terça-feira, 5 de junho de 2012

TEMPOS DE FRACTURA

É curioso que no meio dos amores e desamores a este governo há algo que ninguém me sabe (ou quer) responder. Todos percebemos a necessidade do ajustamento orçamental e do estado de quase excepção em que caímos, vitimados por uma elite de poder (infelizmente diferente das verdadeiras elites). Ontem uma jovem que preparava as malas para emigrar para a China dizia «dizem que o país está crivado de endividamento mas eu nunca contribui para ele. E querem me fazer pagar por aqueles que se locupletaram seja através da manipulação legislativa e/ou do conúbio político - económico, com os bens públicos».
Mas há vários caminhos e várias velocidades para este ajustamento que mantenha incólume o tecido produtivo.
Acha PC que o actual governo está a ir às verdadeiras gorduras do Estado e dos rentários? Acha PC que o PSD tem actualmente uma política social democrata digna de Sá Carneiro? Acha PC que o caminho da competitividade se faz destruindo totalmente o mercado interno, expulsando camadas do país para fora do mesmo, destruindo as PME's e aumentando os custos de contexto (aumento anunciado das rendas, da água,) que vão aumentar ainda mais a falta de competitividade da nossa economia e agravar as desigualdades que para além de um problema social é um problema económico? Acha PC que não há um total contra-senso entre quem fala na necessidade de diminuir custos salariais e ter uma economia de 1 mundo?
Acha PC que qualquer economista que se preze acredita na tese de políticas públicas cíclicas quando a economia é a quase ciência do contra ciclo?
Acha PC que não havia alternativa no ajustamento que aumentar ainda mais os impostos... mais que diminuir as verdadeiras despesas que alimentam um sistema político obsoleto (comecem por exemplo por extirpar os luxos na AR com os restaurantes de luxo que tem pelo menos o efeito de alienar os representantes do povo dos seus representados).
Acha PC que muitos dos actuais ministros querem ter uma atitude reformista à força quando a alteração de muitas das políticas exige separar correctamente o que está bem do que está mal, não erigindo o povo Português em alvo de políticas experimentalistas ou de aprendizagem dos agentes (o Prós e Contras de ontem sobre agrupamentos em educação ajudou a perceber como se não deve actuar).
Alguém fala do problema da concentração do nosso tecido comercial que tanto mal tem feito ao país?
Alguém fala do problema gravíssimo da natalidade em Portugal?
Alguém fala da necessidade de uma análise rigorosa ao processo BPN, BPP e PPP que cavaram o pedido de resgate?
Acha PC que a Troika conhece as especificidades do tecido empresarial Português?
Acha PC que todas as medidas da Troika estão eivadas de uma enorme bondade?
Acha PC que não é necessária uma visão de estado e de estadista a um responsável político?
Acha PC que Passos tem competência e conhecimento suficiente para ser PM deste país?
Acha PC que um país se reforma e se refaz contra a maioria do seu povo?
Acha PC que um país pode ter realmente 20% dos seus activos sem contribuir para o todo nacional?
Séculos de inquisição, polícias políticas e elites do poder sempre formataram o país naquilo que ele tem de pior: a sua incapacidade de ouvir e congregar todos, uma enorme ambição provinciana, a sua intolerância e um grupismo empobrecedor.

Sempre me achei um social democrata. O que não implica que não encontre mérito em muitas propostas e análises da esquerda à direita.

 

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