Ricardo Saramago no blog SEDES pergunta:
Porquê investir em Portugal?
O Investimento que temos tido ou é público(de rentabilidade negativa), ou forçado pelas alterações regulamentares e pela pressão das fiscalizações (rentabilidade duvidosa), ou ainda destinado a deitar a mão aos subsídios públicos, camarários e comunitários.
A verdade é que quem tIver ideias, projectos e iniciativa, fará melhor em rumar a outras partes onde o ambiente seja mais fértil, a fiscalidade previsível e a administração colaborante.
A maioria das empresas, mais do que projectar investir, luta para não morrer às mãos do fisco, das Asaes, dos caloteiros e da concorrência(muitas vezes desleal).
Se pudessem muitos desinvestiriam em vez de investir.
Restará por aí algum investimento residual ditado pelas regras de mercado e destinado exclusivamente a obter rendimentos em concorrência?
Expliquem-me como é que os modelos econométricos reflectem estas realidades.
E Quelhas da Mota:
Estou plenamente de acordo com Ricardo Saramago e Pedro Pinheiro.
É impressionante o «emaranhado» em que o Estado colocou este país. Des-«emaranhar» isto tudo é um bico-dobra. De facto, a questão nem se deverá colocar ao nível de cativar novos investimentos, mas de evitar que as empresas não descapitalizem como forma prévia de preparar a sua saída do país.
As únicas actividades que parecem interessar são as protegidas pelo Estado, praticando preços de quase-monopólio, para já não referir que o País está cheio de empresas fictícias, que só existem porque se criaram Leis para que pudessem existir, como a empresa do «Magalhães», as empresa de montagens de painéis solares subsidiados, as empresas de certificação – pois, por tudo e por nada têm-se de estar certificado -, as empresas de inspecção automóvel, empresas «associadas à asea» – que prestam serviços especiais para que os padrões da asea se cumpram -, etc. Simultaneamente, criaram-se taxas para tudo e para todos, desde para um furo e, depois, ter autorização para utilizar a água encontrada até uma licença para fazer uma fogueira para queimar os detritos e limpezas dos campos agrícolas. As próprias multas e coimas passaram a «impostos», já que os seus montantes são escandalosos – até os polícias são avaliados pelo volume de multas que trazem para «casa».
O peso dos impostos, taxas e coimas, preços monopolistas, custos (obrigatórios) de serviços sem ou de duvidoso interesse nacional, etc. associados à inexistência de Justiça, de Educação, etc. tornam excepcionalmente difícil mudar uma situação que, apesar de tudo, tem os seus «ganhadores».
Ou seja, para além daquilo que disseram, o País parece está «armadilhado» por todo o lado, nos mais pequenos «pormenores» daquilo que poderia constituir algum espaço de Liberdade e Iniciativa fora do Estado. Só um incauto investe aqui, a não ser que o seu investimento seja um PIN, e, como tal, subsidiado pelos contribuintes-líquidos portugueses – afinal, para que lhes arranjem aí algum emprego ao salário mínimo.
Sinceramente que gostaria de ver aparecer algum «Nacionalismo» por esta terra.»