segunda-feira, 20 de outubro de 2008

O SISTEMA DE CLIENTELA
E OS NOVOS WORKLESS

Cada vez mais as relações sociais em Portugal parecem recuar aos idos do período Romano, com as formas de protecção e de responsabilidade entre grupos menos e mais poderosos que dava pelo nome de sistema de clientela.

Estas teias de relação mutuamente dependentes e eficazes que subiram como que por eflúvios por todo o período feudal, proporcionando a uns protecção e a outros prestígio pela protecção que exerciam, este clientelismo que andava de mãos dadas com o reconhecimento público do mérito individual, subjacente a essas teias de relação, esta celebração da excelência, nas artes da guerra e da paz, deram lugar ao mérito partidocrático nas artes do emprego, da riqueza e da pobreza, à guerra partidária que não ideológica, que essa parece ter chegado ao fim da história pelo rolo compressor do quarto poder e do materialismo e da materialidade, baseado nas clientelas do estado de partidos.

Fora destas clientelas já não há mérito que resista, fora dela desenvolvem-se teias de novos desprotegidos, novos sem abrigo, os novos "homeless" ou "workless", párias da sociedade, sem direito à sobrevivência no seio da teia da sociedade clientelar de partidos.


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