sábado, 13 de março de 2010

O ESCÂNDALO EM PORTUGAL SEGUNDO BRUNO PAIXÃO

Da leitura in vítreo do escândalo em Portugal segundo Bruno Paixão, sobressai uma sociedade  com sombra de pecado, dividida a meio pela sua própria consciência de pecadores e rameiras.
O retrato é, assim, mais que uma desmontagem do escândalo, um retrato do Portugal poluído e desordeiro dos princípios do séc. XXI, onde as não elites tentam pela sua parte imitar os cromos públicos.
Por isso o escândalo, em Portugal, segundo Bruno Paixão, trará para a apresentação um outro "apóstolo", o nosso inquieto amigo e filósofo José Pacheco Pereira.

sexta-feira, 12 de março de 2010

A ENFERMEIRA


Ermengarda era enfermeira. Vivia bem com a sua consciência. Limpava feridas e lágrimas de criança. Ermengarda era feliz. Adorava crianças. Àquela mulher que lhe chegou naquele dia, esventrada, infectada, em sofrimento físico atroz, admoestou baixinho: não devia ter feito isso, minha querida. E a criança? Já pensou como seria a criança? A mulher nem piou, mas manteve-se calada, como se estivesse cravado no seu útero deformado a paga do seu utilitarismo.
Ermengarda apaixonou-se por um médico. Alto, ambicioso, lustroso nos brancos dentes, como os cavalos. À terceira noite e ao quadragésimo dia de amor, um feto crescia-lhe na barriga. A felicidade irradiava no sorriso de Ermengarda. Ao quinquagésimo dia a felicidade de Ermengarda, no entanto, esfumou-se como o dia se fez noite. O que foi, Ermengarda? Ele traiu-me, bem ali na Marquesa, para a frente e para trás como um cão, com a minha colega, a minha melhor amiga!
A cabeça de Ermengarda começou a esvoaçar e a andar à roda. Ao sexagésimo dia estava o lustroso, imaculado na sua bata branca, em plena dissecação do apêndice de uma pobre alma. Ermengarda frustrada, zangada, traída, entre macas, espetou-lhe um bisturi entre as pernas, como se a querer levar à cozedura os túbaros do porco.
Suspensa, irradiada, apelidada de louca, de puta, ingrata do pobre e santo doutor, Ermengarda em sofrimento acerca-se do local. Lúgubre, pastoso, rameloso, raspam-lhe o útero como o cozinheiro que se entretêm a raspar no botequim o pitéu dos túbaros do porco. Esventrada, delapidada, esvaziada e dormente, Ermengarda regressa a casa. No seu leito, dorida, lança durante o sono um grito de morte: morreu-lhe o amor dos seus sonhos e o amor do seu peito. Demasiado para uma pobre mulher, demasiado para todas as frases feitas e intolerâncias que povoam o mundo. Televisão aberta, a locutora locuciona, insustentável, intocada, com a leveza deste mundo: uma em cada ... mulheres morre de complicações devidas a aborto… enquanto agitada e febril, Ermengarda, a putativa mãe de um putativo brilhante mundo novo responde, no sonho, com um sorriso entre o anestesiado e o desprezo, a um inquérito: é contra ou a favor do aborto? Sou pelos dois!

QUEM AINDA PRECISA DA TAP? OS PORTUGUESES NÃO PRIVILEGIADOS, A INDEPENDÊNCIA E A ECONOMIA PORTUGUESA!

«Quem ainda precisa dos pilotos da TAP?»
Ryanair reage com provocação ao anúncio de greve da companhia aérea portuguesa

Dramática a situação da TAP.
Aprisionada por interesses mesquinhos individuais de um classe de privilegiados em país recessivo.
À espreita de eventual privatização, os abutres que a irão emagrecer, até à sua destruição e substituição.

A CULPA É DO MENSAGEIRO

«No caso de Luís, as agressões eram tanto físicas como psicológicas. Chamavam-lhe «cão», «careca» e davam-lhe «calduços» quando se dirigia para as salas de aula. O professor queixou-se, pelo menos sete vezes à Direcção da escola. O Jornal «I» teve acesso a uma dessas participações feitas pelo professor de música. Nela pode ler-se que marcou falta disciplinar a um aluno e que propunha que fossem aplicadas «medidas sancionatórias». O sindicato não comenta, mas está em crer que «a escola terá feito o possível no quadro que o Ministério da Educação permite»
Há uma mãe que se revolta. Diz que os meninos, os adolescentes,  não querem ser estigmatizados. Não fizemos nada!
Pois, não! Para além de uns calduços, falta de educação, desrespeito pelos adultos não fizeram nada.

Mas a responsabilidade seminal não é dos adolescentes. 

Em primeira instância é da instituição escola e da instituição ministério da educação. Os adolescentes exigem ser educados. Exigem uma sociedade baseada em famílias estruturadas, sem problemas sociais gravíssimos, sem um desemprego sem rede, uma sociedade baseada em valores e que esses valores sejam transmitidos pelos mais velhos aos mais jovens. A responsabilidade final destas situações é de quem  acha que não é possível disciplinar a escola e exigir padrões de comportamento nas salas de aula. A responsabilidade é dos pais, que não sabem educar as crianças e os adolescentes e não lhes transmitem valores de correcção e educação. A responsabilidade final é de toda a sociedade que está prenhe de valores de falta de civismo e de respeito pelo próximo.

De resto os alunos não fizeram nada, mas que foram a mão de Deus foram!

O OUTRO VISTO POR EU OU A TOLERÂNCIA EM MIM


Há malfadadas alturas em que nos colocamos mesmo a jeito!
É, de facto, uma questão complexa que coloca em lados diferentes da barricada, gente aparentemente libertária - que não libertina - e não conservadora.
Saltarei a irresponsabilidade criminosa, porque é um qualificativo demasiado forte.
Saltarei para começo de conversa a primeira "coisa" para a terceira "cousa", porque o aceito todos é demasiado radical e intolerante, como a condenação sem mais considerandos do acto em si.
E que tal pensarmos que há milhentas coisas, nesta sociedade de milhentas vidas e de milhentas dores.
Bora lá ser mais tolerante e respeitador com a dor que cada um deveras sente. Ah, Pessoa, como somos quase sempre só libertários e tolerantes connosco próprios!

P.S. o comentário acima não inviabiliza a percepção empática e amizade a distância - que não à distância pela autora do blog. Afinal, somos todos sem excepção  demasiado complexos e contraditórios!

O COSTA QUE METE ÁGUA POR TODOS OS BURACOS

Para os cidadãos de Lisboa habituados a verem os seus? autarcas responsabilizarem os munícipes da periferia - que periferia na grande Lisboa? - e dos subúrbios pela causa de todos os males - os de trânsito! - criando esse monstro de desperdício chamado EMEL, o grande buraco em que se transformou Lisboa, torna-se verdadeiramente insuportável.

Aos poucos a gordura de Costa, que já lhe tolhe as acções e os movimentos, acentua-se, enquanto se agrava a impaciência de quem em época de vacas magras e congelamento de salários lhe vê ser apresentado um aumento da factura da água.

DE BESTIAL A BESTA. O CÍRCULO PALACIANO. JÁ NÃO HÁ SANTOS NA NOSSA ALDEIA!


i: «Júdice: "Tentei convencer o Marcelo, mas vi logo que não havia hipótese"»
Marcelo seria uma grande hipótese para o PSD, como  senador experiente e inteligente, não lhe faltasse uma das características que fazem os grandes homens de Estado, inexistente na grande maioria do senadores à Portuguesa. A humildade e o despojamento material que  faz grandes Estadistas, homens solidários  e  providos de enorme empatia, porque descortinam virtudes e competências  em todos os seus semelhantes.
Em tempos idos, Júdice foi um homem de convicções e de lutas. Depois por arrastamento e interesse próprio foi-se tornando em mais um delicodoce presumido do sistema. Hoje transformou-se nessa espécie de Portugueses que se acham acima de tudo e de todos: um horroroso membro de uma não menos horrorosa dita elite Portuguesa, que não percebeu que o mundo - e ainda mais o mundo Português - mudou, na formação e nas expectativas de mobilidade, cujo único objectivo na vida é acumular património à mesa e no convívio do orçamento, à custa e com desprezo por um povo cada vez mais revoltado, descrente e que paga sempre a factura final!

Rimas com delicodoce

  • doce
  • precoce
  • veloce
  • atroce
  • pardo-doce
  • limão-doce
  • filodoce
  • raiz-doce
  • ésoce
  • acre-doce
  • pau-doce
  • agrodoce
  • feroce
  • simploce
  • erva-doce
  • agridoce
  • baroce
  • capádoce

quinta-feira, 11 de março de 2010

INÊS DE MEDEIROS NO SEU MELHOR PAPEL NESTA ÓPERA BUFA: O DE CÍNICA E CEGA!

«Se Sócrates mentiu, nem acho que seja muito grave»

Mentir, esse pequenino acto irrelevante, detalhe insignificante nesta ópera bufa que é a vida! 
Tudo vale para nos mantermos à tona, tudo vale por e para um lugarzinho, mesmo que não tenhamos perfil e formação para tanto. Tudo vale, até afundarmos a memória das coisas boas que fizemos.
Afinal a vida é uma selva, e é preciso sobrevivermos nela! Afinal a vida é um palco e do teatro à Assembleia, que melhor lugar para o magistral papel de entediada e cínica?



quarta-feira, 10 de março de 2010

DRAMÁTICO E REVOLTANTE

«Muitos não têm como pagar luz e água»
Fisco: mais de mil autores têm rendimentos penhorados
Situação de autores com dívidas fiscais tende a agravar-se defende José Jorge Letria»
Enquanto os Penedos deste mundo auferiam 600.000€, artistas e autores morrem à míngua.
O Portugal de vómito de Sócrates e de dos Santos!

TAP, O PRINCÍPIO DO FIM!

«TAP considera-se «atractiva para muitos investidores»
Cada vez mais me convenço que este governo é um governo anti-patriota e que não mede minimamente as consequências das suas acções. 
Basta a importância que esta empresa tem com a entrada de divisas, para se perceber que a privatização desta companhia é um crime de lesa Portugal. 
Comprada por companhias Low Cost, ou outras, num quadro de intensa concorrência internacional e de tendência de concentração, a TAP será rapidamente esvaziada, pelo que é a independência nacional e a riqueza ou pobreza nacional que está em jogo.
Como é que é possível que se pense privatizar e vender a TAP, mantendo a RTP, essa sim uma empresa sorvedoura de dinheiros públicos e que não gera praticamente movimentos de entrada de capitais. Porque a TAP não faz parte de uma arma de controle através dos media e da desinformação?
Petit à Petit aniquilamos fontes e fluxos de receitas como contrapartida do aqui e agora!
O que será o futuro de Portugal, assim?
Afinal são estes senhores, patriotas, ou são os Miguéis de Vasconcelos do século XXI?

terça-feira, 9 de março de 2010

JOSÉ EDUARDO

Se a ética e o bom senso fossem elementos da nossa classe política, não se perdia tempo, nem delapidava dinheiro dos contribuintes, em querelas intestinas que nada dignificam o nosso parlamento.
Obviamente que ceteris paribus, ou seja partindo do princípio que  todas as condições se mantêm constantes,  ou seja que o que move os deputados é o mero interesse público e não as querelas partidárias.
Mas, obviamente, para isso seria também necessário que não tivéssemos um governo "assassino" para com os Portugueses, que sofrem nas mãos de gente com falta de classe e senso.
Muito bem para um senhor chamado José Eduardo Moniz!

PS, E A MORTE LENTA DOS BURROS?

Ver os comentários correctos de

Tiago Caiado Guerreiro 
e a Morte Lenta de Pedro Arroja:

dá a verdadeira dimensão do crime que está e foi perpetado por este governo, mentiroso, economicamente "criminoso" e totalmente incompetente.

Será que no PS usam todos no dia a dia esta farda? 

Consumo interno, privatizações, acumulação de reformas, desperdício, estratégia de desenvolvimento...

A FACTURA AO SEU DESTINATÁRIO: O POVO!


Conhecido o PEC, nem uma palavra de apoio a Sócrates. 
Agora que se aproxima a hora de pagar as contas do maior prestigiditador que Portugal conheceu em quase um século, os ratos esperam apenas um sinal para abandonar o barco Portugal - que se afunda.
Não há reforma sem apoio da população, não é possível uma reforma por uma população que não conhece há quase vinte anos senão o mote do apertar do cinto .
A bancarrota de Portugal está aí à porta. Não é o fim do caminho, mas será um golpe ainda mais duro que alimentará perda de muito do património acumulado como poupança nos últimos trinta anos. E claramente a independência mínima de Portugal num mundo globalizado de reféns dos credores. Poupança que se esvai, no pagamento já não da dívida, mas dos juros da dívida.
Para a história ficarão os nomes de Sócrates, Silva Pereira, Santos Silva, Lacão e outros tantos ditos socialistas ferozes que mimetizaram o chefe.
Homens como António José Seguro, seguro de vida da credibilização futura do partido socialista, mantêm-se em compasso de espera, mas espera-se que tenham o seu lugar quando a grande vassourada e debandada chegar.
O Portugal e o futuro de Spínola, passa hoje por um Portugal com pouco futuro e muita emigração à vista.
E foi inelutavel, incompreensivelmente, uma questão de carácter de um homem que não podia ter nunca, em condições de sã normalidade da vida Portuguesa, chegado a tão alto cargo. É que as questões, de carácter, como a história regularmente documenta, apresentam sempre uma factura futura, que o povo em geral, principalmente para os omissos, habituados a tratar em primeiro lugar da sua vidinha, paga demasiado caro.

segunda-feira, 8 de março de 2010

O MARSHMALLOW DA POLÍTICA

Sócrates recusa que os impostos vão aumentar.

Vamos só pagar mais!

BEWARE THE YELLOW

«Economia de Xangai ultrapassa Hong Kong pela 1ª vez em 30 anos. Crescimento de Xangai poderá vir a colocar em causa estatuto de Hong Kong enquanto centro financeiro na Ásia. A economia de Xangai ultrapassou Hong Kong pela primeira vez em 30 anos, ao alcançar em 2009 um produto interno bruto (PIB) de 218 mil milhões de dólares norte-americanos, enquanto Hong Kong se ficou pelos 211 mil milhões.»
Não decorrerá mais de umas décadas para nos consultórios dos cirurgiões plásticos e das grandes corporações dermoestéticas, o ganho de sensualidade feminina seja mais o afilamento dos olhos que os lábios carnudos sensuais.

PORQUE O PEC É HORRÍVEL PARA PORTUGAL, UM VERDADEIRO OLHO DA TEMPESTADE PERFEITA E DA DOR NACIONAL

A necessidade de fazer flores e o protagonismo pessoal assumido por Sócrates, trará à luz todas as consequências de anos de criminosa gestão da coisa pública.
Assumindo-se inicialmente como um defensor da economia liberal, deslumbrado com a facilidade de tomada do poder, sabendo-se desasado e com falta de experiência e qualificações para governar, esperto como um rato, sabendo agiornar para si os pobres e desvalidos, com aquela esperteza saloia do provinciano ambicioso, governando à deriva, de acordo com o acertar das críticas, Sócrates agarrou a crise e revirou-se para um conceito mal aprendido de Neo-Keynesianismo.
Com a megalomania própria dos sem vergonha, acertando aqui em vez nalgumas conseguidas políticas, a venda do restante dos anéis aí estará, como a venda da Tap - o início do fim de uma companhia relevante para os Portugueses - e outras malfeitorias a que não chamará passageiras  nem extraordinárias. 
Desmantelando a economia por necessidade de cada vez mais recursos para obstar à sua política de delapidação de fundos públicos e abastamento do círculo das vaidades, das fidelidades e dos poucos amigos, Sócrates, o concentracionista,  faz lembrar um mau jogador de monopólio que tirou da mão dos Portugueses a sua capacidade e vontade própria querendo assumir-se como o grande Gatsby da vida Portuguesa.
O PEC e a dimensão da dívida Portuguesa, a perda da independência e o empobrecimento estão aí ao virar da esquina. Para diminuir o défice assistiremos agora à venda das últimas empresas públicas, ao aumento dos impostos via diminuição das deduções fiscais - que os do regime instalado, com a lata própria dos mentirosos compulsivos e dos vigaristas encartados, se afadigarão em tentar contrariar como - a evidência do aumento de impostos e a destruição da anémica bolsa, importante mecanismo na actual economia global, com a taxação pouco inteligente das mais valias em mercado competitivo global.
Quase sem economia transaccionável, com a grande maioria dos desempregados sem qualquer tipo de prestação social, a resolução imediata da crise passará assim por um regresso ao neo-liberalismo profundo, de uma economia com pouco de social, espartilhada pelo governo do absoluto, pela continuação das benesses a poucos. A Sócrates devemos agradecer ter-nos colocado nas mãos dos credores internacionais, com clara perda de independência nacional e claro empobrecimento das massas.

Mas quer lá saber Sócrates, que aos desempregados responde  - paciência! - enquanto chama de populismo à critica aos 600.000€ de rendimento anual de Penedos na REN, aos 400 e tal mil de Constâncio, ao não corte de salários de políticos, consultadorias e assessorias fora do Estado e dentro das clientelas.
Uma vergonha Nacional e Internacional este sr. Sócrates!

Mas, se é necessário o esforço de todos, é evidentemente para as elites políticas e económicas que olhamos com mais insistência. Delas não depende tudo, mas, sem elas, não haverá orientação do esforço nem desenho do rumo a seguir. Ora, francamente, não parecem hoje estar à altura das necessidades e da urgência. Delas se exige uma excepcional capacidade de entendimento e de sacrifício das suas pequenas vaidades.
António Barreto

A BELA CATARINA E A ESTATUETA BANHADA A OURO

Num dia em que o PEC lançará sobre muitos Portugueses mais sangue, suor e lágrimas, bem precisávamos de um Hurt Locker para confinar os prejuízos.
A diferença deste e do nosso Hurt Locker é que este visava conter os danos de uma guerra civil intestina, feita de gestão corrupta e danosa, que nos atirou, por via do excesso de dívida, para o olho do inimigo, o mal afamado receituário do FMI.  

domingo, 7 de março de 2010

O NOSSO EMBAIXADOR, A HIPOCRISIA INTERNACIONAL E OS GENES HUMANOS

Para quem pensa ou pensou que as relações e a solidariedade internacionais ganharam uma nova dimensão com a conquista das integrações dos novos aliados, como é exemplo a União Europeia, é porque não leu esta brilhante peça de Seixas da Costa que se transcreve com a devida vénia.

E é por isso que a Real Politik que se mede no músculo dos povos, exige dos Portugueses  a assumpção da sua própria centralidade, face a todo o eixo Atlântico e a todos os povos e lugares tocados pela nossa diáspora. Como bem alertou ultimamente Cavaco Silva e para que não vejamos no futuro o nosso território eivado daqueles enormes memoriais a jovens Europeus que pululam os campos da Normandia.

Franqueza

A linguagem diplomática internacional tem alguns códigos que importa conhecer, para melhor se entender o que pode estar por detrás de algumas declarações públicas.

Uma dos conceitos-chave em que convém atentar é a eufemística "franqueza". Se acaso se depararem em algum comunicado, relarando um encontro internacional, a nota de que, durante uma reunião, houve um "debate franco" ou uma "franca exposição de posições", podem ficar cientes de que o ambiente foi tenso, confrontacional, muito duro e sem cedência de posições.

Não se pense que esta realidade se restringe a negociações a níveis técnicos. Muitas vezes, em discussões políticas a nível ministerial, ou mesmo primo-ministerial, as tensões sobem a patamares impensáveis. Mesmo entre aliados. Por exemplo, dentro da União Europeia, para quem não saiba.

Numa noite, no auge de um processo negocial complexo, o deputado europeu democrata-cristão Elmar Brok e eu estávamos no bar de um hotel quando vimos passar um responsável político europeu, saído de um jantar "informal" com os seus pares. A nossa curiosidade sobre esse jantar era grande, porque, do resultado dessa discussão que nela deveria ter tido lugar, poderiam depender algumas importantes decisões no dia seguinte.

Pela cara carregada dessa figura política, depreendemos que o debate havia sido tenso. Não imaginávamos, contudo, quanto o fora. Convidámo-lo a sentar-se, desejosos de saciar a nossa curiosidade. Disse-nos que necessitava de um "Armagnac" duplo para se recompor. Nunca lhe fora dado assistir a uma discussão tão divisiva dentro da União Europeia. Ao que nos contou, e perante um comentário que ele próprio fizera, recebera de um seu par, de uma grande potência europeia, a "elegante" reação: "A tua opinião sobre isso não interessa. Se voltasse a haver uma guerra na Europa, o teu país quase não teria tamanho para sepultar todos os mortos dessa guerra". Não recordo a resposta que ele teria dado a essa provocação, talvez porque eu me tivesse fixado obsessivamente nesta chocante frase.

Lembrei-me ontem da questão da "franqueza", ao ler a dura e justa frase com que o primeiro-ministro grego, Georgios Papandreou, respondeu a bem lamentáveis comentários surgidos na imprensa alemã, a propósito da corrupção no seu país, realidade que não enjeita mas que se recusa - e muito bem! - a assumir como identitária do seu país: "os gregos não têm a corrupção nos seus genes, da mesma maneira que os alemães não têm o nazismo nos seus".

THE PORTUGUESE ECONOMY

É inevitavelmente a discussão de momento. E uma boa discussão.

Embora arguindo pela incapacidade momentânea de separação das águas, Pedro Lains relembra o crescimento da procura desses serviços.
 
As perguntas, no entanto, são várias: qual o efeito de uma má repartição, transaccionáveis/não transaccionáveis?
Existe um efeito parasitagem da economia não transaccionável sobre a transaccionável?
Que tipo de economia pretendemos ter? Uma assente em bens demasiado materiais ou uma assente nos valores da superioridade do intangível e imaterial - como seres bondosos e cooperantes com a natureza?
 
Se a resposta for por esta última, estamos ao alargar a idade das reformas e a extensão da duração do trabalho no bom ou mau caminho? Ou teremos de aceitar sem cambiantes a afirmação de Boaventura Sousa Santos, o estarmos inevitavelmente no domínio do consenso de Washington?

Non-tradables

   Non-tradables are key to a few interpretations about what is wrong with the Portuguese economy and Miguel argues on such lines below. The argument is roughly that growth is sluggish because there is a policy driven structure of incentives that lead to too much investment in those sectors that produce goods ans services that are not traded internationally. Ok, let's agree with that for the sake of the argument. What we lack then is to know how much? I have never came up to an estimate of the share of non-tradables in GDP and its growth in recent years. And we would have to have some kind of comparison with the rest of the World. I am under the impression that non-tradables are hard to quantify because there are no clear divisions between sectors.

   I would offer an alternative explanation about what is going on concerning services (not the same as non-tradables, of course). Demand for services has risen because that is what happens at Portugal's present level of GDP per capita (people simply demand more education, more health services, better transportation) and that has been followed by a Baumol effect on wages. It is important to note that if that is the case, economic policy has little to do with it.
   But the bottom line here is: we need a measure for the share on non-tradables in GDP, in Portugal and elsewhere, in order to proceed with the discussion about their role in economic growth.

O CONSENSO DO ESTADO FRACO

Um dos muitos aspectos dramaticamente interessantes "extravasantes" da leitura do nosso "tio Boaventura Sousa Santos", já um pouco na senda do caminho conceptual do "tio Adriano Moreira" - salvaguardado o espaço aparentemente oposto das barricadas - não é apenas a criação de um mundo "mononuclear" feito de conceitos magistrais e devidamente "hermetizados", mas o papel aquisitivo do Estado na assumpção da sua própria espacialidade. 
Ou seja, baralhando e tornando a dar, porquê este caminho de ter de tomar posição radicalizando o nós enquanto individualidade original e o nós enquanto Estado? Por mim tomarei sempre partido do Império do meio!