Pode-se não gostar da frase arrogante de Daniel Oliveira sobre gostar de pessoas arrogantes, não se pode é dizer que o homem não é inteligente (porque pensa sem teias/fronteiras mentais). E esse capacidade reflexiva é fundamental.
Depois da II Guerra, a Europa e os EUA, para consolidar a paz e não repetir os erros da guerra anterior, foram generosos com a Alemanha. Não a obrigaram a pagar pelos seus crimes de guerra. Ajudaram à sua reconstrução e democratização.
Atiraram para o baú do esquecimento as responsabilidades de muitos
muitos alemães por um dos maiores crimes que a humanidade até hoje
conheceu. Os parceiros europeus dividiram, na prática, os encargos da reunificação. Criaram uma moeda única cedendo, e mal, como agora se vê, a todas as exigências da Alemanha, que sempre resistiu ao euro. Fecharam os olhos à violação dos limites ao défice, que os alemães, tão intolerantes com as falhas dos outros, foram, com os franceses, os primeiros a não cumprir.
Na realidade, a sala de aula foi feita para a Alemanha
se sentir lá bem. E, para isso, os interesses de outros foram
esquecidos. Todas as suas falhas foram ignoradas. Mas nem é isso que
interessa agora. O que interessa é que o ministro Schauble, e não os povos da Europa, está a fazer tudo para reavivar fantasmas antigos.
Alguns, os portugueses, pela sua posição oportunista durante a guerra,
nem compreendem bem. Mas eles resultam de feridas tão profundas, que 70
anos não chegam para os fazer esquecer. Foram, a bem da paz e do projeto
europeu em que ela se sustentou, ignorados durante décadas. Mas basta
que a União Europeia se desmorone, como se está a desmoronar, e que o
senhor Schauble ou outro responsável político alemão repita mais umas
frases infelizes para que eles regressem. Como se tudo tivesse acontecido ontem.
Willy Brandt, Helmut Schmidt e Helmut Kohl sabiam que a única forma da Alemanha conseguir regressar, como era seu direito, à comunidade internacional e europeia, era conseguindo que o resto da Europa acreditasse que ela seria capaz de conviver com os restantes Estados europeus tratando-os como iguais. A ignorância política, a insensatez, o populismo ou a estupidez de Merkel e Schauble estão a criar, entre os europeus, um desconforto crescente. Há cada vez mais gente que se pergunta se é possível ter, em simultâneo, uma Europa próspera e cooperante e uma Alemanha forte. Se esta desconfiança não for travada a tempo, os alemães serão, mais uma vez, como no passado, as principais vítimas da sua arrogância. Porque eles são, de todos os europeus, os que mais precisam desta União que, com alguma preciosas ajudas, estão a destruir.
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