terça-feira, 5 de junho de 2012

O COSTA CONCÓRDIA

«UM ANO de governo catastrófico. Política de austeridade a todo o custo lança pelo menos três milhões de portugueses na desgraça: quase metade no desemprego; mais de metade com salários de miséria. Classe média a desmoronar-se cai de bruços nos braços de Dª. Jonet e seu banco alimentar contra a fome. Caridade luta para superar solidariedade e dar cobertura ao desmantelamento do Estado social. Educação, saúde e segurança social seriamente atingidas. Primeira quebra de salários nominais de que há registo em Portugal. Como disse há dias um rotundo deputado do PPD (nem pouco mais ou menos PSD): se excluirmos tudo isto, as políticas do governo têm sido um sucesso estrondoso, como reconhecem Moody’s, troika e quejandos. Economista berlinense admite que fazer cortes em períodos de recessão torna as coisas ainda piores, mas acha que ‘fado’ e ‘melancolia’ fazem dos portugueses povo estóico capaz de recuperar a sua economia. Para ideólogos ultra-liberais da austeridade a todo o custo, sofrimento social dos cidadãos não passa de pormenor. Governo pôs finanças acima de tudo o resto, entregou economia a aprendizes desajeitados e acha que coesão social é detalhe negligenciável. Gaspar, Passos e Relvas são o nosso triângulo das Bermudas e custa-lhes perceber que o diabo está nos detalhes. Diz Clara Ferreira Alves que a Grécia pode vir a ser o Titanic, mas nós seremos o Costa Concórdia (a passar rente à praia para o cozinheiro dizer adeus aos primos). Portugal já começou a adornar, mas nem o comandante Passos nem o ‘chef’ Gaspar deram por isso!» 
 
ALFREDO BARROSO

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