quarta-feira, 20 de julho de 2011

O RUI DO BLASFÉMIAS

«A Dinamarca, a Suécia e o Reino Unido, por exemplo, integram a União Europeia, mas não fazem parte da união monetária. Não há nenhuma razão para que o projecto europeu não prossiga e que a UE não prospere sem o euro.
E há boas razões para esperar que seja isso que aconteça. O problema é que a união monetária, ao contrário da própria UE, é um ambíguo projecto de direita. Se isto não era claro no início, tornou-se agora completamente evidente, numa altura em que as economias mais fracas da zona euro estão sendo sujeitadas a punições que antes estavam apenas reservadas para os países de baixo – e médio – rendimento, apanhados nas garras do FMI (Fundo Monetário Internacional) e dos líderes do G7. Em vez de tentarem sair da recessão através de estímulos fiscal ou/e monetário, como fez a maior parte dos governos do mundo em 2009, estes países estão sendo obrigados a fazer exactamente o contrário, com enormes custos sociais.
Às feridas juntam-se os insultos: as privatizações na Grécia ou “a reforma do mercado de trabalho” na Espanha; os efeitos regressivos das medidas tomadas na distribuição de renda e riqueza; e um Estado Previdência que encolhe e enfraquece, enquanto os bancos são resgatados com o dinheiro dos contribuintes – tudo isto indicia claramente uma agenda de direita das autoridades europeias, tal como a sua tentativa de tirarem partido da crise para introduzirem mudanças políticas de direita
Mais do que uma união económica ou social a União Europeia é hoje uma união financeira. E, neste sentido, o default financeiro da Grécia tornar-se-ia mais perigoso para esta União Europeia financeira que o seu “default” social e económico.
Neste mundo neoliberal o mundo financeiro não existe para servir as nações, os povos, os cidadãos, mas ao contrário, são os povos que existem para servir o mundo financeiro. Neste mundo neoliberal, 80% da população cada vez mais pobre e sacrificada deve servir os restantes 20% cada vez mais ricos e folgados. Nestas “democracias” neoliberais, os sacrificados, a esmagadora maioria da população, deve servir os ricos como do interesse nacional se tratasse. É pelo menos isso que eles fazem crer como não podia deixar de ser. Com os poderosos meios de comunicação social ao seu serviço.» RUI DO BLASFÉMIAS

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