Blog da nossa consciência, do n/ umbigo, da solidariedade, da ética, do egoísmo, da ganância, da corrupção, do faz de conta, do desinteresse, do marketing, das sondagens, da elite do poder, do poder dos sem poder, do abuso do poder, da miscigenação com o poder, da democracia participativa, do igualitarismo, dos interesses, do desprezo pelos excluídos...da política, da democracia de partidos e da classe política Portuguesa séc.XXI! A VOZ DA MAIORIA SILENCIOSA AO SERVIÇO DA CONSCIÊNCIA PÚBLICA!
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sábado, 22 de janeiro de 2011
OS ABUTRES PÚBLICOS
Os abutres da governação preparam-se nas compras públicas para mais outro crime económico de grande dimensão.
Num país onde as pequenas compras eram feitas atomizadamente pelos diferentes serviços, dividindo-se putativas manipulações pelas aldeias, argumentou-se da necessidade de as monopolizar numa central de compras públicas - a bem da eficiência e da compra com economia de escala.
Mas como não há bela sem senão, os partidos da governação resolveram por bem destruir a bondade da medida com mais um estudada aleivosia por grosso.
O benefício concentrado permite, agora, grandes benefícios e é um novo alimentador da revolta dos reformados a 163€. Mais de 2500 viaturas na calha, num tempo em que os governantes deveriam ir para casa na sua viatura privada?
Alguém deve estar a precisar de viatura desesperadamente ou então as próximas campanhas auguram-se de muita despesa.
Pudera, cheira a tempo de mudança!
Pudera, cheira a tempo de mudança!
CRIME ECONÓMICO DA GOVERNAÇÃO
«como esta: “Ginásios com quebras de 15 a 30% nas receitas [no início do ano]“. Entretanto há ginásios a cobrar 23% de IVA, outros a cobrar 6% e todos aguardam o entendimento do Ministério das Finanças sobre a questão (recorde a discussão neste artigo “»
Se há notícias que nos agoniam é ouvir que os ginásios já estão com quebras de 15 a 30%.
E porquê?
Porque esta foi mais uma medida não pensada dos incompetentes da desgovernação.
Se realmente se queria aumentar o IVA nunca se devia aumentá-lo em serviços ou produtos prestados ou produzidos internamente, mas apenas em produtos ou serviços externos. A bem da balança de transacções correntes e a bem de um efeito multiplicador de queda de receitas sequentes internas.
Atirar para o inactivo trabalhadores desta área é coartar a economia nacional sem ganho nenhum à vista, antes pelo contrário, com perda de receitas para o Estado.
Para quando a criminalização de medidas de crime económico nacional, geradas por má gestão consciente ou inconsciente?
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
ALIMENTARMO-NOS À GARFADA DA MELHOR FIBRA
Ontem um amigo perguntou-me se apesar da minha frágil condição face à situação, não me preocupava com a falta de pão à mesa.
Respondi-lhe que não, afinal há aqui em casa muitos livros por digerir à mesa, à garfada, E QUE DARÃO EXCELENTES SOPAS DE FIBRA!
Ò MARIA, JÁ FECHASTE A TAMPA DA SANITA?
A seguir, os hábitos que mais irritam as mulheres:
1. Deixar pelos no lavatório
2. Deixar a sanita suja
3. Fazer zapping entre canais de TV
4. Não trocar o rolo de papel higiénico
5. Não baixar a tampa da sanita
6. Deixar as luzes acesas
7. Deixar chávenas sujas espalhadas pela casa
8. Toalhas molhadas no chão / na cama
9. Acumular pertences
10. Não puxar o autoclismo
2. Deixar a sanita suja
3. Fazer zapping entre canais de TV
4. Não trocar o rolo de papel higiénico
5. Não baixar a tampa da sanita
6. Deixar as luzes acesas
7. Deixar chávenas sujas espalhadas pela casa
8. Toalhas molhadas no chão / na cama
9. Acumular pertences
10. Não puxar o autoclismo
E os hábitos que mais irritam os homens:
1. Demorar a arranjar-se
2. Reclamar que ele não faz nada
3. Deixar as luzes acesas
4. Entupir o ralo da banheira com cabelo
5. Acumular pertences
6. Encher o caixote de lixo além da capacidade
7. Deixar lenços de papel pela casa
8. Chávenas sujas pela casa
9. Zapping entre canais de TV
10. Assistir a telenovelas
2. Reclamar que ele não faz nada
3. Deixar as luzes acesas
4. Entupir o ralo da banheira com cabelo
5. Acumular pertences
6. Encher o caixote de lixo além da capacidade
7. Deixar lenços de papel pela casa
8. Chávenas sujas pela casa
9. Zapping entre canais de TV
10. Assistir a telenovelas
Esta avaliação dos motivos que irritam mais o companheiro(a) por género, pode ser perigosa pela inversão de papéis irritantes!
Nossa! E eu que sou sempre o elemento que fecha a sanita.
Estarei na relação de género errada?
Brincadeirinha, ou não estivesse eu convicto que lá em casa quem fecha a sanita mecanicamente é, também, o sr. Aníbal!
E ele há alguém que duvide da sua universal e masculina solidariedade?
E ele há alguém que duvide da sua universal e masculina solidariedade?
DESPESA: A AMIGA DOS POLÍTICOS E DOS AMIGOS DOS POLÍTICOS
«BCE: é na despesa que deve centrar-se redução do défice»
BCE já se apercebeu do descalabro que vai ser para a economia Portuguesa insistir em aumentos de custos, de impostos e de taxas.
Este descalabro terá de ir a conta do governo mais criminoso e medíocre de Portugal dos últimos 100 anos. Já acabaram com os governos civis, já contraíram para pouco mais de 100 os concelhos e para 1/4 as freguesias, já cortaram nas empresas municipais?
DEFENSOR DEFENDEU: E A GRANDE DISTRIBUIÇÃO TAMBÉM DEFENDE?
«Quando estamos a comprar produtos produzidos na nossa terra estamos a combater o desemprego, a falta de trabalho das nossas indústrias e da nossa actividade comercial», sublinhou.
E, a um dia de terminar a campanha para as eleições presidenciais, Defensor Moura insistiu na mensagem.
«Comprem produtos nacionais para que as nossas indústrias e comércio possam vender mais e, vendendo mais, arranjarão mais emprego para os portugueses e com certeza a recuperação da balança comercial será mais rápida», salientou.
Uma das principais propostas deixadas pelo antigo autarca de Viana do Castelo visa precisamente o «equilíbrio» da balança comercial através do aumento de produtos que substituam as importações.»
PROXENETISMO POLÍTICO? CAUSAS E EFEITOS!
«Obras do TGV em Lisboa condicionam trânsito na cidade»
«Investigador diz que crise vai provocar aumento do trabalho infantil»
«Investigador diz que crise vai provocar aumento do trabalho infantil»
Quase todos (menos os que andam sempre distraídos com futebol e telenovelas) já perceberam que em Portugal o grande deficit, a mãe de todos os deficits, é o da seriedade.
E ainda há quem duvide que de tempos a tempos é necessária um grande abanão de veludo a dar para o acobreado!
De outra forma, Portugal nunca mudará!
E ainda há quem duvide que de tempos a tempos é necessária um grande abanão de veludo a dar para o acobreado!
De outra forma, Portugal nunca mudará!
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
A DIFERENÇA ESTÁ NA CIDADANIA
Eu sei que Cavaco até pode merecer, mas agora que ele (não por vontade própria) desistiu de 7000€ dos seus 17000€ mês, que lhe permitem a compra de uma viatura por mês, é interessante de ver como compara com os 36 meses que um cidadão a SMN demora a perceber a mesma soma.
E ainda há quem vote nestes cidadãos de primeira.
Irra, que são burros!
DIA DE CONDÓMINOS: PODEROSOS POR UMA NOITE!
Ontem foi dia de condomínio.
Como sempre, uma administração interesseira e manipuladora levou a melhor, colocando com força a mão na massa.
Colocar a mão na massa do colectivo é um recorrente desporto nacional, seja nas autarquias, governo e governo de todas as outras coisas que sejam passíveis de se tornarem públicas.
Manipular uma assembleia é fácil.
Conquistá-la pelo cansaço, e por informação a metade, mais fácil ainda.
Como uma verdadeira Assembleia Portuguesa a ostentação está sempre presente. Mesmo num colectivo de falidos ou desempregados ou de grandes vaidades. Contrair despesa é contra o espírito nacional, porque para o Português pé-descalço dos seus avós é pequenino e o Português é grande no fado e na megalomania dentro de casa.
Porque é que eu fiquei com o amargo paladar de novamente ter sido enganado, por um aprovado orçamento propositadamente dilatado e operado a muitas mãos?
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
SURPREENDA-NOS, CAVACO!
«Cavaco é um verdadeiro português: cultiva a simplicidade, a humildade, a discrição relativamente a “assuntos de dinheiro”, fala da terra e dos avós com nostalgia, é pouco dado a viagens e estrangeirices, ampara amigos e família, tem orgulho no que a história escrita lhe diz que a raça fez, enaltece a maneira “especial” dos portugueses fazerem as coisas, é avesso ao conflito e à confrontação de ideias, não fala de futebol nem de política.Essa sua condição de síntese de uma portugalidade em vias de extinção ainda rende votos em determinados escalões etários. Por estas razões, o voto nestas eleições presidenciais é bem mais importante do que aparenta. Votar Cavaco é prolongar a portugalidade que quero superar. Votar Cavaco é reduzir o país à sua condição de periferia, de eterna nostalgia pelo passado e de provincianismo elevado a nacionalismo.As limitações que as condições económicas e sociais têm imposto à afirmação de uma dimensão moral superior do português não devem impedir-nos de exigir a quem nos representa a exemplaridade dessa desejável dimensão moral.Cavaco vive com o remorso de ter cedido à facilidade dos corredores do verdadeiro poder (o financeiro) entre 1996 e 2006. Não pode ignorá-lo e não devemos esquecer. Ainda tenho esperança que a boa moeda expulse a má moeda (a moeda da especulação, dos negócios entre amigos, da rentabilização de capital simbólico e político). João Assunção Ribeiro
(Ad Confessionem)»CAMPANHA EMIGRAÇÃO
E que tal fecharmos a nação, não por via da violência revolucionária, mas por via da emigração revolucionária?
Vamos lá todos emigrar, cambada!
Vamos lá todos emigrar, cambada!
AS REFORMAS DE ANÍBAL
«O EXEMPLO DAS REFORMAS DO ANÍBAL
Actualmente recebe três pensões pagas pelo Estado:
4.152,00 - Banco de Portugal.
2.328,00 - Universidade Nova de Lisboa.
2.876,00 - Por ter sido primeiro-ministro.
€ 9.356,00 - TOTAL ( 1.875.709$60 )»
Este valor é acumulado com outro tanto que ganha enquanto Presidente da República!!!»«...os Portugueses vivem acima das suas posses, o Estado Social é um luxo demasiado caro para o país que somos e, como receita para o actual estado de coisas, recomendar cortes nos salários de quem vive apenas do seu trabalho e, pasme-se, redução de pensões - para os outros (claro!) para quem tem.. Também não pode ser por acaso que a regra de só se poder receber uma pensão pública, prevista no projecto de lei do Orçamento para 2011, só valerá para as situações futuras!..Quem estará a provocar a famigerada falência da Segurança Social apregoada por esses senhores???»Actualmente recebe três pensões pagas pelo Estado:
4.152,00 - Banco de Portugal.
2.328,00 - Universidade Nova de Lisboa.
2.876,00 - Por ter sido primeiro-ministro.
€ 9.356,00 - TOTAL ( 1.875.709$60 )»
Será isto verdade?
segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
MERCADOS E CONCORRÊNCIA
O paradoxo acima detectado pelo Aníbal (NÃO, NÃO É O CAVACO QUE PENSAM, APENAS UM COLEGA) apesar dos objectivos declarados e plasmados já desde o tratado de Roma, chama à colação o estado actual dos mercados e da concorrência. Ontem num blog, o 4ª república, onde campeiam as úteis intervenções de Tavares Moreira sobre o panorama macroeconómico Português, abordava-se implicitamente a temática da medição da estrutura de mercado, a propósito da percepção do mercado (no seu sentido estrito e de medição de estrutura) Florentino. Dizia a propósito o autor que o mercado comercial Florentino ainda se parecia muito com um tipo de estrutura da Idade Média (quase hanseático) de comércio completamente atomizado, de base muito familiar, com total fecho semanal dominical. Para quem conhece bem outros mercados, como o Suíço, sabe que esta atomização não é exclusivo de Itália e estende-se a outros mercados desconcentrados de outros países Europeus.
A realidade Portuguesa é, por outro lado, bem diferente e parece basear-se na leveza da comodidade dos consumidores (na predação de mercados) e na estrutura de um mercado altamente concentrado, gerador de desertificações nos centros das cidades e de perda a prazo de parcelas de bem estar dos consumidores. O status quo existente no mercado Português, de poucas empresas a dominarem o mercado (como é actual e paradoxalmente o caso do sector do retalho alimentar) faz bem a ligação de todas as matérias desta actividade, já que permite observar como se interligam decisões estratégicas com concorrência entre poucas empresas, com preços predatórios, com dinâmicas da concorrência (ou falta dela, já que o esmagamento da concorrência pode se estender e verticalizar. Estou a lembrar-me, como a falta de concorrência no retalho alimentar canibaliza os próprios sectores produtivos a montante ao exigir-lhes condições draconianas verdadeiras restrições de entrada, e de "saída" - pela intermediação). É curioso, aliás, reparar como se processou esta quase extinção da atomicidade dos pequenos estabelecimentos comerciais alimentares indígenas, que comparam com a enorme atomicidade do pequeno comércio de raiz Chinesa. Estará aqui neste movimento de concentração de mercado (quase concentracionário) um dos motivos e a raiz da nossa divergência da média Europeia?
A realidade Portuguesa é, por outro lado, bem diferente e parece basear-se na leveza da comodidade dos consumidores (na predação de mercados) e na estrutura de um mercado altamente concentrado, gerador de desertificações nos centros das cidades e de perda a prazo de parcelas de bem estar dos consumidores. O status quo existente no mercado Português, de poucas empresas a dominarem o mercado (como é actual e paradoxalmente o caso do sector do retalho alimentar) faz bem a ligação de todas as matérias desta actividade, já que permite observar como se interligam decisões estratégicas com concorrência entre poucas empresas, com preços predatórios, com dinâmicas da concorrência (ou falta dela, já que o esmagamento da concorrência pode se estender e verticalizar. Estou a lembrar-me, como a falta de concorrência no retalho alimentar canibaliza os próprios sectores produtivos a montante ao exigir-lhes condições draconianas verdadeiras restrições de entrada, e de "saída" - pela intermediação). É curioso, aliás, reparar como se processou esta quase extinção da atomicidade dos pequenos estabelecimentos comerciais alimentares indígenas, que comparam com a enorme atomicidade do pequeno comércio de raiz Chinesa. Estará aqui neste movimento de concentração de mercado (quase concentracionário) um dos motivos e a raiz da nossa divergência da média Europeia?
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Economia
A EUROPA DA SOLIDARIEDADE DESTRUTIVA
«Com taxas de juro assim, Portugal não deve pedir ajuda»
«Especialista em economia monetária alega que enquanto fundo europeu aplicar taxas «punitivas», Portugal não tem interesse em recorrer a ajuda externaNão se compreende realmente o objectivo do FEEF da UE!
Quando a Irlanda recorreu ao Fundo Europeu de Estabilização Financeira foi-lhe aplicada uma taxa de juro «punitiva», de 6%. Ora, «com uma taxa destas, a Irlanda é insolvente», pelo que «enquanto o FEEF aplicar taxas de juro elevadas nas suas operações de crédito, Portugal não tem qualquer interesse directo em recorrer» ao fundo.
Quem o diz é o especialista em economia monetária e conselheiro de Durão Barroso Paul De Grauwe, em declarações ao «Jornal de Negócios». O economista belga considera que assim, com uma taxa «tão elevada», o fundo europeu «sinaliza ao mercado que o país que está a receber financiamento deverá muito provavelmente entrar em incumprimento». E isso é «muito destrutivo».
Daí que, sublinha, Portugal só deve pedir ajuda externa «quando não tiver qualquer outra alternativa»
Anexar países e tecidos económicos da União através de taxas?
É esta a Europa da Alemã de Leste, Merkel, e do petit Louis de Napoleón Funés et Sakorzy?
domingo, 16 de janeiro de 2011
VENDER O OURO?
Há quem já alvitre vender o ouro para abater ao endividamento.
Solução pouco substantiva e sem impacto já que o problema de Portugal é um problema de nível de juro da dívida e o abatimento desse valor ao endividamento rapidamente seria comido pelo aumento dos juros da dívida.
Num país com garra, que afrontasse em unidade o problema orçamental que nos fez chegar a este descalabro, já este ano seria de orçamento zero, nem que para tanto se tivessem de despedir 100.000 funcionários públicos ou em alternativa, cortado algum mil milhão em organismos de Estado.
Triste destino este de Portugal na mão, há muitos anos, de políticos pequeninos sem visão, sem ética e sem coração.
ESTE CÓDIGO CONTRIBUTIVO TAMBÉM É O SEU,MANUEL ALEGRE?
A recente alteração do Código Contributivo com o esbulho de 30% do rendimento dos recibos verdes só para a Segurança Social, não configura esforço pedido aos Portugueses, mas matá-los à fome e é perfeitamente anticonstitucional.
É de perguntar ao sr. Manel Alegre, que se faz passar por Doutor, não o sendo, se é essa a política para com licenciados jovens e menos jovens, cuja opção é trabalhar a recibos verdes, ou não trabalhar, retirar-lhes a quase totalidade dos proventos.
FMI: SER OU NÃO SER, EIS A QUESTÃO!
Vale a pena, como leitura de fim de semana, ler estas reflexões de Vítor Bento sobre o que nos espera, o "ser ou não ser" da nossa condição de "endividados", da cigarra que sempre se opôs à formiga Germânica (e às outras do Norte da Europa).
«Nas conversas que por aí andam sobre a dívida portuguesa, os mercados, os especuladores e a possível “vinda do FMI”, há muita emoção, mas pouca razão. Tentemos analisar o que está em jogo (numa série de 3 posts):
1. Porque sobem os juros?
A explicação óbvia é porque sobe a percepção do risco da dívida portuguesa. Ou, dito de outra maneira, porque “o mercado” atribui uma probabilidade crescente de que Portugal não seja capaz de pagar integralmente a sua dívida nos prazos devidos. E que, se não for capaz de o fazer, terá que reestruturar a dívida, aumentando os prazos de vencimento, reduzindo os cupões e/ou pagando apenas uma parte do empréstimo (i.e. aplicando um “haircut”).
Se qualquer desses eventos se vier a materializar, os detentores da dívida portuguesa registarão um prejuízo. Para aceitarem correr o risco de se confrontarem com esse prejuízo, os investidores pedem uma taxa de juro mais elevada (um prémio de risco): é uma forma de se compensarem (antecipadamente) da possível perda.
É um exagero pensar em tal eventualidade, dir-se-á, porque Portugal (sobretudo com a Europa por detrás) nunca deixará de honrar os seus compromissos. Bom, mas aqui entramos no campo subjectivo das convicções de cada um. E o que “o mercado” indica é que há mais gente – pelo menos de entre a gente que investe – a partilhar a primeira convicção (a do risco) do que há a partilhar a segunda (a da ausência de risco).
Sendo assim, a melhor forma de contrariar os efeitos da primeira convicção é os que partilham a segunda colocarem o seu dinheiro ao serviço da convicção e comprarem dívida portuguesa com juros mais baixos. Não o fazendo, ficamos apenas com um confronto entre acções (dos primeiros) e intenções (dos segundos), de que prevalece, obviamente, o efeito daquelas.
Mas os primeiros a perder com a subida das taxas de juro são os detentores das obrigações já emitidas. Como se sabe, para obrigações com cupão fixo, o preço (no mercado secundário) varia no sentido inverso ao sentido de variação das taxas de remuneração implícitas na negociação desses títulos (as yields). Deste modo, quando estas taxas sobem, o preço das obrigações desce (ou vice-versa). Por exemplo, quem comprou, em Fevereiro de 2010, OT a 10 anos, com um cupão de 4.8%, está hoje a perder cerca de 15% do valor que investiu (o preço actual destas obrigações, com a yield à volta dos 7%, situar-se-á em cerca de 85% do valor facial). O que significa que não há quem as queira comprar por mais do que esse valor (talvez por não acreditar que alguma vez venha a receber mais). E se, a esse preço, há quem as venda é porque receia vir a perder mais do que já perdeu.
2. O papel dos “especuladores”
A avaliar pelo que é por aí dito, parece existir a convicção de que Portugal está a ser atacado por especuladores. Já ouvi mesmo dizer que estes estão a exercer um saque sobre as finanças públicas portuguesas. Mas então o que fazem os “especuladores”? Como se processa esse ataque? Basicamente, não nos querem emprestar dinheiro (o que, convenhamos, é uma forma muito soft de atacar alguém). E porque é que não querem emprestar? Tentemos perceber.
Portugal tem um elevado volume de dívida pública (a caminho dos 90% do PIB, tendo aumentado muito rapidamente e prevendo-se que continue a aumentar) e uma (baixíssima) perspectiva de crescimento económico que, vistos em conjunto e a manter-se essa combinação, aponta para que, “tecnicamente”, Portugal não seja capaz de pagar integralmente a sua dívida (i.e. a dinâmica do rácio entre a dívida e o PIB converge para infinito, sendo, portanto, insustentável). Grosso modo e muito simplificadamente, para que a dívida seja sustentável, o País precisa de reduzir o défice (sem juros, i.e., o “défice primário) e que a taxa de juro que paga pela dívida não exceda a taxa de crescimento nominal da economia.
Como as perspectivas de crescimento dificilmente conseguirão superar os 4% (nominais) nos tempos mais próximos (perspectiva optimista), Portugal precisaria que a taxa de juro que paga pelos empréstimos não excedesse os 4%. E, mesmo assim, terá que reduzir o défice primário em cerca de 7% do PIB (face ao valor de 2009). Ora, uma redução do défice desta dimensão tem inevitavelmente, e no imediato, um efeito contraccionista sobre a economia (como mostram as recentes previsões do BdP), suscitando dúvidas se 4% de juros seriam suficientes para garantir a sustentabilidade da dívida.
Portanto, o caminho da sustentabilidade é estreitíssimo e incerto e é natural que poucos estejam dispostos a apostar no seu sucesso: haverá os que acreditam, os que duvidam e os “agnósticos”. Os primeiros poderiam estar dispostos a emprestar a taxas baixas, os segundos, ou não emprestam de todo ou só emprestam com um elevado prémio de risco, e os terceiros tenderão, pelo seguro, a alinhar com os segundos. Como se viu da explicação do ponto anterior, os crentes deverão ser em muito menor número do que os outros (ou, pelo menos, terão menos dinheiro para investir) e por isso as taxas vão subindo. Só que, tendo o Estado que pagar taxas mais elevadas, a dívida torna-se mais insustentável (e não menos como era necessário), aumentando o prémio de risco necessário para a comprar. Para assegurar a sustentabilidade, a redução do défice terá que ser ainda mais violenta. Só que isso aumenta a necessária contracção da economia e faz subir o prémio de risco… Ou seja, está criada uma “espiral infernal” que é fácil de ver para onde converge e que, naturalmente, afasta os investidores.
Uma tal espiral só se conseguirá travar saindo do mercado e “fixando” os custos de financiamento durante um período razoável, enquanto o País se concentra nos ajustamentos que tem que fazer às finanças públicas e à economia – 2 anos, pelo menos.
Mas não há especulação “mais activa”, como o short selling?
Há certamente. Através do short selling, alguém vende OT que não tem (pedindo-as emprestadas), na expectativa de as vir a recomprar mais baratas, ganhando a diferença. É uma operação especulativa pura e, como tal, tanto pode resultar em ganho, como em perda. Resultará em ganho se as yields continuarem a subir (baixando o preço das OT) e em perda se acontecer o contrário.
É provável que a própria operação de short selling alimente a expectativa de subida das yields e, dessa forma, se favoreça a si própria. Mas, de qualquer forma, só tem sucesso na medida em que não há ninguém que queira comprar as obrigações portuguesas às taxas actuais (ou, pelo menos, não haverá compradores suficientes para absorver toda a oferta). E não há compradores porque todos os potenciais compradores estão conscientes da “espiral infernal” que já referi. Porém, a ausência de compradores favorece o sucesso da especulação acabando por agravar a “espiral infernal” e por deixar as autoridades cada vez mais impotentes para virar a situação. Mas, insisto, este tipo de especulação contra a dívida só tem sucesso porque não há quem esteja disposto a apostar na sua sustentabilidade.
Mais uma vez, só travando “administrativamente” a “espiral” (como já expliquei) será possível ganhar controlo sobre a situação (ainda que não acabe imediatamente com a especulação como se verá mais adiante).
3. O papão do FMI
A questão mais emocional das discussões sobre esta temática, é o envolvimento do FMI. Vamos tentar perceber porquê.
a) Porque virá o FMI?
O FMI não virá de moto próprio, nem será o nosso principal interlocutor, no caso de um eventual recurso à ajuda externa. O pedido de ajuda, a acontecer, será dirigido ao Fundo de Emergência Europeia e o FMI só intervirá como co-financiador dessa ajuda e como “assessor técnico” da Comissão Europeia.
b) O FMI imporá uma austeridade mais violenta?
As medidas que, eventualmente, o FMI venha a recomendar não serão, nem mais nem menos, do que as consideradas necessárias para controlar a situação. Se forem mais “violentas” do que as que já estão a ser aplicadas, é apenas porque estas não estão a ser suficientes para o efeito. E se não estão a ser suficientes, medidas mais violentas seriam sempre necessárias, com ou sem FMI.
c) Então porque não tomar as medidas sozinhos (dispensando o FMI)?
A diferença fundamental não está nas medidas que, de facto, não precisariam do FMI para nada. Está no acesso e nas condições do financiamento necessário para cobrir o tempo requerido para a sua aplicação e para que produzam resultados visíveis e convincentes (nunca menos de 1 ano).
Fazê-lo sozinho implica continuar a lutar com os mercados e a ver subir o custo de financiamento (continuando a alimentar a “espiral infernal” e as suas consequências). Recorrer à ajuda europeia, significa fixar os custos do financiamento (e dispor das quantidades necessárias) durante uns dois anos, deixando os mercados de lado. É esta a grande diferença que está em jogo.
d) Mas, apesar da intervenção do FMI, as taxas não continuaram a subir na Grécia e na Irlanda. Então para que serve a intervenção?
As taxas continuam a subir… no mercado secundário! Mas já não afectam o custo do financiamento (que ficou garantido pelo auxílio europeu). É natural que as taxas (do mercado secundário) continuem a subir porque, até haver sinais claros de que estes países não terão que reestruturar a sua dívida (e por enquanto não os há, nem deverá haver tão depressa), haverá muito pouca gente disponível para a comprar, ao mesmo tempo que haverá sempre mais gente a querer vendê-la (nem que seja por razões especulativas, como já foi explicado).
Será, por isso, necessário correr um ano ou dois para que os resultados dos programas de ajustamento destes países – se forem suficientemente convincentes – possam começar a influenciar o sentimento “do mercado”. Tendo ainda em conta, acrescidamente, que todas as incertezas que pairam sobre o futuro da zona euro não são de molde a favorecer a confiança (mantendo os riscos sistémicos muito elevados).
e) Mas as taxas a que o auxílio europeu está a ser dado não alimentam, elas próprias, a insustentabilidade da dívida dos países ajudados?
Sim, alimentam! E esta é a principal vulnerabilidade de toda a arquitectura europeia que está a lidar (?) com esta crise. O que também contribui para que as taxas do mercado secundário não baixem e para favorecer a convicção de que as reestruturações de dívida são inevitáveis.
São melhores, apesar de tudo, do que as do financiamento obtido no mercado, mas são superiores às necessárias para assegurar sustentabilidade financeira, a menos que os países ajudados passem a registar excedentes primários. Só que… para além do esforço social exigido para o conseguirem, quando estes países passarem a ter excedentes primários passam a ter um incentivo racionalmente muito forte para deixarem de pagar a dívida (fazerem default): com excedente primário já só precisam de se endividar para pagar juros, pelo que, deixando de os pagar, deixam também de precisar de se endividar…
Portanto, a ajuda proporcionada nesses termos é um forte alimento da expectativa da inevitabilidade da reestruturação das dívidas. Erro muito grave das autoridades europeias, que, se não for corrigido, não será difícil fazer adivinhar a que desenlace conduz.
f) Mas, fazendo todo este esforço de ajustamento, podemos ao menos ter a certeza de que o problema será ultrapassado?
Não, não podemos. O número de instrumentos de que dispomos para lidar com esta situação é muito limitado, cingindo-se praticamente apenas à austeridade orçamental (para tentar tornar a dívida sustentável) e às reformas estruturais (para aumentar a produtividade a médio prazo). Enquanto o número de variáveis que não controlamos é muitíssimo maior e muito poderosas. Ao mesmo tempo que lidamos com problemas sistémicos, cujas ramificações também não podemos controlar.
g) Sendo assim, para quê fazer o ajustamento; porque não desistir e ver o que acontece?
Porque se, de um lado, não sabemos se o tratamento resolve o problema, sabemos que, pelo menos, lhe pode diminuir a intensidade, do outro, sabemos que, sem ajustamento, o problema se agrava e as consequências (nomeadamente sociais) serão muito maiores. É um pouco, por exemplo, como um doente a quem é diagnosticado um cancro: sabe que, se fizer quimioterapia, não tem garantias de cura, mas melhora as suas probabilidades de sobrevivência, enquanto que, se não fizer o tratamento, sabe que estará condenado (salvo a ocorrência de um milagre).
h) E não há alternativa?
Há, como alguns já recomendam: fazer o default da dívida e sair do euro… Há quem acredite que os custos seriam menores. Mas a análise dessa alternativa, e a avaliação dos seus custos, já transcende o objectivo desta série e seria demorada. Ficará para outra ocasião.
«Nas conversas que por aí andam sobre a dívida portuguesa, os mercados, os especuladores e a possível “vinda do FMI”, há muita emoção, mas pouca razão. Tentemos analisar o que está em jogo (numa série de 3 posts):
1. Porque sobem os juros?
A explicação óbvia é porque sobe a percepção do risco da dívida portuguesa. Ou, dito de outra maneira, porque “o mercado” atribui uma probabilidade crescente de que Portugal não seja capaz de pagar integralmente a sua dívida nos prazos devidos. E que, se não for capaz de o fazer, terá que reestruturar a dívida, aumentando os prazos de vencimento, reduzindo os cupões e/ou pagando apenas uma parte do empréstimo (i.e. aplicando um “haircut”).
Se qualquer desses eventos se vier a materializar, os detentores da dívida portuguesa registarão um prejuízo. Para aceitarem correr o risco de se confrontarem com esse prejuízo, os investidores pedem uma taxa de juro mais elevada (um prémio de risco): é uma forma de se compensarem (antecipadamente) da possível perda.
É um exagero pensar em tal eventualidade, dir-se-á, porque Portugal (sobretudo com a Europa por detrás) nunca deixará de honrar os seus compromissos. Bom, mas aqui entramos no campo subjectivo das convicções de cada um. E o que “o mercado” indica é que há mais gente – pelo menos de entre a gente que investe – a partilhar a primeira convicção (a do risco) do que há a partilhar a segunda (a da ausência de risco).
Sendo assim, a melhor forma de contrariar os efeitos da primeira convicção é os que partilham a segunda colocarem o seu dinheiro ao serviço da convicção e comprarem dívida portuguesa com juros mais baixos. Não o fazendo, ficamos apenas com um confronto entre acções (dos primeiros) e intenções (dos segundos), de que prevalece, obviamente, o efeito daquelas.
Mas os primeiros a perder com a subida das taxas de juro são os detentores das obrigações já emitidas. Como se sabe, para obrigações com cupão fixo, o preço (no mercado secundário) varia no sentido inverso ao sentido de variação das taxas de remuneração implícitas na negociação desses títulos (as yields). Deste modo, quando estas taxas sobem, o preço das obrigações desce (ou vice-versa). Por exemplo, quem comprou, em Fevereiro de 2010, OT a 10 anos, com um cupão de 4.8%, está hoje a perder cerca de 15% do valor que investiu (o preço actual destas obrigações, com a yield à volta dos 7%, situar-se-á em cerca de 85% do valor facial). O que significa que não há quem as queira comprar por mais do que esse valor (talvez por não acreditar que alguma vez venha a receber mais). E se, a esse preço, há quem as venda é porque receia vir a perder mais do que já perdeu.
2. O papel dos “especuladores”
A avaliar pelo que é por aí dito, parece existir a convicção de que Portugal está a ser atacado por especuladores. Já ouvi mesmo dizer que estes estão a exercer um saque sobre as finanças públicas portuguesas. Mas então o que fazem os “especuladores”? Como se processa esse ataque? Basicamente, não nos querem emprestar dinheiro (o que, convenhamos, é uma forma muito soft de atacar alguém). E porque é que não querem emprestar? Tentemos perceber.
Portugal tem um elevado volume de dívida pública (a caminho dos 90% do PIB, tendo aumentado muito rapidamente e prevendo-se que continue a aumentar) e uma (baixíssima) perspectiva de crescimento económico que, vistos em conjunto e a manter-se essa combinação, aponta para que, “tecnicamente”, Portugal não seja capaz de pagar integralmente a sua dívida (i.e. a dinâmica do rácio entre a dívida e o PIB converge para infinito, sendo, portanto, insustentável). Grosso modo e muito simplificadamente, para que a dívida seja sustentável, o País precisa de reduzir o défice (sem juros, i.e., o “défice primário) e que a taxa de juro que paga pela dívida não exceda a taxa de crescimento nominal da economia.
Como as perspectivas de crescimento dificilmente conseguirão superar os 4% (nominais) nos tempos mais próximos (perspectiva optimista), Portugal precisaria que a taxa de juro que paga pelos empréstimos não excedesse os 4%. E, mesmo assim, terá que reduzir o défice primário em cerca de 7% do PIB (face ao valor de 2009). Ora, uma redução do défice desta dimensão tem inevitavelmente, e no imediato, um efeito contraccionista sobre a economia (como mostram as recentes previsões do BdP), suscitando dúvidas se 4% de juros seriam suficientes para garantir a sustentabilidade da dívida.
Portanto, o caminho da sustentabilidade é estreitíssimo e incerto e é natural que poucos estejam dispostos a apostar no seu sucesso: haverá os que acreditam, os que duvidam e os “agnósticos”. Os primeiros poderiam estar dispostos a emprestar a taxas baixas, os segundos, ou não emprestam de todo ou só emprestam com um elevado prémio de risco, e os terceiros tenderão, pelo seguro, a alinhar com os segundos. Como se viu da explicação do ponto anterior, os crentes deverão ser em muito menor número do que os outros (ou, pelo menos, terão menos dinheiro para investir) e por isso as taxas vão subindo. Só que, tendo o Estado que pagar taxas mais elevadas, a dívida torna-se mais insustentável (e não menos como era necessário), aumentando o prémio de risco necessário para a comprar. Para assegurar a sustentabilidade, a redução do défice terá que ser ainda mais violenta. Só que isso aumenta a necessária contracção da economia e faz subir o prémio de risco… Ou seja, está criada uma “espiral infernal” que é fácil de ver para onde converge e que, naturalmente, afasta os investidores.
Uma tal espiral só se conseguirá travar saindo do mercado e “fixando” os custos de financiamento durante um período razoável, enquanto o País se concentra nos ajustamentos que tem que fazer às finanças públicas e à economia – 2 anos, pelo menos.
Mas não há especulação “mais activa”, como o short selling?
Há certamente. Através do short selling, alguém vende OT que não tem (pedindo-as emprestadas), na expectativa de as vir a recomprar mais baratas, ganhando a diferença. É uma operação especulativa pura e, como tal, tanto pode resultar em ganho, como em perda. Resultará em ganho se as yields continuarem a subir (baixando o preço das OT) e em perda se acontecer o contrário.
É provável que a própria operação de short selling alimente a expectativa de subida das yields e, dessa forma, se favoreça a si própria. Mas, de qualquer forma, só tem sucesso na medida em que não há ninguém que queira comprar as obrigações portuguesas às taxas actuais (ou, pelo menos, não haverá compradores suficientes para absorver toda a oferta). E não há compradores porque todos os potenciais compradores estão conscientes da “espiral infernal” que já referi. Porém, a ausência de compradores favorece o sucesso da especulação acabando por agravar a “espiral infernal” e por deixar as autoridades cada vez mais impotentes para virar a situação. Mas, insisto, este tipo de especulação contra a dívida só tem sucesso porque não há quem esteja disposto a apostar na sua sustentabilidade.
Mais uma vez, só travando “administrativamente” a “espiral” (como já expliquei) será possível ganhar controlo sobre a situação (ainda que não acabe imediatamente com a especulação como se verá mais adiante).
3. O papão do FMI
A questão mais emocional das discussões sobre esta temática, é o envolvimento do FMI. Vamos tentar perceber porquê.
a) Porque virá o FMI?
O FMI não virá de moto próprio, nem será o nosso principal interlocutor, no caso de um eventual recurso à ajuda externa. O pedido de ajuda, a acontecer, será dirigido ao Fundo de Emergência Europeia e o FMI só intervirá como co-financiador dessa ajuda e como “assessor técnico” da Comissão Europeia.
b) O FMI imporá uma austeridade mais violenta?
As medidas que, eventualmente, o FMI venha a recomendar não serão, nem mais nem menos, do que as consideradas necessárias para controlar a situação. Se forem mais “violentas” do que as que já estão a ser aplicadas, é apenas porque estas não estão a ser suficientes para o efeito. E se não estão a ser suficientes, medidas mais violentas seriam sempre necessárias, com ou sem FMI.
c) Então porque não tomar as medidas sozinhos (dispensando o FMI)?
A diferença fundamental não está nas medidas que, de facto, não precisariam do FMI para nada. Está no acesso e nas condições do financiamento necessário para cobrir o tempo requerido para a sua aplicação e para que produzam resultados visíveis e convincentes (nunca menos de 1 ano).
Fazê-lo sozinho implica continuar a lutar com os mercados e a ver subir o custo de financiamento (continuando a alimentar a “espiral infernal” e as suas consequências). Recorrer à ajuda europeia, significa fixar os custos do financiamento (e dispor das quantidades necessárias) durante uns dois anos, deixando os mercados de lado. É esta a grande diferença que está em jogo.
d) Mas, apesar da intervenção do FMI, as taxas não continuaram a subir na Grécia e na Irlanda. Então para que serve a intervenção?
As taxas continuam a subir… no mercado secundário! Mas já não afectam o custo do financiamento (que ficou garantido pelo auxílio europeu). É natural que as taxas (do mercado secundário) continuem a subir porque, até haver sinais claros de que estes países não terão que reestruturar a sua dívida (e por enquanto não os há, nem deverá haver tão depressa), haverá muito pouca gente disponível para a comprar, ao mesmo tempo que haverá sempre mais gente a querer vendê-la (nem que seja por razões especulativas, como já foi explicado).
Será, por isso, necessário correr um ano ou dois para que os resultados dos programas de ajustamento destes países – se forem suficientemente convincentes – possam começar a influenciar o sentimento “do mercado”. Tendo ainda em conta, acrescidamente, que todas as incertezas que pairam sobre o futuro da zona euro não são de molde a favorecer a confiança (mantendo os riscos sistémicos muito elevados).
e) Mas as taxas a que o auxílio europeu está a ser dado não alimentam, elas próprias, a insustentabilidade da dívida dos países ajudados?
Sim, alimentam! E esta é a principal vulnerabilidade de toda a arquitectura europeia que está a lidar (?) com esta crise. O que também contribui para que as taxas do mercado secundário não baixem e para favorecer a convicção de que as reestruturações de dívida são inevitáveis.
São melhores, apesar de tudo, do que as do financiamento obtido no mercado, mas são superiores às necessárias para assegurar sustentabilidade financeira, a menos que os países ajudados passem a registar excedentes primários. Só que… para além do esforço social exigido para o conseguirem, quando estes países passarem a ter excedentes primários passam a ter um incentivo racionalmente muito forte para deixarem de pagar a dívida (fazerem default): com excedente primário já só precisam de se endividar para pagar juros, pelo que, deixando de os pagar, deixam também de precisar de se endividar…
Portanto, a ajuda proporcionada nesses termos é um forte alimento da expectativa da inevitabilidade da reestruturação das dívidas. Erro muito grave das autoridades europeias, que, se não for corrigido, não será difícil fazer adivinhar a que desenlace conduz.
f) Mas, fazendo todo este esforço de ajustamento, podemos ao menos ter a certeza de que o problema será ultrapassado?
Não, não podemos. O número de instrumentos de que dispomos para lidar com esta situação é muito limitado, cingindo-se praticamente apenas à austeridade orçamental (para tentar tornar a dívida sustentável) e às reformas estruturais (para aumentar a produtividade a médio prazo). Enquanto o número de variáveis que não controlamos é muitíssimo maior e muito poderosas. Ao mesmo tempo que lidamos com problemas sistémicos, cujas ramificações também não podemos controlar.
g) Sendo assim, para quê fazer o ajustamento; porque não desistir e ver o que acontece?
Porque se, de um lado, não sabemos se o tratamento resolve o problema, sabemos que, pelo menos, lhe pode diminuir a intensidade, do outro, sabemos que, sem ajustamento, o problema se agrava e as consequências (nomeadamente sociais) serão muito maiores. É um pouco, por exemplo, como um doente a quem é diagnosticado um cancro: sabe que, se fizer quimioterapia, não tem garantias de cura, mas melhora as suas probabilidades de sobrevivência, enquanto que, se não fizer o tratamento, sabe que estará condenado (salvo a ocorrência de um milagre).
h) E não há alternativa?
Há, como alguns já recomendam: fazer o default da dívida e sair do euro… Há quem acredite que os custos seriam menores. Mas a análise dessa alternativa, e a avaliação dos seus custos, já transcende o objectivo desta série e seria demorada. Ficará para outra ocasião.
OFICIAL E CAVALHEIRO
Sobre este assunto aproveito para contar duas "Histórias" com H grande, mais não sejam por envolverem a minha paternidade.
A primeira é passada num espaço de festa num espaço da Lusofonia durante o período da guerra colonial. Um soldado do continente atira várias vezes a boina ao ar naquela atitude de imberbe que perdeu a compostura. Um Oficial de carreira chega-se a ele e dá-lhe um enorme raspanete público.
A segunda passa-se numa rua também de um espaço da Lusofonia. Um soldado, por acaso Africano, mas era indiferente, durante o ano de chumbo pré-descolonização, completamente bêbado mete-se com os transeuntes chamando-lhes nomes e ameaçando-os.
A primeira é passada num espaço de festa num espaço da Lusofonia durante o período da guerra colonial. Um soldado do continente atira várias vezes a boina ao ar naquela atitude de imberbe que perdeu a compostura. Um Oficial de carreira chega-se a ele e dá-lhe um enorme raspanete público.
A segunda passa-se numa rua também de um espaço da Lusofonia. Um soldado, por acaso Africano, mas era indiferente, durante o ano de chumbo pré-descolonização, completamente bêbado mete-se com os transeuntes chamando-lhes nomes e ameaçando-os.
O mesmo Oficial de carreira chega-se ao pé dele e dá-lhe voz de prisão, ao que o soldado reage atirando-se a ele.
O Oficial riposta e, com os seus 183 cm e os seus 100 Kilos, atira-se para cima dele imobilizando-o e prendendo-o debaixo do seu peso - até a polícia militar o vir deter.
Duas atitudes, um tempo em que independentemente do regime, a postura, o brio, o sentido de serviço e o sentido de colectivo ainda era regra.
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