A leitura de alguma coisinhas de Seixas da Costa revela-se útil pelo conhecimento e dimensão do autor. Um pequeno excerto de algumas das suas intervenções são manifestamente interessantes.
«É que, no primeiro caso, estamos no “safe side”: salvo alguns auto-excluídos por viés ideológico, o compreensível apreço pelo laço transatlântico é um dado comum a uma larga faixa da opinião portuguesa que se interessa por este tipo de coisas. Já no segundo caso – a Europa –, as sensibilidades internas são diversas, comportam nuances e estão mais sujeitas a variações de humores de conjuntura. Além disso, outros terrenos em que poderíamos especular sobre a nossa projeção de interesses – África, Brasil, Mediterrâneo – incorporam variáveis tão incontroláveis que, em geral, acabam apenas por ser objeto da repetição de uma “langue de bois” que conforta os espíritos para quem a política externa se resume à reiteração do discurso diplomático tradicional.»
Mas, curiosamente, lido factualmente o texto, perdão fatualmente, o que mais me chamou a atenção foi o cuidado posto na execução do novo acordo ortográfico. Ofício oblige, talvez, mas o que mais me preocupou foi a sensação que a nova escrita, objeto em lugar de objecto, essa golpada de ar de grande dimensão, tirará ainda mais força à nossa já depauperada força e tornar-nos-à cada vez mais asténicos e arrastados.
2 comentários:
Obrigado pela atenção. Que eu saiba, ninguém é obrigado a seguir as regras do Acordo Ortográfico. Mas, a contrario, quem quiser é livre de o fazer. Como é o meu caso, sem sujeição oficial ou oficiosa. Apenas porque sim.
Cordialmente
Francisco Seixas da Costa
Quem tem de agradecer sou eu. Porque ao contrário de Pacheco Pereira que acha a bloga um espaço pouco recomendado, penso ad contrarium que é um espaço onde poderemos cada vez mais como povo(s), nos conhecer e reconhecer.
A grandeza dos Portugueses, essa sobe em flecha quando em diáspora, por qualquer lugar fora deste amor ódio pátrio territorializado. Sou dos que penso que o recente acordo ortográfico retira alguma riqueza à nossa língua, no que sou coadjuvado por alguns amigos Brasileiros, que sempre acharam que o encontro dos dois povos se fará mais na literacia. Carlos Reis não pensa assim, mas como bem diz, há um mundo que não nos separa, porque foi traçado na liberdade de escolha.
Para além de que o mundo é indubitavelmente dinâmico, pelo que dentro de uma dezena de anos o acordo estará inevitavelmente transposto, acomodando-se como no passado no silêncio dos cemitérios.
De qualquer modo poderia o Francisco Seixas da Costa escrever em Esperanto, que será sempre um privilégio, e um prazer, ler as suas Cartas - posts - de França.
Enviar um comentário