segunda-feira, 19 de março de 2012

AJUSTAMENTO MAIS RÁPIDO VIA DRACMA?


«É quinta-feira e, como em todas as quintas-feiras, há uma manifestação no centro de Atenas. Desta vez são os trabalhadores da metalurgia e dos estaleiros navais. Protestam, em frente da entrada do Ministério da Economia na Praça Syntagma, contra o fim do salário mínimo único para todo o sector, de cerca de mil euros.
A partir de agora, diz Alexis, um dos mais jovens manifestantes, "cada um tem de negociar com a sua empresa, arriscando-se a perder metade do que ganha, e já há seis meses de salários em atraso nalgumas empresas". "Estamos a atingir o limite", avisa. A manifestação, seguida atentamente pela polícia de intervenção, tem várias centenas de participantes e é pacífica. Mas as palavras de ordem, bem ensaiadas e em rima, são gritadas por todos.
...O empréstimo agora aprovado garante o financiamento da Grécia até 2015, mas, como avisa Ghikas Hardouvelis, "deverá ser preciso um novo empréstimo, já que vai ser muito difícil nessa data voltarmos aos mercados". Por essa altura, seria bom que os gregos, ao menos, já começassem a acreditar que é possível sair da crise.
O jornalista viajou a convite da Comissão Europeia»
Este artigo de Sérgio Aníbal, publicado no jornal Público, tem a vantagem de fazer perceber que a estratégia do caso Grego foi completamente errada no quadro da zona Euro e que possivelmente qualquer ajustamento económico terá muito mais vantagem se efectuado no quadro dos velhos instrumentos de política monetária, ou seja na desvalorização de moeda própria.

As desvantagens da manutenção da Grécia na zona Euro são por demais evidentes, já que as mudanças necessárias são lentas e criam um quadro de depressão e de mudança muito lenta comparativamente aos instrumentos de desvalorização da moeda. 

Com a desvalorização da moeda a perda salarial é de facto também muito grande pela inflação que gera, mas a economia é desvalorizada de modo mais equilibrado, sem tantas perdas no tecido económico, mantendo no entanto a porta aberta ao relançamento rápido via ganho de competitividade externa. As importações tornam-se mais caras, beneficiando a produção interna, ao contrário do processo de sobreausteridade por via do corte cego de salários e de recessão por via do consumo das próprias empresas nacionais. Num processo de desvalorização por via da moeda, as empresas nacionais parecem assim ser muito mais preservadas do que num processo de sobreausteridade no quadro de zona monetária comum.
A resolução da situação parece assim só se puder efectuar num quadro de crescimento e inflação.

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