto que tudo seca à volta, a relação dos cidadãos com o fisco, seria uma relação de cordialidade baseada num princípio de custo benefício.

- Pagas, mas como cidadão, não te atiramos para o lixo da história e para a morte do empreendedorismo!

Excepção feita aos grandes grupos, que se deleitam na cama com, o empresário Português é na sua maioria um pobre biscateiro, um self man,  que tenta a todo o custo amealhar uns tostões para colocar pão à mesa.

O sucesso e insucesso do empreendedorismo mede-se por um variável marginal de 20 ou 30%, pelo que a morte da responsabilidade limitada constante no antigo Código Comercial, acrescida dessa figura solene e defunta da reversão das dívidas das empresas, cutelo na cabeça da vida de todos os que se atrevem a arriscar, é o maior cancro e o motivo do afundamento Titanic da economia e da degradação vertical empobrecedora da sociedade Portuguesa.  
O dramático em Portugal é que o curto prazo da manutenção de benesses inauditas, estilo um vizinho alta patente militar a ser conduzido, em farda caqui civil, para um Mercedes com motorista às ordens, revela um país que se sangra a si próprio, as algibeiras sempre cheias de umas sangue-sugas nauseabundas, sempre à espreita dos já pequenos capilares por onde ainda se sente uma réstea de seiva monetária: impostos às centenas, taxas aos milheiros, portagens aos quilómetros, enxameiam Portugal dessa doença terminal que se chama descrença.

Tudo a bem da nação do Estado dos paramentos e das elites dos ornamentos!
Aliás, se olhássemos com atenção a acomodação espartana no Afeganistão do ex comandante chefe das Forças Armadas Americanas no Afeganistão, o General Crystal, perceberíamos que as elites parasitárias Portuguesas preferem afundar o país a médio, longo prazo, do que abrir mão das suas estonteantes e paramentais benesses.
No Afeganistão Português, um General nacional de Cristal, não aceitaria menos que um Sheraton e mais que um Jumeirah Palace para seu grande deleite e honorabilidade!

Mas isso parece ser num lugar onde os homens de branco e de burka, amam muito mais cada grão de pó daquela terra inóspita, do que da própria vida.

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