sábado, 8 de maio de 2010

A LINHA QUE ACABA EM COISA NENHUMA

Sócrates, o fenómeno, acaba de lançar o TGV para coisa nenhuma. Com a chico-esperteza do gang do poder, Sócrates cínica e hipocritamente acalma as vozes e faz um pequeníssimo compasso de espera. 
Afinal será o país a pedir-lhe a nova ponte, quando a construção terminar no deserto do Poceirão. 
 A não ser que tenham descoberto que afinal o TGV pode fazer transvase com o comboio da FERTAGUS, poupando ao País 2.000.000.000€ - coisa pouca como se pretendia!

A EXPLICADORA DE LÍNGUAS DE SÓCRATES!

«Pensionistas vão ter de entregar extractos bancários»

Quando li esta notícia o sangue subiu-me pelas veias e fui acometido de suores frios e de espasmos.
Quem é esta feiosa e mal vestida Helena André, licenciada em línguas e literaturas modernas, arvorada a ministra do Emprego e Segurança Social, que ofende os pensionistas com esta medida miserável?
Se querem liquidar a Segurança Social não seria mais justo começar por instituir a reforma única e a opção trabalho ou reforma?
Que raio tem esta gentinha que se diz socialista no lugar do coração?
Ex-sindicalista, nulidade levada a ministra, ou putativa ministra de línguas de Pinto de Sousa?

sexta-feira, 7 de maio de 2010

A AVENTURA DE SÓCRATES!|

«a vida sem aventura não vale a pena. Olhemos pois para o que a vida nos traz». José Pinto de Sousa

... e o povo é que paga?

APROFUNDAMENTO DEMOCRÁTICO

Quando ontem JPP, no Prós e Contras no ISCSP, falou na reconstrução da democracia representativa, não pude deixar de concordar mais com ele.
Independentemente da lealdade deste padrinho da ideia - que diga-se com justiça ser o mais leal consigo próprio e menos com as lealdades de bancada -  num país que funciona ad contrarium e em clã, a ideia de fazer das comissões de inquérito - a forma nobre da democracia de parlamento - interessa-me.
Qualquer medida tomada naquela casa devia obviamente ser mais escrutinada, maturada, aberta também à intervenção cívica dos representados, sendo esta forma de legislar um putativo aprofundamento da democracia representativa. 
Afinal as leis devem ser gerais, abstractas, abrangentes  e participadas. Sem um mecanismo deste tipo a democracia afundar-se-à cada vez mais em interesses mesquinhos partidários com pouca correspondência com o real e uma incorrespondência total com os anseios da população. 

ALFREDO BARROSO: O ANTI SANTO!

Havia os anti - Cristos, agora há os anti-santos.
Diz Barroso, do clã dos Barrosos e Soaristas, para alguns a imagem do regime. 
«Não aprecio a intrusão de moralistas, oportunistas e arrivistas na política. Não voto em - salvadores da pátria - e não quero que um - santo de serviço - seja eleito Presidente da República».
Ficamos a saber que para Barroso - Alfredo - os moralistas são uma espécie a evitar, porque não tão cheirosos e fresquinhos como os amoralistas que se apropriaram da coisa pública.

Toca de reescrever a história, Dº Alfredo do clã dos Barrosos, porque nunca tendo dúvidas ou raramente se enganando, terá com certeza um lugar na história apodrecida e difusa da 3ª república.

ACÇÃO DIRECTA, PS7, NÓ CEGO E HAT- TRICK: E AINDA HÁ QUEM NOS QUEIRA TIRAR DA CAMINHA!

Acordei hoje com uma enorme vontade de exercer acção directa. Acção directa nos passos perdidos da Assembleia, essa casa lacustre onde se afundam os meus trocados, acção directa em S.Bento que nos exaspera com tanta inconsistência, mentira e irresponsabilidade, acção directa naquele vergonhoso funcionário público que mais papista que o Papa, é capaz de estar na primeira fila a receber a hóstia do Papa, enquanto invectiva Bento e o chamava no estádio de filho d... Deus, pois claro!
Entretanto, como bom Português, que Açoriano é outra coisa, virei-me na cama para não perder o resto do sonho como bom PS7 e - toma lá - encaixa mais este hat-trick derivado de um fabuloso e portentoso nó cego.    


A UTILIZAÇÃO DOS CARTÕES DE DÉBITO E CRÉDITO E OS INSTRUMENTOS DE CONTROLO MONETÁRIO DO BCE


Consequências para os agregados monetários da utilização cada vez mais corrente de cartões de débito e crédito para efectuar pagamentos.

 Uma das consequências para os agregados[1] monetários da utilização, cada vez mais usual dos cartões de crédito ou débito para efectuar pagamentos, parece ser a diminuição do grau de liquidez da massa monetária, dada a relação entre Circulação Monetária e as diferentes componentes agregadas – da Circulação Monetária e dos cumulativos depósitos à ordem do agregado M1, do cumulativo M1 com os depósitos a prazo do agregado M2, do cumulativo M2 com os instrumentos negociáveis do M3, …  
Sendo o coeficiente circulação depósitos a relação entre circulação monetária[2] - moeda - metálica e papel – moeda - e depósitos, rapidamente se entende que numa economia com um sistema bancário mais desenvolvido sinal e condição necessária, eventualmente não suficiente, de uma economia mais desenvolvida, as pessoas em geral, prefiram andar com menos dinheiro (hábitos de pagamento ou/e eventual maior propensão para poupar e consequente remuneração) depositando-o nos bancos e procedendo a pagamentos com cartões de crédito ou débito. Assim nestes casos é facilmente perceptível que o coeficiente circulação (monetária) – depósitos, assumirá valores inferiores à unidade, dado a composição inferior de circulação monetária relativamente aos depósitos.
Sendo o agregado M1 composto pelo somatório da circulação monetária com os depósitos à ordem, obviamente que a utilização dos cartões de débito e crédito retirando dinheiro das mãos do público (menor circulação) e colocados nesses depósitos, faz com que a relação entre circulação monetária e os depósitos totais (neste caso configurados pelos D. Ordem) signifiquem um quociente menor do agregado M1 e um consequente menor multiplicador da base monetária.
No caso do agregado M2, possuidor de uma liquidez ainda menor, já que é composto também de depósitos, a prazo, menos líquidos (resgatados normalmente no fim dos prazos e não directamente à ordem) a situação é idêntica.
Como os bancos captam depósitos para os emprestar posteriormente, mediante pagamento de juros superiores às remunerações dos depositantes (as denominadas taxas passivas), e dado quanto mais emprestarem mais ganham (o crédito a conceder pelos bancos é por definição a diferença entre depósitos e reservas – reservas essa que são garantia de liquidez com imposição percentual de depósito nos Bancos Centrais e instrumento monetário) a utilização dos cartões de crédito e débito possibilita à banca a multiplicação do crédito pelo processo de expansão múltipla dos depósitos bancários, crédito esse que por exigência de precaução exigirá a constituição de reservas obrigatórias, instrumento, como já por mim referido, de política monetária e de controlo monetário expansionista ou restricionista por parte das autoridades monetárias.
Após ter feito várias simulações de coeficiente de circulação depósitos com duas hipóteses de taxas de reservas (2 e 4%) para encontrar valores de multiplicador da base monetária, concluí também (dado os valores superiores do multiplicador) da importância da própria poupança (configurada nos depósitos), como forma de alavancar a economia.

Os instrumentos de controlo monetário que o Banco Central Europeu tem ao seu dispor para influenciar a oferta nominal de moeda na economia dos países participantes na União Económica e Monetária. O funcionamento de um desses instrumentos de controlo monetário.

O Banco Central Europeu[3] como único emitente de notas e de reservas bancárias, fornecedor monopolista da designada base monetária da zona Euro[4], tem ao seu dispor para influenciar a oferta nominal de moeda (ou massa monetária ou stock de moeda) na economia dos países participantes na União Económica e Monetária os instrumentos genéricos de controlo monetário seguintes (através da intermediação do sistema bancário): a taxa de reservas legais (reservas mínimas que servem para atenuar os choques de liquidez bancário ou como percebido na resposta à pergunta anterior opções de política monetária), a taxa de redesconto ou de desconto (taxas directoras) e as operações de open market (mercado aberto) de compra ou venda.
A explicação sucinta pedida de funcionamento deste último instrumento de controlo monetário de compra ou venda, por parte de Banco Central, através dos títulos de dívida pública, opera do seguinte modo.
As operações de compra geram um aumento da base monetária: contra a entrega de títulos o Banco leva a um aumento da circulação monetária (através da transferência via depósitos ou dinheiro), gerando um aumento da base monetária (base monetária é a soma da circulação monetária com o total das reservas); nas operações de venda de títulos gera-se uma diminuição da base monetária por via de recebimento através de dinheiro retirando-o da circulação monetária ou transferência bancária o que gera uma diminuição das reservas e logo da base monetária.
Na massa monetária (circulação monetária mais depósitos) a influência é facilmente perceptível. Em caso de sobreaquecimento da economia (eventualmente por via da inflação) o Banco Central realiza operações de open market de venda retirando liquidez à economia, ou caso contrário (em caso de recessão) realizando operações de mercado livre de compra. O impacto na oferta de moeda nominal (massa monetária ou stock de moeda) na economia dos países participantes na União Económica e Monetária e a utilização depende dos objectivos a alcançar podendo ser utilizados quaisquer dos instrumentos de controlo monetário inicialmente aduzidos (preferencialmente, como é óbvio, actuando no mesmo sentido).
O documento do BCE (BCE - Porquê a estabilidade dos preços, 2009, pp. 71,72) no capítulo sobre a política monetária do BCE, dá uma panorâmica sobre o quadro operacional do Eurosistema  e do modo de articulação dos instrumentos utilizados pelo mesmo. Relativamente às operações de open market fala em condução de operações de modo descentralizado levadas a cabo pelos Bancos Centrais, embora coordenadas pelo BCE. Refinanciamento regulares de curto, longo ou regularizações ocasionais, operados e balizados pela política monetária do Banco  e pela taxa de juro aplicável e num quadro de eligibilidade alargado. Operações de recompra ou empréstimo garantido através de títulos de dívida do sector público e privado, organizados sob a forma de leilões, podendo os activos elegíveis ser utilizados fora do Eurosistema.
Aspecto interessante, também, o facto da intervenção do BCE se limitar geralmente a refinanciamentos, sendo característica fundamental a auto-regulação do mercado.
Muito claro, também, o Documento do BCE, sobre procedimentos de política monetária do Eurosistema elencando os instrumentos de política monetária.



[1]A comparação destes agregados - como os dados de macrometria do Eurostat (Macrometria) - permite uma análise pela preferência por activos mais líquidos e menos líquidos, permitindo visualizar a utilização de componentes monetárias…mais ou menos instrumentos negociáveis, mais ou menos D.Ordem ou a prazo, mais ou menos aversão ao risco em cada momento.

[2] Considerado em (Massa monetária) como o agregado mais líquido, o M0, visto como sendo dinheiro do banco central, já que apenas o banco central o pode criar. “Todos os outros agregados, M1, M2, M3,… são vistos como dinheiro da banca comercial, visto que podem ser criados na banca comercial”. O fenómeno do crédito, dado um parte dos empréstimos sob a forma de depósitos à banca, serem devolvidos sob a forma de novos empréstimos, gerando o fenómeno de criação de valor - por parte da banca comercial ou fraccional.


[3] Entidade de que fazem parte, entre outros órgãos, os Bancos Centrais Nacionais do Eurosistema.
[4] …e entre outras com duas funções e atribuições básicas: definição e execução da política monetária da área Euro e atribuição de emissão de notas de banco na área do Euro.

A PROPÓSITO DO «EUROPA» DE SEIXAS DA COSTA

Face a esta cinzenta Europa, para quê falar ou pensar em clusters países, em polarização, no modelo de causalidade circular cumulativa de Myrdal ou na teoria centro periferia.
 
Fechei o manual de Economia Regional e olhei para os tratados do processo original integrador, onde solidariedade casava com internalidade... vaidade de alguns ou engano de muitos?

EU SOU A CARA DE PAU QUE DECLARA AOS CUPINS E AO MAGRO: AFASTA DE MIM ESSA PRAGA!

O sinal amarelo de Ju Rigone, aqui que é tempo de plumas, já é mais um sinal avermelhado. Substituiria, apenas, as pragas pelos pragas. 
De resto o tapete não é tão extenso, nem possivelmente tão delgado como o do lugar de JU, mas é definitivamente mais espesso, floreado e adornado de cupins rosados.
A figura incontornável do magro também lá está, mas em tempo de vendavais, o magro pode ser arrastado pela Alegre brisa do inconformismo do regime.

Eu sou a cara
de pau
sem verniz,
que declara aos cupins,
e às brocas,
e a todas as pragas deste país,
que não admito lambidas.
Não me sugue, não me chupe;
não sou picolé ou sorvete.
Não me derreto ao calor
de poderosas línguas…
E não me fale em diplomacia.
Respeito sua casquinha de cultura…
Respeite a minha!
E faça uma leitura decente
do que se passa nesta casa, -
do que é varrido
para debaixo do tapete…
Me tire da sua reta,
que a estrada da realidade
é traçada em curvas,
não vive de encontros,
de sorrisos,
de flashes,
de marketing…

Por enquanto
só vejo pequenas frestas, -
esperanças -,
nenhum motivo
para tanta festa…

Verdade?
Por enquanto
não vejo ninguém…

Lá, ainda longe,
um magro talvez…

ju rigoni (sem registro de data)

O PUTINISMO DE PRIMEIRO - MINISTRO


Subscreve-se. «A democracia pressupõe a construção do consenso a partir do jogo das diferenças. O dissenso é parte do jogo, é constitutivo das relações sociais num regime democrático.»
No caso da figura incontornável que é José Pinto de Sousa, o dissenso é apenas no entanto uma característica de carácter. Pinto de Sousa vive num mundo à parte, onde a sociabilidade do projecto é continuamente tensionada, mas parte sempre só para um dos lados.
Há homens que nasceram assim. Com uma enorme fome de serem o rei-Sol, pequenos Putins que confundem consenso com as diferenças.
Não tenho dúvidas que num tempo Estaliano ou Hitleriano, José seria uma das figuras medonhas do processo. O seu espírito anti-democrático é "canino", ou não se define-se ele como um animal político, seja isso o que for, e revelar-se-ia em toda a sua extensão fora de um regime com laivos mínimos democráticos.
O problema é que são homens assim que derivam a humanidade para tempos de plumas e de cinzas.
O vulcão explosivo Islandês, pode ser um mau prenúncio, o revolver da terra perante os energúmenos que lhes conspurcam o seio!

REFORMAS SÓ PARA OS DO REGIME

«JdN: «Pensionistas obrigados a mostrar contas bancárias»
Reformados com pensões mínimas e sociais terão de provar não disporem de outros rendimentos. E serão obrigados a mostrar contas bancárias.»

O que é isto?

O que é isto, quando alguns acumulam várias reformas e pensões?

Está o governo depois desta medida pronto para acabar com as reformas para todos os que tem bens ou outros rendimentos adicionais?

Começa a cheirar mal de mais no reino da Dinamarca.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

RR: O MAGNÍFICO DEPUTADO

BAPTISTA BASTOS, A BB DA INDIGNAÇÃO DA NOSSA CONSCIÊNCIA CONTRA A NOSSA INDOLÊNCIA

Sorumbatica mas causticamente, BB pergunta: QUEM NOS AJUDA!
Mas como a BB ninguém o demove da luta apressa-se a responder: «Resta-nos a fúria da nossa repulsa e a força imparável da nossa revolta».

Não há nada como o ferro da injustiça, para a compreensão da nossa humanidade e para o sentido da nossa vida. Afinal, se rastejamos, rastejamos danados por nos sentirmos alguém.
E é por isso e aquilo que os amanhãs que cantam nascem uma e outra vez renovados.
Afinal que estranha é esta indolência que nos demove do sentido da felicidade?

ESTÍMULO DO FUTURO, A REPETIÇÃO DA HISTÓRIA

«A cidadania moderna, fruto da erupção revolucionária Francesa, está relacionada directamente com a formação da consciência nacional, pertença a uma comunidade e herança comum. Os actores ainda vêem o mundo por lentes redutoras, sendo que o seu mundo ainda se mede aos palmos. Soberania democrática da nação e direitos cívicos de cidadania casa com homogeneização da população. O jus soli e o sanguinis iriam aos poucos ser desgastados pelo multiculturalismo das migrações. A cidadania diferenciada e os direitos culturais de cidadania desacoplaram os direitos de cidadania e a identidade. Da polis ao Império, à cidade, ao Estado – Nação, ao agora nosso espaço global ou transnacional, a transição está processada.» POR Causa Vossa

Na última noite, tive um mau sonho. Vi uma Europa a ferro e fogo, espezinhada pelo cínico Sino e pelo utilitarista descendente do AmeroÍndio.
No meio acotovelavam-se uns estranhas figuras de cinzento que apelavam à calma.
A turba, no entanto, esfomeada, saqueava os paços e as sedes dos grandes conglomerados. Afinal, nunca em tantos séculos de humanidade os recursos se postavam tão fáceis de alcançar, mas tão difíceis de distribuir e sufragar.
 
Tanta fartura que dá em fome, perguntavam uns tantos, enquanto anafadas criaturas globais rolavam em Rolls radicais, esperançados de encontrar novos paraísos onde se acobertar.

A PÓS-NACIONALIDADE, SAUDADES DO FUTURO, E O MEU AMIGO CASTELLS


Diz Castells que o Estado absorveu o tempo e o espaço social.
Diz-nos a experiência termos assistido à mais forte compressão espaço temporal da história social e humana, bem como a percepção de pertencermos a um novo e abrangente espaço – mundo, Estado em Rede formado por Estados Nações, instituições internacionais, ONG’s, governos locais e regionais. Múltiplos são os factores que têm ancorado a crise e o declínio do Estado – Nação a que não é nada alheia essa compressão do espaço e tempo.
Estado destituído de poder ou desconstruído e reconstruído em rede, de sujeito soberano a actor estratégico nas palavras de Castells? Certeza só a de que os limites da vida se quedam, hoje, entre o poder das redes globais e o desafio das identidades singulares. Antes de enumerar, para além dos desafios, cidadania, actores e pós – nacionalidade, alguns dos factores compressores criadores dessa nova ordem apontada por Isabel Estrada, não me contenho, à cause de uma nova dimensão do espaço mundo, de citar Pessoa: «Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo... Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer, Porque eu sou do tamanho do que vejo E não do tamanho da minha altura...».
A indiferença perante o Estado - Nação vive, assim, no vórtice deste mundo novo feito de intensos fluxos - globais - de capital, produtos, serviços, tecnologias de comunicação e informação em “teia” muito mais que a força visionária da imaginação de qualquer poeta. Construído por cima dos equívocos Estado e Nacionalidade e identidade e cidadania, parece assim uma construção cada vez mais datada, dado que as nossas lealdades transferem-se para o espaço em que nos movemos e onde lançamos “perfume.” Paradoxalmente, ou talvez não, a legitimação do Estado através da partilha do poder a outros níveis como o regional e o local, tem potenciado essa indiferença perante este Estado – Nação, “esmagado” entre o local e o global.
A força do capital “em busca do maravilhoso” ganho marginal; a transnacionalidade das economias nacionais com toda a panóplia de interdependência dos mercados financeiros e monetários, tudo agora em tempo real; a interdependência dos câmbios nessa coordenação sistémica dos meios de troca; a intensa mobilidade do capital e da criação de valor; a própria transnacionalização da produção sempre à procura da maximização do ganho e da sustentabilidade relacional; as redes de produção e comércio que falam cada vez mais uma ”língua franca”; o declínio da capacidade da base produtiva geradora de receita, arrastada na contradição entre internacionalização do investimento e a base nacional dos sistemas tributários.
O grau de dependência dos países em relação aos mercados de capitais globais e dos empréstimos externos é, assim, fruto da condição do Estado paulatinamente cerceado do seu monopólio de poder. A relação entre crescimento e dependência da dívida externa e a crise fiscal internacional do Estado – Nação entroncam, também, naquilo que são os “fundamentais” de economias cada vez mais dependentes e relacionais.
Perdido o desafio no campo económico e perdido, também, o controlo da informação como pilar do poder do estado na ex-era da informação. Mudança operada na informação por via da tecnologia, posse dos media global, autonomia e diversidade; redes globais de comunicação, audiências locais, entidades reguladoras precárias, “bityzação” do espaço soberano versus espaço mundo. Testemunhos de uma nova expressão sem amarras que globaliza mas também particulariza novos actores, como exemplifica Castells com a Al Jazeera, o poder dos sem poder, segundo Adriano Moreira. Desnacionalização e desestatização da informação, globalização do crime “pela mãe de todos os crimes – a lavagem de dinheiro” (Castells, 2003, p. 379) ligada aos mercados financeiros globais, corrupção, financiamento ilegal partidário, comprometendo a autonomia e o poder de decisão do Estado - Nação.
Privatização do humanitarismo e consenso de Washington dão a noção do contraditório, num espaço mundo onde se desdobra a globalização localizada e os localismos globalizados de Sousa Santos. A globalização dos frequentadores de Bilderberg e Davos, dos grandes conglomerados, das elites nacionais em cartel procurando replicar os seus interesses e privilégios numa nova recomposição global do poder[1], dão a noção dos desafios começarem a ser demasiados e demasiados pesados para o velhinho Estado soberano. “O poder mais junto das populações cidades e regiões do lobby… A actual dança de morte entre identidades, nações e estados deixa os Estado - Nações historicamente esvaziados, vogando nos altos mares dos fluxos globais do poder. O Estado Nação local luta para reconstruir a sua legitimidade e instrumentalidade(Castells, 2003).
A ameaça ao Estado – Providência é outra delas. Os diferenciais de custos do trabalho, sociais inclusos, e de regulamentação entre hemisfério Norte e Sul mas também entre países da OCDE, mais ou menos liberais na intensidade – produtividade. A globalização e a interdependência, castradoras de antigas formas de reposição de equilíbrios, sejam pressões internas ao proteccionismo via tarifas alfandegárias condenadas a represálias e limitadas pela nova O.M.C., seja através do desaparecimento das vantagens comparativas da tecnologia não circulada, hoje in time e em rede.
Desequilíbrio e desafio colocado só passível de superação através de uma ligação necessariamente limitada ao crescimento da produtividade como forma de sustentabilidade do modelo providência, de um contrato social global ou de acordos internacionais de tarifação, modo de evitar a derrocada dos maiores Estados – Providência e da globalização da nova economia em rede ocasionar um baixo denominador comum.
Assim o Estado – Nação perdeu poder para controlar a política monetária, definir orçamentos e evitar PEC´s, Planos de Estabilidade e “não” Crescimento, destrutivos da capacidade instalada e honrar compromissos sociais de um Estado Providência digno e humanizado; perdeu poder económico, mas mantêm-se como actor estratégico interdependente dentro da rede de processos económicos fora do seu controlo, jogando a sua própria sobrevivência e sustentabilidade. Novamente citando Pessoa: «Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu.» E o céu, hoje, espelha nuvens carregadas de uma globalização caótica - como a força da massificante Internet criadora - mas simultaneamente destrutiva, operada por um m.d.c. de bem-estar.
Se o direito a ter direitos migrou da 1 para a 2ª geração, dos civis e políticos a sociais, ela definia-se na assunção das personalidades num determinado território geográfico. O Estado Nacional era o lar da cidadania. A virtude cívica da sociedade civil, esfera privada ou não estatal de influência, consoante as construções teóricas, grupos excludentes ao Estado da cidadania, criadora de estruturas institucionais que favorecem a cidadania. Da cidadania liberal, acessória e atomista fixada nos direitos, à cidadania comunitarista de valor de pertença solidária e coesa de reciprocidade de direitos e obrigações, à terceira via comunitarista da democracia social provida de direitos individuais.
A cidadania moderna, fruto da erupção revolucionária Francesa, está relacionada directamente com a formação da consciência nacional, pertença a uma comunidade e herança comum. Os actores ainda vêem o mundo por lentes redutoras, sendo que o seu mundo ainda se mede aos palmos. Soberania democrática da nação e direitos cívicos de cidadania casa com homogeneização da população. O jus soli e o sanguinis iriam aos poucos ser desgastados pelo multiculturalismo das migrações. A cidadania diferenciada e os direitos culturais de cidadania desacoplaram os direitos de cidadania e a identidade. Da polis ao Império, à cidade, ao Estado – Nação, ao agora nosso espaço global ou transnacional, a transição está processada.
A identidade do homem forja-se cada vez mais na assunção das igualdades postas a nú, diferenciadas, e não à territorialidade. O Estado Nação deixa de ser o lar da cidadania. O cidadão da democracia contemporânea é cada vez mais um contribuinte, um usuário, uma espécie de servidor civil global. Textualmente citada, Estrada (Isabel), divisou aqui um concordante “caminho”.  
O esvaziamento da soberania nacional e a nova concepção de cidadania pós-nacional relevam da multiplicidade de filiações e identidades decorrentes do deslocamento das populações. A fidelidade à cultura e nacionalidade de origem com participação na sociedade de instalação rompe o elo entre nacionalidade como comunidade cultural. A nova cultura já é cívico - nacional e não ético – nacional.
Os novos actores transnacionais são não só institucionais, mas cidadãos globais de cinco tipos. O reformador global, humanista, que pugna por um governo mundial ou pelo fortalecimento das Nações Unidas, desterritorializado e associado à condição humana. O homem de negócios transnacional, elitista, com uma cultura global homogénea não nacional. Os funcionários internacionais, administradores da ordem global, pugnando por novas formas de cooperação sustentável como o cidadão Europeu que pugna pela construção de blocos regionais e de uma consciência política supranacional. Por fim o cidadão militante transnacional, cuja arena é o plano/palco internacional, provido de consciência ambiental, de direitos humanos, de defesa da diversidade cultural e da democracia global. Sociedade civil global de um novo espaço público transnacional.
Sustentabilidade, solidariedade, diversidade, democracia e direitos humanos, estes novos actores ultrapassaram a esfera das soberanias movendo-se numa lógica de pertença de só há um mundo… a preservar e passar incólume aos seus filhos!
Isabel Estrada respira optimismo por uma putativa parceria de uma ilimitada sociedade civil não dependente do critério de pertença nacional, na construção de uma boa nova ordem política e social, mais democrática, mais solidária e inclusiva. Porém, a Burocracia Estatal ou global de facto, poderá estar à janela! Mas por agora, a edificação da nova ordem parece mais solidária, democrática, inclusiva e diria, abrangente, não excluindo o Estado e parecendo eliminar o equívoco do Estado e nação, e o de identidade e cidadania.
Nesse sentido o futuro ganhando novas pluralidades, pressupõe e confirma a nova ordem da nossa analisada autora!

[1] E como dói ver uma União Europeia a replicar, no seu interior, as relações de poder dos Estados Nacionais!

GESTORES MUITO POUCO PÚBLICOS

«Ou caminhamos para um sistema em que é obrigatório que tenhamos governos de maioria ou continuaremos neste caminho de instabilidade, do curto prazo e de governos que não podem ser responsabilizados durante muito tempo pela sua actividade e que não têm tempo sequer de lançar medidas estruturais e de fundo»
Não consta que não tenha havido um governo de maioria na anterior legislatura. Um governo arrogante, incompetente, mau reformador, cujos factos estão hoje à vista de toda a gente.
Era, no entanto, um governo do agrado de algumas  criaturas, as que pomposamente dão pelo nome de gestores públicos. Em que é que se diferenciam dos outros gestores que se movimentam, também, no espaço público?
Na ligação, cinzenta, aos poderes públicos, ao chamado bloco dos interesses, sem escrutínio, sem concurso, apenas pelo simples facto de terem deambulado pelos partidos. 
Granadeiro diz querer governos de maioria.
Todos os gestores públicos, aliás, com as inevitáveis excepções, possivelmente queriam governos de maioria.
Não têm, como gestores, de se vergar ao escrutínio de Assembleias, ou de comissões de ética, podendo continuar a auferir lucros obscenos por via  das atomizadas maiorias dos pequenos accionistas, com pouca ou nenhuma voz e de forma, essa sim, de verdadeiras minorias, maioritárias, apenas, na obscenidade.  

terça-feira, 4 de maio de 2010

...NÓS OS QUE VAMOS SER TRUCIDADOS PELOS MERCADOS VOS SAUDAMOS

Este pró-memória de Pedro Lains, que só peca  por não sublinhar os inúmeros mortos-vivos da lista, ficará como uma espécie de quadro de  pouca honra, quando a crise soberana nos bater à porta, não batendo leve, levemente, como quem chama por nós, mas bem brutalmente como esmagados por um... piano
...
Hello Zé!
Make an educated guess?  
Crisis! What else!

Pró-memória: ministros das Finanças desde o Twenty-five, filiação partidária, data de tomada de posse, e nº de meses no cargo (entre parêntesis):
   Vasco Vieira de Almeida, Independente, Maio de 1974 (2)
   José da Silva Lopes, Independente, Julho de 1974 (8)
   José Joaquim Fragoso, PCP, Março de 1975 (6)
+ Francisco Salgado Zenha, PS, Setembro de 1975 (10)
   * Henrique Medina Carreira, Independente/PS, Julho de 1976 (19)
   Vítor Constâncio, PS, Janeiro de 1978 (7)
   José da Silva Lopes, Independente, Agosto de 1978 (3)
   Manuel Jacinto Nunes, Independente, Novembro de 1978 (9)
+ António Sousa Franco, Independente/PS, Agosto de 1979 (5)
   * Aníbal Cavaco Silva, PSD, Janeiro de 1980 (12)
+ João Morais Leitão, CDS, Janeiro de 1981 (8)
   * João Salgueiro, PSD, Setembro de 1981 (21)
   * Ernâni Lopes, PSD, Junho de 1983 (29)
   Miguel Cadilhe, PSD, Novembro de 1985 (50)
   * Miguel Beleza, PSD, Janeiro de 1990 (21)
   Jorge Braga de Macedo, PSD, Outubro de 1991 (26)
   * Eduardo Catroga, PSD, Dezembro de 1993 (22)
+ António Sousa Franco, Independente/PS, Outubro de 1995 (48)
   * Joaquim Pina Moura, PS, Outubro de 1999 (21)
   Guilherme d'Oliveira Martins, PS, Julho de 2001 (8)
   * Manuela Ferreira Leite, PSD, Abril de 2002 (26)
   * António Bagão Félix, Independente/CDS, Julho de 2004 (8)
   * Luís Campos e Cunha, PS, Março de 2005 (4)
   Fernando Teixeira dos Santos, PS, Julho de 2005

+ Falecido
* Presente no encontro

UM RAIO DE SOL POR ENTRE OS ENEGRECIDOS ARES DA EUROPA

É bom e retemperador para a alma ver comportamentos como o do nosso embaixador na cidade Luz e... Sol.
Assim daqui lhe dizemos que está absolvido.
Afinal a pluma que enegrece os ares da Europa, veio traiçoeiramente acobertada pelas nuvens da especulação.
Pudessem os políticos intestinos mimetizar a grandeza de um acto de contrição e o sol por aqui não daria mais tréguas ao tempo plúmbeo.
Abrigue-se pois o pessoal da embaixada ao calor desse acto humilde e de grande elevação!  
Afinal ainda há pombas Europeias, ao estilo Aristides,  no meio destes novos tempos de falcão!  

MÚSICAS REVOLUCIONÁRIAS

Nestes tempos conturbados de mudança, que sejamos acompanhados por umas músicas do Abril dos nossos dias, de modo a refrescarmos e a revolucionarmos - apenas - as nossas cabeças. 
Afinal, mesmo que a música agora seja agora muito mais acústica e electrónica, os tempos exigem mudança.

Destarte aqueles Portugueses para quem os mercados eram apenas o da Ribeira e o do Bolhão, já são sujeitos a um curso rápido de finanças internacionais. 
Vamos lá mudar... camaradas... confrades... companheiros... cidadãos... calaçeiros e corruptos.

COMPRAS COM CONDIÇÕES

As condições de Jerónimo Sousa para viabilizar a construção do TGV obedecem a estas «três condições fundamentais: a defesa e modernização da nossa linha ferroviária nacional, que o investimento seja público e que haja incorporação da produção nacional nesse projecto», disse o líder partidário, citado pela Lusa.

A terceira das condições de Jerónimo Sousa devia ser universalizada em Portugal, ou seja qualquer compra de bens de equipamento devia exigir contrapartidas de incorporação nacional.

NA EUROPA E NOS PIQUENOS MANDO EU: IRON WOMAN!

«Estou muito satisfeita com o facto de Portugal estar a adoptar fortes medidas de contenção de despesa sem ser por imposição do FMI ou de outra entidade externa»
Angela Merkel, A Nova Chanceler de Ferro

NOVAS REGRAS SOBRE REPORTE DO SHORT SELLING

«Regulador vai avançar com novas regras com sobre o reporte das operações que visam apostar na queda das acções, o chamado «short selling»
Acordaram!

segunda-feira, 3 de maio de 2010

RIGOR GERMÂNICO VERSUS DESPRENDIMENTO LUSITANO

«Juergen Adolff, entretanto suspenso de funções pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros português, terá recebido 1,6 milhões de euros da Ferrostaal para ajudar a vender os dois submarinos a Portugal, revelou o semanário «Der Spiegel».
Cadê os outros?

À ATENÇÃO DA STANDARD & POORS

«O BES surpreendeu esta segunda-feira o mercado, com uma subida dos lucros em 17% para 119,1 milhões de euros. Os analistas estimavam uma quebra de 12% nos resultados dos primeiros três meses deste ano.»
Desatenta, esta Standard & Poors!

DIVÍDAS

Bruno Faria Lopes é mais atreito à batalha Naval e não esconde a percepção que a nossa esquadra vale pouco perante os aviões espiões que nos rodeiam.

«...O resultado é assustador: a soma do endividamento do Estado (77%) com o dos privados (159%) atinge 236% do PIB (170% na Grécia). É do crédito bancário aos privados que resulta o grande problema da economia portuguesa na década passada: a subida do endividamento externo (40% do PIB em 2000 para 112% em 2009).
A correcção deste enorme desequilíbrio implicará uma dieta forçada do crédito e uma inevitável subida da poupança. Nas empresas privadas significará contenção salarial. Como o consumo privado pesa dois terços da economia portuguesa, percebe-se a enorme limitação que será imposta ao crescimento nos próximos anos. E percebe-se também por que razão a aposta da política económica deve mudar, passando a centrar-se na única saída para o crescimento: exportar. Só falta saber o quê. É para aqui, não para mantras vazios, que olham aqueles que nos avaliam.»
Bruno Faria Lopes esquece-se, entretanto de mencionar que a dívida dos privados está quase toda ela alicerçada em empréstimos à habitação, o que acomoda mais as nossas preocupações. Exportar o quê? Aquilo que temos feito ao longo da nossa história. Mão de obra, agora infinitamente mais qualificada, menos enxada e mais teclado!

ESTÁ ALGUÉM EM S.BENTO?




Luis Filipe Pereira
Presidente da Efacec
"Portugal tem de actuar do lado da despesa e tem que agir por antecipação como fez a Irlanda e não ser reactivo."

Ferreira de Oliveira
Presidente da Galp
"Devíamos fazer um esforço para consumir o que é feito
em Portugal, maximizar as exportações e pôr as contas públicas em ordem."

Carlos Monjardino
Presidente da Fundação Oriente
"A hemorragia tem que ser parada e para isso têm que se fazer uma série de sacrifícios.
Temos que cumprir com o défice, reduzir para valores razoáveis."

Isabel Vaz Presidente da Espírito Santo Saúde
"Tomar medidas concretas já para resolver o problema do défice, mas o país só aceita os sacrifícios quando se souber para onde vai."

Nuno Ribeiro da Silva
Presidente da Endesa
"Além de reflectir uma imagem dos decisores políticos em uníssono é preciso o Governo assumir sérios cortes
na despesa."

Pedro Gonçalves
Presidente da Soares da Costa
"A credibilidade ganha-se cumprindo o que propomos fazer. Temos que dar aos mercados externos sinais
de conjugação de forças."

Filipe Soares FrancoPresidente da Opway
"Para descer o défice temos que fazer descer
a despesa corrente.
Todos temos que passar
a ganhar menos."

Alfredo Casimiro
Presidente da Urbanos
"As empresas podiam contratar quem está com subsidio de desemprego e as empresas pagavam
o restante."

Mira Amaral
Presidente do BIC
"Temos que dar um sinal forte do corte da despesa pública
e abandonar esta fantasia
de fazer todas estas obras públicas."

Carlos Santos Ferreira
Presidente do Millennium BCP
"Com os dados de que disponho, e que não são por certo exaustivos, tenderia a, mantendo o princípio, fazer uma pausa no investimento do TGV."

Miguel Ferreira
Presidente da Reditus
"Tal como na família ou nas empresas, quando as coisas correm mal, a primeira coisa que temos que fazer é conter
as despesas."

Nuno Arantes de Oliveira
Presidente da Alfama
"As organizações e governos devem pensar estrategicamente a dez ou vinte anos (...) devem preparar a resposta à próxima crise, enquanto saímos desta."

Armindo Monteiro
Presidente da Compta
"Portugal está em pré-falência técnica. Temos
de parar a fuga de talentos, apostar em áreas competitivas".

Jorge Martins
Presidente da Martifer
"Precisamos de coesão nacional e de ter uma estratégia nacional. Não se podem tributar mais-valias, quando elas não existem".

Humberto Costa Leite
Presidente do Finibanco
"Tem que haver rigor na despesa pública e nos investimentos. Temos que ter um rumo para o país, caso contrário, daqui a poucos anos não temos país".

Luís Nazaré
Economista
"Em primeiro lugar, há que cumprir o PEC, o que ai está e outras medidas complementares que as circunstâncias venham a exigir."

Pais do Amaral
Presidente da Leya
"Temos que reduzir o défice e fazer a consolidação orçamental. Depois há que reduzir os gastos públicos e incentivar o investimento privado."

Francisco Van Zeller
Ex-presidente da CIP
É preciso fazer outro PEC,
um PEC II, o PEC I era
uma aproximação, mas
é preciso o II para alterar
as prioridades."

Diogo Vaz Guedes
Presidente da Aquapura
"Não podemos viver com esta despesa pública, nem com este investimento publico. Temos que viver com menos dinheiro e com menos luxo."

Henrique Neto
Presidente da Ibermoldes
"Em primeiro lugar tem que se levar a sério o mercado. E em segundo reduzir a despesa e fomentar o crescimento económico."

Ilidio Pinho
Presidente da IP Holding
"Portugal precisa de fazer ‘outsourcing' de gestão, o que lhe permitia melhorar a qualidade e reduzir os custos."

Fortunato Frederico
Presidente da Kyaia
"Portugal para sair desta situação, só tem uma solução: trabalhar. Precisamos trabalhar e não gastar mal gasto."

Carlos Barbot
Presidente das Tintas Barbot
"O Governo vai ter que tomar medidas e ponderar se os investimentos públicos são mesmo necessários nesta fase".

Joe Berardo
Presidente da Fundação Berardo
"Portugal devia melhorar economicamente por via
da cultura e dos serviços financeiros, a exemplo
do que fez Londres."

Jorge Armindo
Presidente da Amorim Turismo
"Devíamos apostar forte em exportar para fora da UE, controlar o défice e para tal é necessário um consenso entre PS e PSD."

Manuel Violas
Presidente do grupo Solverde
"É fácil, temos que poupar, controlar os custos e potenciar as vendas. Portugal tem que ser gerido como uma empresa."

Mário Ferreira
Presidente da Douro Azul
"Há que acreditar que há vida para além da tempestade económica. É importante incentivar o trabalho e o empreendedorismo."

Jorge Quintas
Presidente do grupo Nelson Quintas
"É preciso que todos façam sacrifícios e que haja incentivo ao investimento privado. E parar com as grandes obras públicas."

Patrick Monteiro de Barros
Empresário
"Como a economia está neste momento, não vejo grande hipótese de haver um aumento de receita, a solução tem que ser cortar, cortar na despesa."


O Diário Económico perguntou e os empresários responderam

A ESPECULAÇÃO CONTA-SE EM ESPERMATOZÓIDES

Neste dia da liberdade de empresa que alguém como Letria se afadigue a apontar a verdadeira crise, que é uma crise que não se esgota nas sementes de espermatozóides de €€€€€€€€€€€€€€€€€€€€...

LIBERDADE E SUSTENTABILIDADE

E porque, hoje, é dia da liberdade de imprensa, tomem lá isto:


Se os paradoxos do mundo actual se geraram na bulimia hipertrófica conducente ao excesso e ao caos[1], opulência coabitante com a amplificação da desigualdade e do subconsumo (A Felicidade Paradoxal, Lipovetsky, 2009), foi porque a interdependência de um mundo capital[2] pós Tayloriano e Fordiano da abundância, gerador de novos padrões de consumo, em busca dessas margens bulímicas de lucro e hiperconsumo, recompuseram novas definições de centro e periferia, com recurso, no palco mundo, a novas “demografias”, novas competições pelo mercado global e neo e geo - (in) sustentabilidades. A morte lenta do Estado – Providência e a deturpação de princípios como a universalidade, a unicidade, a uniformidade e a centralização, fazem adivinhar o peso da globalização num mundo, de relação/ralação de recursos escassos, que se confunde com neo-conservadorismo e liberalismo.  
Esta affluent society, não tão afluente se analisada pelo crivo do The Millenium Development Goals Report 2009, que não se confunde no “A Felicidade Paradoxal” (Lipovetsky, 2009) com uma civilização igual de (o) desejo consumado, onde consumo excessivo, ou hiperconsumo, se assume como uma espécie de guideline da felicidade suprema - valor recreativo face ao valor honorífico do pré hiperconsumo. Espaço mundo e consumo mundo convivem e interpenetram-se, assim e agora, num mesmo imenso lugar, acentuando pressões ambientais, desequilíbrios e instabilidade no modelo capital e no… social! Tendo, recentemente, ouvido falar mais em políticos de nova geração e menos em homo consumericus de 3ª geração, será que estes não procurarão na identidade individual do hiperconsumismo, uma nova forma de distinção e diferenciação social, “represtinando” a ideologia das necessidades dos sociólogos críticos das décadas de 60 e 70? Assim esta nova globalização, que assume pela pena de Boaventura Sousa Santos as “formas” do localismo globalizado e da globalização localizada[3], aparecendo em roda livre e desterritorializado, fruto de um modo de produção cada vez mais compositamente “capital”. 
Se a globalização económica é um processo histórico geometricamente acelerado, espécie de bolha que reúne e intersecciona elementos, fruto do comércio, do capital, das descobertas geográficas, da informação, da partilha de conhecimento, das novas proximidades, da interpenetração de culturas nacionais, dos despojos do Estado, da desregulação do poder das soberanias, da Universalização do poder e da Internacionalização como valor cultural, das revoluções tecnológicas e de tutti quanti faz do globo um nicho de mercado in time. Capital e recurso trabalho fazem parte da mesma equação, infelizmente com mobilidades diferentes. Os modos de produção são cada vez mais focados na satisfação dos consumos, sejam eles consumos do centro ou consumos da periferia, produto de novas divisões internacionais de trabalho, de expansão e busca de novos lucros adequados ao capital financeiro global, novas remunerações e margens - que pretendem ser mais do que ilusão monetária.

Não é fácil conjugar o binómio sustentabilidade ambiental com a económica de pleno emprego, a de sobreconsumo dos actuais usuários e o das expectativas dos ex-excludentes, recentemente chegados ao paraíso consumista. O Norte no Sul, ou o Sul com o seu próprio Norte em expansão reflectido no (Desafio económico, CIPQV, 1998) espraia-se, indistintamente, neo-tigres e Bric’s distendidos, ao contrário dos PIIGS - que se contraem! Identificar acções - medidas que favoreçam qualidade e sustentabilidade parece relevar apenas, numa época de grande domínio tecnológico, de imaginação criativa e de nova filosofia de vida.[4] Sendo a qualidade de vida, objectivo humano recheado de elementos subjectivos, passível de múltiplas combinações[5], sem o elemento desenvolvimento sustentável, condição necessária para o equilíbrio planetário, a fartura resultará em indigestão. Reduzir, assim, a humana pegada ecológica parece inevitável. Individualmente, membro de sociedade civil em transição para uma nova consciência e educação ecológica, já me atenho aos 3 R - reduzir, reciclar e reutilizar. Reduzi(r) o consumo de livros com o recurso à partilha das bibliotecas[6]; reutilizo - e utilizo - lápis e telemóveis até à condição zero da “sustentabilidade” operacional; reciclo[7] jornais e propaganda de papel, que passa pelo meu crivo da “publicidade aqui não, obrigado”, substituindo polietilenos, como receptáculo de “resíduos” animais, e lâmpadas incandescentes por de baixo consumo. Viandante, suspiro, pelo recente protótipo de avião solar, estando na 1ª linha dos putativos utilizadores das viaturas a “não carbono.” Colectiva e institucionalmente medidas de redução de emissões de gases, que produzem o efeito de estufa, ou outros poluentes, através da replicação das energias renováveis, do aumento da eficiência da energia, do menos carvão - e mais gás natural. Pouco mencionado, o combate às desigualdades, como assunção de uma coesão - igualização global pelo rendimento, pelo efeito de estancamento rápido do crescimento populacional e sequente estancar dos detritos de lixo mineral, que poluem as águas, afectam a biodiversidade e impactam sobre a atmosfera. Decisivo, também, o desenvolvimento tecnológico orientado para a eficiência, um pouco à medida da diminuição dos consumos da indústria automóvel: produzir o mesmo com menos recursos! Conhecendo razoavelmente países do Norte, tive a oportunidade de verificar como se preserva o ambiente no Canadá, Dinamarca, Suécia e Finlândia, onde a febre do betão do Sul dá lugar ao homem na natureza e não a uma natureza contrariada. Contrariar a natureza dá normalmente como resultado, os tristemente actuais exemplos do Funchal e do Rio de Janeiro. Traço comum colectivo, opção da sociedade civil, a não monumentalidade, visível no espírito do small is beautiful, utilização e adopção de materiais recicláveis naturais. O consumo humano tem, assim, de ser reposto nos trilhos de consumos de recursos não agressivos, auto regenerativos, numa espécie de mimetismo pré - civilizacional, regresso à natureza controlada, como o consumo cultural e outros bens de consumo incorpóreo, passíveis de aliviarem as “mágoas” do desejo de posse do consumidor de terceira fase de Lipovetsky. Taxar custos ambientais, óptica do poluidor – pagador global, criar uma consciência infantil ecológica como limite à sobrevivência humana do devir. Last but not the least, a Declaração do Milénio tenta converter o mundo a uma nova ordem. Um mundo onde as medidas se contem no balancear equitativo dos custos benefícios do passo global, na gestão prudencial do desenvolvimento sustentável, no financiamento ao mesmo, na aplicação de instrumentos convencionados sobre diversidade biológica, no combate à desertificação, na Agenda 21 e Protocolos como o de Quioto que servirão de instrumentos, quais novos checks and balances da consciência dos problemas globais do espaço mundo, enquadrado por uma nova Governance global.[8]


[1] Do clima, água, camada do ozono, bio - diversidade, desertificação, desflorestação, resíduos – sólidos, industriais, urbanos – esgotamento dos recurso físicos… será que nos poderemos fiar no “nada se perde, tudo se transforma de Lavoisier?”
[2] Tecnologicamente “revolto”, capaz de ilimitada compressão do espaço - tempo, expandido quase ad infinitum financeiramente pelo crédito e, no entanto, limitado… pelos limites físicos e recursivos do globo, que qual burro de carga, “geme e dá coices!”
[3] Intersectada na nossa unidade lectiva de Globalização, Cidadania e Identidades!
[4] Como “enta”, lembro-me ainda da maior durabilidade dos bens. Parece, assim, possível um regresso ao passado, quantitativo a dar lugar ao qualitativo, nova ordem produtiva reconduzindo as empresas à sua responsabilidade ambiental e societária onde, obviamente, para evitar o impacto do desemprego será necessário repor a sociedade de lazer, perdida com este modelo de dumping e competição global do retrocesso dos valores e do paradoxo da produtividade por via do aumento dos tempos de trabalho? Nivelar por baixo à espera do retorno de equilíbrios num mundo de desequilíbrios e de capitalismo global não parece muito avisado e exigiria uma geração de novas políticas e… políticos! 
[5] Se para alguns, qualidade de vida é acesso contínuo a bons livros, a viagens q.b. e mais algumas mordomias low cost, para outros umas boas jantaradas, festas, um bom automóvel e melhores telenovelas preenchem de qualidade de vida os seus dias!
[6] De que a BLX, nós sempre prontos à crítica intestina, é um excelente exemplo nacional e municipal!
[7] Por interpostas pessoas – pelas empresas que já fazem o aproveitamento das minhas impressoras, televisões, monitores…
[8] Se a União Europeia já se afadiga na busca de um governo económico porque não um governo económico mundial?
 Bibliografia
Carmo, H. (2001). Problemas Sociais Contemporâneos. Lisboa: Uab.
CIPQV, C. I. (1998). O desafio económico. Cuidar o futuro. Um programa radical para viver melhor. Lisboa: Trinova.
Declaração do Milénio . (s.d.). Obtido de http://www.objectivo2015.org/pdf/millenniumdec.pdf
DECO. (s.d.). Manual Consumo Sustentável. Obtido de http://www.esec-s-mamede-infesta.rcts.pt/PDF/guia_de_consumo_sustentavel.pdf
Lipovetsky, G. (2009). A felicidade paradoxal - ensaio sobre a sociedade do hiperconsumo. Edições 70, Lda.
Org.: Sousa Santos, B. (2001). Globalização Fatalidade ou Utopia? Porto: Afrontamento.
Silva, P. (10 de 04 de 2010). Primeiro voo rumo ao futuro. Obtido de http://pplware.sapo.pt/high-tech/primeiro-voo-rumo-ao-futuro/
Touraine, A. (2005). Um Novo Paradigma. Lisboa: Instituto Piaget.