quinta-feira, 12 de abril de 2012

OS NOVOS INQUISIDORES

Como muitos já tinham avisado, o crescimento do desemprego está a provocar mais despesa social e menos receita contributiva. 1.200.000 inactivos causam uma pressão adicional a um estado que não motiva à natalidade, não atrai a imigração, antes a empurra de mão dada com a expulsão dos "novos cristão novos" que é a geração mais qualificada de sempre. Bem avisou o Padre António Vieira, como o poderia avisar agora sem ser ouvido, mas a nossa mesquinhez inquisitiva estava plasmada mais do que na cobardia do rei, no ADN de um povo desunido, individualista, intolerante, conservador.    

Ao contrário do que se ouve muitas vezes por aí, o cumprimento nos moldes efectuados do memorando da Troika não era imperativo. Como a própria Troika sublinhou o que interessava eram os resultados, não o modo de lá chegar.

A estratégia delineada pelo actual governo da destruição criativa a todo o custo (do fazer todo o mal agora com os olhos postos no calendário, eterno crime do poder) é, assim, a responsável (no seguimento de políticas irresponsáveis com muitos anos e sem cor política definida) pelo estado do país - por nunca ter compreendido que os equilíbrios da nossa economia eram frágeis.

O problema da situação Portuguesa não é puramente ideológico, mas uma questão de ética de valores e de gestão (má gestão, atrever-me-ia eu a dizer, "acompanhado" pela lata incomensurável da irresponsabilidade. Como é possível ver hoje a comunicação social a tecer loas a Teixeira dos Santos sendo ele, por acção ou omissão, de seguidismo de Yes man, ou no plano da gestão individualista de carreira, ou da mera cobardia política, co-responsável do estado miserável das contas nacionais?

Que me desculpem os economistas financeiros porque, como dizia ontem Luís Nazaré no trio do economix, moderado por João Adelino faria, o que me interessa é a economia real a tal que vive paredes meias com as pessoas e que resolvendo problemas individuais resolve problemas colectivos.

(A resolução dos problemas económicos devia ater-se mais à dialéctica do indutivo versus o dedutivo, da resolução  dos problemas da base para o topo, do que da resolução por decreto generalista e abstracto - é também o caso da escola pública, igual para todos. Um novo paradigma  do indutivo devia ser o futuro da governação, o excesso de poder do ministério das finanças, trás muito piores resultados do que a generalização do topo para a base, o centralismo é o inimigo - o estado sou eu!, sempre dizeram os locupletadores da política - os agentes económicos são meras peças de um puzzle que um governo centralista nunca sabe montar. 
Nesse aspecto, o bom liberalismo como o bom colesterol não existe, só fica o mau liberalismo do salve-se quem puder, que entope o circuito económico de que são vítimas de excesso de AVC's e de enfartes do miocárdio os agentes económicos).

Em maré de Padre António Vieira (e basta o ler para perceber o Portugal, que pouco mudou) quando o Império Português estava a ser acossado pelo Batardo Holandês, para se perceber como já nessa altura ao padre António Vieira entristecia reconhecer a superioridade de carácter do Holandês: mais unido, comunitário, tolerante e liberal (é que mesmo no liberalismo somos mais inquisidores do que tolerantes com os novos cristão novos que podiam apartar novos cabedais para Portugal!).   
 

Sem comentários:

Enviar um comentário