quarta-feira, 6 de julho de 2011

O QUE PORTUGAL ESPERA DE NÓS? - CARTA A UMA FADA

Nota-se já nas suas palavras o desespero de quem sofre. Sofre por um país que de governo em governo que promete vai perdendo a esperança, sofre pela sua filha que merecia outro país, sofre por um país que podia ser diferente nas mãos de alguém que tivesse 50% da vontade de fazer diferente de um Lula.
A situação económica financeira de Portugal é gravíssima, como sabe. Mas como a Fada, eu que andei alguns poucos anos pelo ensino e outros poucos por um Instituto Público, farto de ver gente com “bom senso” a ler o jornal em hora de expediente, optei por empreender. Má hora o fiz em Portugal, porque em Portugal não há verdadeira concorrência, nem verdadeiras boas práticas. Os oligopólios e os monopólios comem a atomizada concorrência que vê desviada sustentabilidade. O trade-off de uma concorrência anémica é perfeita, a economia pouco saudável, os administradores da coisa oligopólica pavoneiam-se inchados e merecedores de muitos, mas muitos, salários médios. Emparedado, assim, entre uma economia de mercado transparente, que recomendo e uma necessidade de justiça social nunca me posicionei. Posiciono-me medida a medida, pelo senso que a massa cinzenta, o respeito pelo meu semelhante e o carácter aconselham.
Como todos sabemos, um dos grandes problemas desta gente que abraça a política é o perderem a consciência da realidade e serem donos de pouca criatividade na escolha dos instrumentos. As elites Portuguesas deste distante pós guerra são pobres e avaras.
Talvez por isso seria de bom tom Pedro Mota Soares não largar a sua Scooter e fazer um desafio ao governo: cada um passar a ir para o ministério de transporte próprio como todos os outros mortais. Afinal este é um governo dito social - democrata e não lhe fazia mal adoptar as práticas do Norte Europeu.
Mas não esperemos tal bom senso. É que mesmo sabendo que cada medida que tomam afunda Portugal, pela desmotivação da indiferença perante o sofrimento e pela injustiça da desigualdade, porque já não há margem para a grande maioria dos Portugueses e cada aumento de impostos ou corte significa menos economia, o poder é como o anel de frodo: embriaga. Ainda, hoje, face aos cortes que quase todos sofrem, a AR da Assunção (mulher que admiramos) deu o brilhante exemplo de aumentar a despesa. Embriagados, então, veremos até homens como Viegas escritor, despojado, a querer impor aos Portugueses aquilo que eles (e os Brasileiros que conheço) consideram um empobrecimento da língua e uma não necessidade: o novo ranhoso acordo Ortográfico.
Ao contrário de outros povos que sabem que o país é deles, os Portugueses reagem como sabem: emigram.
Emigre, Fada! Cada um deve perguntar-se o que pode fazer pelo seu país, mas as nossas elites políticas (ranhosas mas muito Pilatos e piedosas na hora da missa) perguntam-se à eternidade o que o país pode fazer por elas. Noutros tempos, aproveitavam-se da extraordinária ignorância do povo, hoje face à igualdade formativa, acolitam-se nas juve com passaporte eterno para o pedestal. E até tu, Nobre, como Brutus, mostraste que a assistência e a humanidade sofre reversão de vaidade humana perante o cintilar do anel de Frodo. Poderia qualquer Nobre mudar Portugal em duas penadas? Poder, poderia, não fossemos arredados por excesso de formação, bom senso e imunidade ao anel de Frodo!
Emigre, fada, é isso que Portugal espera de si!

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