quinta-feira, 5 de maio de 2011

DEFRAUDADOS OU RESPONSÁVEIS?

João Vieira pergunta na barbearia do Sr. Luís, e bem:

«Será que o processo democrático, em Portugal, instaurado a partir do 25A/74, enfraquecido sistematicamente ao longo de 37 anos, por erros e falhas graves de estratégia económica, financeira, sócio-politica e de governação, terá acabado por, perversa e irresponsavelmente,fazer esquecer um dos objectivos prioritários e essenciais queridos pelos seus fautores e por todos os portugueses de boa vontade- reduzir e/ou eliminar as injustiças e desigualdades históricas gritantes cometidas por um regime iníquo? Sim, é verdade.
Será que as esperanças legitimas dos portugueses causticados, humilhados, mas de boa fé, no pós 25A, não chocaram com a sua própria impreparação e a dos seus representantes políticos, ao mais alto nível, interesseiros e ambiciosos, incapazes de, com patriotismo autêntico, encararem, de frente, as tarefas exigentes da democracia representativa, da reconstrução nacional e dos desafios herculeos do crescimento e desenvolvimento económico de um país atrasado por décadas sucessivas de gerações alienadas? Sim, é verdade.
Será que as “malhas” tecidas por Salazar e a pequena clique elitista, ignorante, subserviente, dócil e passadista que o rodeou, por tanto tempo, para manter o poder, a todo o custo, não terão contribuído, de modo quase irreversível, para a afectação negativa da identidade, coragem e o brio dos portugueses, levando-os à demissão de uma cidadania viva e actuante e, em última instância, à emigração, tantas vezes sem regresso, com absoluto desprezo pelo país natal? Sim, é verdade.
A evolução e episódios dos últimos 6 anos do processo democrático, que continua bem vivo e os constantes e acintosos ataques pessoais a titulares de órgãos de soberania, em particular ao actual PM, inserem-se ainda nesta perspectiva provinciana, chico - esperta e boçal, de que o acesso ao poder num país como o nosso não é assim tão difícil, bastando para o efeito, preparar a “máquina” partidária, se possível com o dinheiro dos contribuintes, aliciar aderentes, de preferência, frustrados, cheios de raiva e ódio e, sempre que possível, bloquear e torpedear tudo o que possa contribuir para o sucesso dos nossos adversários políticos. É altura de chamar a votos o eleitorado consciente e responsável. Pergunto, que democracia desejam, na verdade, os eleitores, no próximo dia 5 de Junho?

Sem comentários:

Enviar um comentário