Reflexões a propósito de uma outra reflexão postada na Sedes, instituição que prestou valorosos serviços ao País, mas que como espaço de liberdade vai aqui e além se conformando ao status quo do acomodamento de alguns dos seus actores. A história, de facto, está cheia de reVersão de intenções! O que era mau ontem na relação dos actores é hoje bom numa nova configuração do lugar dos actores!
Estão os senhores gestores da coisa pública e das entidade privadas dispostos a diminuir de uma forMa substancial as suas remunerações directas e indirectas?
Salvaguardada a diferença remuneratória entre Espanha e Portugal, eu também concordo com a diminuição de algumas remunerações (agora há que dizer que escalões de remunerações!)... progressiva de 10 a 50 % de quem auferir mais de 2000 € por mês! Como aliás sou da opinião que as medidas de combate à crise em Portugal deveriam ter ido no sentido de dar mais liquiDez aos mais pobres, valor que seria utilizado para consumir mais bens inferiores postos à disposição pela nossa economia e manter nesta fase crítica o máximo possível de postos de trabalho.
Sendo em geral, e até última instância, avesso a eXplosões sociais que degeneram em prejuízo para todos em geral (e se calhar mais preocupante para quem mais recebe), relembro no entanto que quem não tem nada a perder porventura não alinha na mesma preocupação. A este respeito gostaria de chamar a atenção para um comentário a um post aqui
«manuel gouveia disse...Curiosamente, vendendo o leite, o iogurte, a manteiga, a pescada, a batata, etc... ao mesmo preço que em Portugal, Belmiro consegue ter lucro nos seus supermercados espanhóis pagando aí o dobro do ordenado.»
Este blog deste nortenho, ex-professor deSempregado do ensino com 300 €/mês para alimentar mulher e duas filhas pequeninas, que já reflecte quase doentiamente na brutalidade dos seus posts a revolta pela percepção da inumana injustiça social, o mal estar brutal que perpassa na nossa sociedade, já não na relação analfabetos-notáveis, mas numa relação de gente com formação licenciados desempregados-notáveis, deveria fazer reflectir empaticamente todos aqueles que por bafejo da sorte, ou por assumpção ou integração de secular privilégio, ateem-se a soluções e a quadros teóricos esquecendo-se que a economia (ciência? tão inexacta!), as sua teorizações e modelos, só fazem sentido no mundo dos homens e para os homens.
Aliás esta outra notícia é bem exemplo, do que o que se precisa é de um novo paraDigma e uma nova ética e não receitas de manutenção de status quo:
«CM: «Armando Vara duplica salário no BCP»
Ganhava 244 mil euros ano na CGD e passou para quase meio milhão no Banco Comercial Português».
Aliás como pequeno accionista de pequenas poupanças adoro-a, pela maniPulação a que uma grande parte dos Portugueses foi sujeita, por instituições que julgávamos credíveis e reguladas (afinal a responsabilidade não devia ser assacada aos reguladores pagos a peso de ouro? ... independentemente de alguns pensarem que o investimento em empresas é ... ida ao casino!). A nossa economia, no entanto, parece um palco onde actores/jogadores se afanam à arte de se locupletarem em todas as salas e tabuleiros com os bens dos outros.