«Portagens na A28 roubaram 200 mil passageiros galegos ao aeroporto Francisco Sá Carneiro»
Não acreditando obviamente em tudo o que a nossa comunicação social nos dá para evitar o trabalho de pesquisar e informar, não querendo estar a divergir muito da questão, vinha propor que se dê alguma atenção aos problemas de um ponto de vista mais micro. A notícia em cima é demonstrativa de como resolver esta questão imediata não será suficiente para a inflexão para um Portugal economicamente sustentável. A cada passo que damos no desfolhar económico de Portugal deparamo-nos com estas terríveis notícias de um país voltado para o desperdício na utilização dos recursos. Não estudar aprofundadamente as medidas que se tomam leva à notícia acima.
E ele é os investimentos ruinosos em auto - estradas sem utilizadores, em aeroportos de planícies abertos 30 minutos por dia utilizando recursos infindos, ele é a concentração do comércio retalhista que mata a pequena economia familiar - mais criadora e distribuidora de sustentabilidade. Os problemas, sendo económicos na dimensão da análise, são na sua raiz, mais micro, mais problemas do foro da gestão. É no somatório da economia atomizada e não paternalizada que resolveremos os nossos problemas.
Neste Portugal megalómano os pequenos problemas são sempre deixados para trás. Portugal têm uma tendência mórbida para atomizar os seus cidadãos, tornando-os pequenos Gasparzinhos predestinados. E no entanto, não se move.
Se olharmos para as empresas públicas monopolistas, concluímos que o problema na sua raiz não é serem públicas, mas é serem pouco flexíveis, “caracóis” na tomada de decisões enquanto possíveis, mal geridas. A falta de flexibilidade laboral e de adaptação rápida ao momento, tem morto paulatinamente as empresas, parecendo não serem solucionáveis os seus problemas no quadro de uma economia com algum poder de decisão nacional. Preocupamo-nos todos muito com decisões do foro macro, enquanto os agentes económicos definham. E a tendência do megalómano até no mundo das empresas replica. Preocupamo-nos com as grandes, empresas monopolistas ou sectores não transaccionáveis ou protegidos e esquecemo-nos invariavelmente das outras, das pequenas e médias, fora do quadro elitário ou do poder, daquelas que criam emprego, exportam e produzem valor interno menos deslocalizável. Rimo-nos das pequenas medidas não ortodoxas da Assunção Cristas, mas será no somatório de dezenas de milhar delas que nos poderemos alguma vez comparar ao racional das medidas dos povos do Norte.
Fazia um repto ao painel. Que independentemente do bom serviço prestado à sociedade a pensar o problema macro do momento, se fizesse foco no porquê de Portugal não descolar como economia viável e sustentável.