quinta-feira, 15 de março de 2012

O SALAZARINHO


«Vítor Gaspar tem sido igual e amplamente associado a todo o processo de integração europeia, tendo participado como membro suplente do comité monetário durante dez anos e sido representante pessoal do ministro das Finanças Eduardo Catroga na Conferência Intergovernamental que conduziu ao Tratado de Maastricht.

Mais do que um executivo, é conhecido como investigador, tendo publicado inúmeros artigos e livros, centrando os seus interesses de pesquisa na política macroeconómica, na economia pública, na economia política e na integração financeira. Licenciou-se em Economia pela Universidade Católica Portuguesa e fez o doutoramento em Economia pela Universidade Nova de Lisboa
Politicamente é considerado um liberal da linha dura, que defende que o mercado deve funcionar por si próprio, deixando ao Estado o papel de regulador»
Estas notas sobre Vítor Gaspar dão bem uma imagem do homem que está aos destinos das finanças Portuguesas.
Para um economista de empresa, o alardear da superioridade dos monetaristas no mundo da economia real, trás sempre um enorme prurido pessoal e uma sensação de profundo deficit com que se confrontam os macroeconomistas nas suas arremetidas sobre a economia micro.
A guerra entre Belém e S. Bento passa hoje também por um afirmar de competências entre doutorados de economia e finanças, cada um a dar lustre à sua competenciazinha.

A realidade, no entanto, é que o Salazarinho chegado de Bruxelas, com uma carreira que o distancia da idiossincrasia da santa terrinha, revelou numa fase inicial da governação um deficit de conhecimento dos equilíbrios frágeis que existiam na sociedade Portuguesa - a perda de receita fiscal e o agravar explosivo do desemprego é disso exemplo, sendo que o resultado da sobreausteridade era já algo que outros mais atentos à vida in sitiu temiam.

A ausência de Santos Pereira, outro académico, ou pelo menos a percepção da sua ausência, na formulação de uma política económica como contraponto às medidas financeiras é assim dramático numa economia real mais fácil de destruir do que de reconstruir.      

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