Os Socríadas - Canto I
1. As mentiras dos barões assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares muitas vezes cavalgados,
Passaram ainda além da farsa humana,
Em conluios e teatros esforçados,
Mais do que prometia a mente humana,
E entre capos remotos edificaram
Nova Família, que tanto sublimaram;
2. E também as mentiras gloriosas
Daqueles Capos, que foram dilatando
A Fé e as tramas em terras viciosas
Do Continente à Madeira andaram devastando;
E aqueles, que por obras asquerosas
Se vão da lei da pena libertando;
Cantando espalharão por toda parte,
Se a tanto os ajudar o engenho de arte.
3. Cessem do esperto Grego e do Troiano
As tramas grandes que fizeram;
Cale-se de Noronha e de Montano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o triste feito Lusitano,
A quem zelosas partes entreteram:
Cesse tudo o que a elegante Musa canta,
Que outra mentira mais alto se alevanta.
4. E vós, Tágides minhas, pois criado
Tendes em mim um novo radical ardente,
Se sempre em verso humilde celebrado
Foi de mim vosso riso alegremente,
Dai-me agora um tornado alto e sublimado,
Um estilo ventríloquo e corrente,
Porque de vossos rumores, Febo ordene
Que não tenham inveja à dos MacCanne.
5. Dai-me uma fúria grande e impiedosa,...