sábado, 24 de janeiro de 2009

RECEITAS DO PASSADO OU DO PRESENTE?

V.B.

Não estou a ver baixar os 450€ dos trabalhadores para 400€ e dizer-lhes: agora passas a gastar 2€ por dia para alimentação! O trabalhador que já só gasta 2€50 por dia para alimentação, uma lata de atum por dia misturado com meio kg de arroz para três pessoas, porque entretanto a mulher já abortou 5 vezes porque o dinheiro não dava para a 4ª, agravando o nosso deficit demográfico ainda só ligeiramente coberto pelo saldo emigratório, e o da S.S., pensa então, dois caminhos se divisam: ou vou engrossar os gangues especializados em car-jacking, robin dos bosques do séc.XXI, os futuros home-jackings e street-jacking e sequestros (mexicanização e brasileirização da urbe Portuguesa), ou emigro definitivamente (daqui a dois anos quando uma nova revolução energética e tecnológica impuser o paradigma eléctrico) ou se já trabalhava pouco (e como isso é evidente na função pública!), agora é que me arrastarei o dia todo, fazendo da produtividade um conceito algo estranho: trabalho tantas horas como os parceiros continentais, mas produzo pouco mais de meio.

Honestamente V.B. penso que há outras saídas, até porque penso que há um costume antigo de misturar duração de trabalho com produtividade. Aumentar a produtividade de trabalho com recurso ao exclusivo aumento da duração de trabalho? Será que o Zé Povinho (que, atenção, está mais sofisticado, embora infelizmente nem sempre mais civicamente educado!) está pelos ajustes? E o aumento da intensidade de trabalho por via da motivação? E o instrumento fiscal? Porque não tem sido utilizado?
Rigidez da despesa? Administração pública ineficiente, sem dúvida! Aliás digo-lhe que teria sido o meu caminho encostar 150.000 f.p. para não ter de encostar como agora se passa e se passará algum milhão de trabalhadores dos transacionáveis. E será, V.B., que não seria mais avisado baixar a taxa da S.S. em para aí 8%, com uma reforma universal tecto de 1.000€, que aliás será inevitável a prazo? Mas muitas outras ineficiências ainda pululam! Concursos públicos 5.000.000 €? Para mim nem 5 tostões!

Além de que V.B. a repartição de rendimentos terá apenas raízes na falta de formação e de energia dos activos?1) porque é que os nossos empresários não “alargam” as mãos do sector terciário “merceeiro” para a produção de bens transaccionáveis?2) porque é que os empregados/trabalhadores (e note trabalhadores, distinção feita em relação ao excesso de generais) ganham o dobro ou o triplo por essa Europa fora?3) porque é que não se faz uma verdadeira reforma do arrendamento (nenhuma casa sem estar habitada!), que pare de vez a cimentização desenfreada e se faça de Portugal um país verde (mesmo no Alentejo!)?4) porque é que não se utilizam os recursos públicos com parcimónia e se actua por via da despesa e não do estrangulamento por via da receita (da garganta dos agentes económicos). Aliás até me espanto como é que ainda há agentes económicos. Os 1,1% de crescimento da última década são ainda devidos a essa raça de heróis!

Além de que, caro V.B., eu ex-ante um adepto das privatizações, torço hoje o nariz e sou mais comedido no pouco restante: privatizações para manutenção de monopólios e oligopólios? Energia cara, 800 milhões de lucro para a EDP, que vê o seu lucro constante em ambiente de crise! Deficit tarifário? Diminuição de custos de produção?

Eu estou um pouco como Teixeira dos Santos com o seu GPS: nada disto vem nos manuais! É talvez mais do campo da ética! Será, então, preciso mais imaginação? Ou será que precisamos é de um novo condutor, um novo timoneiro que assente Portugal em três ou quatro vectores: envolvência dos Portugueses com diálogo, verdade sem arrogância, ética política e “distensão” da sociedade, libertação dos agentes económicos, combate real às desigualdades. Em suma governar menos, olhar com maior distanciamento, fazer menos, ouvir mais e deixar fazer mais!
Não se pode deixar a diminuição de salários para quando houver uma verdadeira diminuição dos custos gerais? Se calhar uma pequena deflação em Portugal é bem vinda, desde que o Estado dê o exemplo e cometa a graça de um emagrecimento dermoestético das gorduras doentias e inestéticas !

Em último caso, resta-nos sempre a hipótese de congelarmos por um tempo a moeda única, repormos o Escudo com a face de Sócrates no verso e a de Teixeira Santos no reverso, desvalorizarmos de 200.482 para 800, acabando com a saltada de fim de semana a Londres para as compras e abrindo o Pestana Algarve à classe média Angolana e a todas as economias emergentes que amam e mimam os seus agentes económicos!

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