quarta-feira, 1 de outubro de 2008

SOBRE O ACORDO ORTOGRÁFICO

Ao contrário do que a conspiração dos "vaidosos e pedantes da vida" quer fazer querer, o acordo ortográfico não é bemquisto por uma parte da "intelligentsia" Brasileira.

E não é bem visto porque é uma espécie de rolo compressor, não só da diversidade da língua Portuguesa, riqueza maior desta língua, como também porque vai ser imperialmente ignorada pela grande maioria da população não só Portuguesa, mas desconfio que da Brasileira e da dos Palop. A razão comummente dada para a uniformidade da língua, seria a "terrível dispersão" de duas grafias o Português de Portugal e o Português Brasileiro, que colocaria a língua Portuguesa no limbo da desacreditação e da chalaça.

Deixemos, então, falar o "do Contra", cujas razões entroncam profundamente nas nossas razões, fazendo-nos crer que o problema das duas grafias só se coloca na ordem do dia pela ineficácia da luta pela literacia e contra o analfabetismo funcional. Não consta que um Brasileiro letrado tenha dificuldade em perceber um Português ralé, quanto mais o português Kimbundo que exala das Sanzalas da Luanda profunda.

Mas o problema vai mais além. De acordo com as mudanças introduzidas, a diversidade, riqueza principal da língua portuguesa, sairá terrivelmente prejudicada em favor de uma decisão governamental.


A ordem do dia por trás da reforma é "unificar" o português escrito no Brasil, em Portugal, na África e na Ásia, retirando-se, por exemplo, os acentos agudos em palavras como "jóia" e "idéia", além de aposentar o trema, o que transforma a grafia de palavras como "tranqüilo" semelhante a do espanhol. E isso tudo de uma penada, como quis fazer aquele deputado comunista que queria banir, por decreto, expressões estrangeiras da língua falada e escrita no Brasil (deveria começar pelo nome de seu partido, "comunista" - um evidente galicismo).

Em vez de separados pela mesma língua, como disse certa vez George Bernard Shaw ao referir-se ao inglês falado nos dois lados do Atlântico, estaremos, a partir de agora, unidos compulsoriamente pela vontade de nossos governantes.


Que Lula tenha sido o firmante de semelhante aborto é algo bastante simbólico. O acordo ortográfico assinado ontem pelo Apedeuta, desconfio, seria rechaçado por Machado de Assis. Assim como a trajetória do ex-metalúrgico. Provavelmente, em vez de propor a Lula apor sua assinatura trêmula no texto do acordo, o velho Machado lhe recomendaria ler um livro. De preferência, de Gramática. Ou um tratado sobre Ética.»

Sem comentários:

Enviar um comentário