segunda-feira, 29 de setembro de 2008

FRASES SOLTAS

Com a devida vénia, transcrição do pensamento da Elisabete, uma jovem jornalista, breves palavras sobre o jornalismo ...,
«para perceber o jornalismo actual
que sugere que os jornalistas pensem o seu papel:
1 - Eu ainda não sei qual é a minha causa no que diz respeito ao conflito do Médio Oriente. Pelo simples facto que
«o tempo não me chega para ler e pesquisar tudo quanto devia para formar uma opinião fundamentada
crítica e daí chegar à causa. E o
«mais grave é que meia dúzia de vezes já tive que escrever notícias sobre o assunto
Pior ainda é que não é um problema exclusivamente meu: quem passa o dia todo a fazer agenda e trabalhos em diversas frentes (a tal polivalência temática de que fala o professor Manuel Pinto) e depois ainda tem que escrever uma página a resumir o que de mais importante se passou na Cisjordânia não pode fazer mais... e a mais não será obrigado.
«As redacções têm cada vez menos gente, cada vez pior paga e sem oportunidade para parar pensar naquilo que está a fazer.»
Um dos maiores problemas do jornalismo é a rapidez a que os seus profissionais são obrigados a produzir.
«A reflexão não é uma prioridade do jornalismo»
e devia ser - esta é a minha causa. 2 - Também gostava muito de ver
«os jornalistas a pensarem naquilo que fazem,»
a debaterem o produto do seu trabalho e as consequências que tem. Gostava de ver criada uma associação de jornalistas que começasse a resolver problemas essenciais como o acesso à profissão. O problema é que
«os jornalistas são cada vez menos autónomos»
e o romantismo do ofício passou a mito.
«Hoje em dia, somos todos assalariados, sujeitos a grandes pressões de tempo, presos em filosofias editoriais viradas para a concorrência desenfreada»
e sem condições de dizer "vou sair daqui e fazer jornalismo como realmente quero" (dou um doce a quem puder dizer isto!). Apesar de tudo, tenho esperança na retoma...
E isto ainda foi no tempo dos assalariados. Hoje são jornalistas ... precários!

4 comentários:

Eloah Borda disse...

Muito interessante este, como aqui diríamos, "desabafo", mas, infelizmente, é o mundo imediatista e consumista em que vivemos, tudo é produto (e descartável), de consumo, inclusive nós mesmo, seres humanos, povo - cidadãos de outrora, hoje massa de manobra. É triste, meu amigo, mas é a realidade.
Abraço.
Eloah

(c) P.A.S. Pedro Almeida Sande disse...

Eloah,

E este desabafo de uma jovem jornalista já é de ... 2002! Calcule os "entretantos"!

Eloah Borda disse...

É, meu amigo, nosso mundo (nossos sistemas, nossa civilização [?]), parece estar em queda livre há já um bom tempo... e sem pára-quedas... Pessimismo? Não. Nem conformismo. Simples, e triste, constatação, raciocínio lógico, tanto pela situação atual, como pela própria história da humanidade (burra!) – olhemos para trás, para as antigas civilizações (uma gangorra), ascensão e queda, ascensão e queda... Mas os senhores donos do mundo, não olham para trás nem para frente, continuam, como no passado, a olhar apenas para seus próprios umbigos, como se foram o centro do universo. E o povo? O povo continua a ser demagogicamente manobrado para cumprir com sua função de trabalhar para sobreviver, “sustentar as cortes” e arcar com o ônus dos descalabros políticos. E a história se repete, e se repete, e se repete... e a humanidade, como um todo, não aprende. Mas a cada ciclo, vão surgindo agravantes. Agora, por exemplo, temos o excesso populacional que é um fato incontestável, com o conseqüente desemprego, poluição ambiental, devastação do planeta, ameaça de fome mundial... e vou parar por aqui porque não gosto de parecer catastrofista. E aqueles que poderiam, pelo menos tentar, reverter a situação com uma política sócio-econômica séria, sensata, estão por demais preocupados com seus interesses pessoais, o aqui e agora, a “politicagem”, o toma lá dá cá´... Assim, quando ainda tento ver uma luz no fim do túnel, já não consigo ver nem mesmo o túnel, e sim um buraco negro... Por isso, me refugio em minha poesia.
Abraços poéticos.

Eloah Borda disse...

Em tempo: se não quiser, não precisa postar o "jornal" que acabo de enviar, foi apenas o meu desabafo para o amigo.
Abraços.

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