«Não se pode viver tranquilamente numa sociedade pobre»
«Há um desajustamento entre medidas adoptadas e mundo real, diz Isabel Jonet«Não podemos continuar a viver tranquilamente numa sociedade pobre», disse a presidente do Banco Alimentar Contra a Fome, Isabel Jonet, esta terça-feira, durante a conferência organizada pela revista «Exame», que decorre no Museu do Oriente em Lisboa.
A responsável acredita que «estamos melhor em condições de vida, ao nível das infra-estruturas, mas estamos pior em termos de sociedade», pois o «modelo económico falhou».
Quer isto dizer que, no entender de Isabel Jonet, «há um desajustamento total entre as medidas que são adoptadas e entre o mundo real». A presidente da instituição, vê com preocupação a questão do desemprego e é por isto que pede «ajudas pontuais no que toca ao incentivo do emprego».
Isabel Jonet põe definitivamente o dedo na ferida. A nossa sociedade está aparentemente mais desenvolvida em termos de infra estruturas, mas estamos definitivamente pior em termos de vida individual.
A percepção de Jonet é correcta. Uma sociedade não se faz construindo os mais modernos equipamentos se a generalidade não tiver acesso a eles. Os últimos anos foram de ilusão de modernidade, mas só entende isto, ou quem vive no mundo real, ou quem vai a países verdadeiramente desenvolvidos como a Suécia, a Dinamarca, ... e verifica que antes das infra estruturas megalómanas está a qualidade de vida das pessoas, ou seja a sua capacidade de usufruírem de tudo o que uma sociedade moderna oferece. Na Noruega e na Dinamarca, não há espaços megalómanos como em Portugal, nem transportes de ponta, mas há harmonia na inserção dos edifícios na natureza. Uma sociedade que quer construir um TGV, onde 70 ou 80% das pessoas não tem saúde oral por não ter dinheiro para tal, ou conta os tostões para comprar medicamentos, é uma sociedade moderna a duas velocidades ... e modernamente virtual!
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