quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

CARTA ABERTA A NUNO MAGALHÃES: DO TÁXI AO TUC TUC



«Aquilo que sei é que houve a interrupção de uma cerimónia pública. Creio que ainda há instituições democráticas e legitimidade democrática que emana do voto e não do protesto, ainda que legítimo», disse o líder parlamentar e presidente da distrital do CDS/PP de Setúbal.
«Acho que o protesto é legítimo, desde que seja feito dentro da lei e com educação. Creio que não há mais nenhum comentário a fazer», acrescentou Nuno Magalhães.


Caro Nuno Magalhães

Num mundo cor-de-rosa, representatividade e legitimidade andam de mãos dadas. No mundo real das democracias viciadas nas relações do «anel do frodo» - e da luta irracional dos contrários - a legitimidade e a representatividade são corroídas pela tomada do poder pela mentira, e pelo critério número um das boas práticas democratas: a consonância e a percepção que a soberania reside no povo e que esta não pode estar sequestrada pela falsa representatividade.
Obviamente que os partidos políticos em geral poderão fechar os olhos à questão da pertença da soberania, arvorando-se em arautos da representatividade tomada quiçá pela inverdade eleitoral. E onde falta o bom senso, o realismo, e os canais entre representante e representado, e sobra a gestão de interesses pessoais ou de grupo restrito, a democracia fenece e é uma enorme mentira: e ao povo sobra o «nojo» dessa forma de apropriação colectiva.
Em 1974 tinha x anos. Conheço pois com as palmas da minha mão as ideologias e os altos e baixos da função democracia.pt, com os seus excessos, vícios, os seus recobros, até à tomada da reconstrução da simbiose dos interesses entre grandes grupos económicos e corporativos e o poder do momento. 
Em 2013 esperava que ela fosse uma verdadeira democracia participativa, ao estilo Suíço ou Nórdico, onde o mote em termos económicos fosse a concorrência. Enganei-me! Os partidos continuam a não tomar partido pelo povo, de que emanam, embora rapidamente se divorciem. Como português qualificado e experiente, num país que destrói diariamente o mercado interno, vejo o meu país, a minha família e o meu povo a soçobrar na indigência, na miséria e na ignorância de uma falsa representatividade; e, todas as estruturas económicas e relações sociais a soçobrarem à «idiota» e ignorante tese da destruição criativa. Bem como à ignorância de um poder funcionalizado dentro de estruturas orgânicas que se acham capazes de pensar pelo povo, e de decidir sem o auscultar diariamente, ouvindo-o apenas para legitimar a sua irrepresentatividade de 4 em 4 anos. Obviamente que, a responsabilidade deste estado de coisas não é apenas actual, estando repartida pelas «irrepresentatividades anteriores». E também por aqueles a quem sempre, repito, sempre, ofereci o meu poder de representação, defraudando-me e a muitos na prossecução e inteligência das medidas, bem como na ética da representatividade. Nesse aspecto, o governo português actual devia aprender com o búlgaro quando diz: «Temos dignidade e honra. Foi o povo que nos confiou o poder e hoje devolvemo-lo», declarou Borissov». 

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