quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

COMUNIDADES DE INTERESSE NA INTERNET



CONCEITO
À semelhança da comunidade tradicional uma comunidade virtual de interesses é construída na interacção entre os seus elementos, não perdendo o essencial das comunidades físicas - o sentimento de pertença e a territorialidade de uma geografia simbólica. Consideradas como clãs pós-modernos, ou tribos mais ou menos efémeras, reproduzindo-se exponencialmente propagadas na instantaneidade da mensagem, construídas num espaço de comunicação próprio transnacional - o espaço do imaginário e da realidade invisível virtual da internet, onde a união pela geografia dá lugar à união pela ligação da rede. A maior ou menor efemeridade dessas comunidades faz, também, com que essa projecção comum de identidades e partilha de interesses se possa esgotar no mais ou menos imediato, em projectos presentes sem alargado futuro à vista.

A PERCEPÇÃO DO CONCEITO, OS IMPACTOS, AS LIGAÇÕES SOCIAIS
Das redes sociais da comunidade virtual às redes sociais online, termos como agregação social e relações pessoais, conjugam com dessocialização, distopias impessoais, influências negativas na interacção de vidas feitas no virtual, sendo que alguns até acreditam na criação de múltiplas personalidades, mais que heterónimos ou nicks, que dão corpo à fricção e à polarização das atitudes. A preocupação com agressões verbais, inibições, amplificação de pulsões suicidárias, questões de privacidade, conjuga-se no impacto das satisfações com a participação cívica, as causas, o activismo social. Numa sociedade cada vez mais dominada pela necessidade de conhecimento, o encontro, a exposição, a troca de culturas e de competências, permite a densificação do conhecimento pela diversificação, pelo encontro e miscigenação de culturas, seja numa perspectiva institucional formal, seja numa perspectiva informal. A comunidade das “dúvidas” é, assim, justaposta por uma comunidade de “respostas” que “angulam” os problemas, normalizam e maximizam procedimentos. Nas comunidades tradicionais o limite do território pela sua estratificação no espaço - tempo tornava inevitáveis velocidades diferenciadas, sustentando e potenciando diferentes graus de desenvolvimento intelectual, material, fronteiras de acesso e efemeridade na interacção. A interacção virtual ganhou por outro lado o espaço global, uma nova dimensão de opção libertária, uma nova identidade comum e um novo domínio com registo de partilha de interesses. A assíncronia da troca de informações facilitou e alavancou o domínio do conhecimento, chamando a atenção para aquilo que sociólogos, como Castells, designaram como os laços interpessoais da nova sociabilidade directa e cruzada.

VANTAGENS E DESVANTAGENS
Transferência, proliferação do conhecimento cooperativo, democratização pela desterritorialização, assumpção que a ferramenta não faz a comunidade. Do mesmo modo que nem tudo nas comunidades da Internet o que luz, é ouro – apesar das inúmeras funcionalidades – a assumpção que a ferramenta não faz a comunidade, que a “ferramenta instrumental informática não opera o aparecimento das comunidade virtuais” nas palavras de (Rheingold, 1993[1]). A troca de informação instantânea que permite pagar contas, comprar e informar à distância, neste dar e receber assente num apoio de sentimento comunitário e de pertença, simples e barato, seja na política, na assistência técnica, actividades sociais de qualquer espécie ou simples tempo de recreio. Economicamente o sucesso através das taxas, das subscrições, das taxas pelos utilizadores, das comissões de publicidade e a sua vantagem maior, a desintermediação nas transacções comerciais, com eliminação de circuitos, ligando compradores directamente a vendedores. As desvantagens apontadas revelam-se na fraqueza colocada pela instantaneidade, na falta de uma filtragem de um editor de fontes que as certifique e teste, bem como na qualidade ou pobreza da informação. Comunidades como a Wikipedia revelam, no entanto, como as redes podem se organizar colectiva e solidariamente na procura da “beatificação” das fontes.

TIPOS, OBJECTIVOS DE COMUNIDADE
Albertin (2005) tipifica as comunidades por grupos de interesses: as comunidades de transacção - as que se encontram no espaço virtual da compra e venda, do e-commerce, sejam produtos, serviços ou informações; as de interesse “tout court” – as que reúnem pessoas com os mesmos interesses temáticos, “chafurdando” no intercâmbio ilimitado da troca de informações; as de fantasia – entretenimento[2]; e as de relacionamento – dos laços e vínculos familiares e/ou de amizade. Assim, das Internet message boards (fóruns de discussão, abertos a todos e acomodando um número infinito de utilizadores, passíveis de contribuição, ou não, de pensamentos e ideias) com os seus “thread”, os seus “quadros” de discussão, “as suas postagens” que convidam à discussão e participação, aos online chat rooms (salas de conversação de comunidades online, em tempo real, onde passeiam os “emoticons”, aqueles símbolos emocionais que nos espelham a alma), “encontradas” no IRC, no Yahoo, MSN, … com as suas “input box”, a janela da mensagem e a lista de participantes online, aos mundos virtuais – dos Avatares e do Second Life, considerada a mais interactiva de todas as formas de comunicação virtual, ao Social Network Services (redes sociais) – sítios da Web ou plataformas de software que criam e mantêm relacionamentos: os blogs (ou blogas), os online dating services, o Twitter, o Facebook, o Orkut, o Myspace… onde criando um perfil ou uma conta se acrescentam ou seguem amigos.  

CONCLUSÃO
As comunidades de interesse na Internet parecem, assim, ter evoluído ao mesmo ritmo da Web (a Web 2.0) e ao ritmo de um novo activismo de criação do próprio conteúdo. A motivação da partilha da informação, ao grupo, parece quedar-se numa reciprocidade antecipada rápida, repleta de reconhecimento do perfil do utilizador, desinibidora e integradora de personalidades menos sociáveis no mundo real e de sentido do eu contribuidor eficaz para a comunidade - uma espécie de plantar uma árvore, ter um filho, escrever um livro - afinal uma espécie de ambição virtual do homem real. 

Bibliografia

Graham, G. (1999). A internet e as novas comunidades. Obtido em 20 de 01 de 2011, de http://members.fortunecity.com/cibercultura/vol6/intnova.html
Wikipedia. (2011). Online participation. Obtido em 21 de 01 de 2011, de Wikipedia: http://ee.wikipedia.org/wiki/Online_participation
Wikipedia. (2011). Virtual community. Obtido em 21 de 01 de 2011, de Wikipedia: http://ee.wikipedia.org/wiki/Virtual_community



[1] RHEINGOLD, Howard. The Virtual Community: Homesteading on the Electronic Frontier. Estados Unidos, 1993.
[2] Como é exemplo o Brasileiro humor do Humor Tadela!

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