quarta-feira, 6 de março de 2013

RUI MOREIRA - RESPOSTA

Antes de mais caro Rui Moreira agradeço-lhe a participação, embora discordando de si neste particular - que não em muitas das suas reflexões sobre a sociedade portuguesa e o momento presente.
Porque se é verdade que a democracia participativa acarreta riscos, não é menos verdade que esses riscos se estendem a todas as formas de participação - também explicadas pela sociologia e não envolvendo menores riscos - pela degradação acentuada da perceção democrática ocasionada pelo contínuo rapto da democracia (extensiva muitas vezes à má comunicação social, que confunde comunicação social com a voz dos donos).
A pseudo - democracia em que vivemos, aquilo que a ciência política denomina de sistema parlamentar de primeiro - ministro, dificilmente se regenerará e estará sempre à mercê de lealdades contrárias aos interesses da maioria do povo (não há almoços grátis e muito menos eleições grátis!)
A crescente escolarização de grandes massas do povo português e a «chamada» à política como virtude (infeliz) desta crise, não pode estar dependente de representantes (mesmo os de boas intenções) submergidos e dependentes como eleitos nos interesses (dificilmente alguém neste sistema político conseguirá ser eleito pelos seus méritos, e mesmo que o seja rapidamente perceberá o seu limitado poder face ao poder das corporações e dos interesses instalados de uma sociedade ainda muito de «antigo regime», e de nobreza de corte; nem ninguém consegue ser um fiel tradutor da maioria).
O exemplo que deu no outro dia no Econometrix dos progons irracionais da sociedade portuguesa (estou-me a lembrar de como até estudantes da universidade tiveram de ser travados pelo reitor em tempos de inquisição, contra as barbáries contra os judeus) dos populismos irracionais, são no fundo reação a democracias «mal construídas».
O populismo bate-se pela difusão do conhecimento, pela chamada à participação e pela educação pelo civismo, não pela (im) participação ou por eleitos repletos de «verdades substanciais».
É verdade que há aqui uma responsabilidade de todo um povo, muito alheado dos actos políticos, como se a política não fosse escolha de todos os dias.
Mas, também, de falta de propostas entre um coletivismo que a maioria não apoia e um liberalismo dos interesses, como se não pudesse a cada momento pensar nas melhores alternativas como uma interceção de subconjuntos do conjunto maior, a democracia.
Um regime participado exigindo maior responsabilidade e transparência a cada um de nós, não me parece que não seja já exigência do presente e que devamos ainda tentar formas uninominais de participação. Essa etapa pela exigência de participação dos povos nos seus interesses parece-me já desfasada da realidade dos tempos.
Como dizia Lula (o fazer seria talvez um exemplo da sua falta de correspondência) a única coisa que se pede à democracia é «Fazer O Óbvio!»
E o óbvio é, infelizmente, todos os dias violado pelos ditos representantes das democracias representativas que se esquecem rapidamente dos seus deveres para com os representados e que pensam ter tirado um «ticket a 4 anos».
De resto, caro Rui Moreira, obrigado pela sua clarividência relativamente à necessidade ingente de mais e verdadeira concorrência na economia portuguesa (…)    

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