quinta-feira, 5 de maio de 2011

GRANDES GRUPOS DE DISTRIBUIÇÃO OU COMÉRCIO ATOMIZADO?

A aceitação de grandes grupos de distribuição dentro das cidades não só tem descaracterizado as nossas cidades como é um fenómeno que deve fazer pensar pelas desigualdades que cria. E as desigualdades não devem ser vistas apenas como um trade - off entre quem trabalha muito para  alcançar objectivos e outros com menos energia. Devem ser vistas até como indutoras de falta de desenvolvimento, já que o acesso igual dos cidadãos torna-os melhor cidadãos, mais motivados ajudando ao crescimento global das sociedades.

Pensemos então mesmo com dados pouco fiáveis e exemplificativos. Sabemos que só o grupo de distribuição Jerónimo Martins teve um lucro anualizado de 200.000.000 € (na referência ao 1 T de 2011). A atomização do grupo permitiria por essa via, considerando 4.000 activos, um lucro distribuído de 50.000 €. 

Poder-se-à argumentar que o Grupo paga impostos sobre os lucros, criando riqueza É verdade! Mas também é verdade que tem um efeito pernicioso pela dominância nos fornecedores nacionais, causando problemas à produção nacional por via do esmagamento das margens (e isto para não falar já na importação de produtos efectuados). 

Mas também é verdade que muito desse dinheiro vai beneficiar investimentos no estrangeiro e que os próprios capitais hoje tanto estão em Portugal como em paraísos fiscais. Assim com a globalização era de todo inteligente que os países promovessem a igualdade como forma de desenvolvimento económico, não como forma de luta ideológica contra os grandes capitais ou senhores dos grandes grupos mas como defesa do país como um todo. O princípio da economia privada é salutar, mas mantendo padrões de igualdade de distribuição de riqueza pelo direito ao trabalho para todos, devendo actuar o Estado com impostos progressivos sobre os lucros. Pequenos empresários deviam pagar tendencialmente zero, subindo a taxa sobre lucros exponencialmente com dimensão de volume de negócios ou lucros.

Não é nada líquido que a concentração em grandes grupos desenvolva países periféricos e com pouca capacidade de consumo.  

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