«Peter Weiss, um dos chefes de missão da troika que acompanha Portugal, apresentou esta terça-feira de manhã em conferência de imprensa as conclusões da terceira revisão do programa e admitiu estar a ter algumas «dificuldades em interpretar este aumento» do desemprego que, segundo a medição do Eurostat, atingiu os 15% em fevereiro.
O responsável admite que podem existir fatores que não estão a ser devidamente levados em conta, devido a alterações na série das estatísticas ou a ajustamentos sazonais, e pondera a existência de uma corrida aos centros de emprego antes da alteração prevista nas regras do subsídio de desemprego.
«Pode estar a haver uma antecipação de despedimentos, devido à redução prevista na duração do subsídio de desemprego. Se for o caso, seria normal assistirmos a um aumento mais forte nos primeiros meses, que pode depois ser compensado com um abrandamento nos meses seguintes».
Caro Peter Weiss.
Não se exigia à Troika não perceber a especificidade de Portugal, mas a quem tutela o governo de Portugal ou em última instância quem tutela a pasta das finanças e da economia.
Só que algumas das pastas mais importantes deste governo foram dadas a quem expatriado vê Portugal pelos olhos da sua terra de adopção, seja ela o Canadá seja ela Frankfurt ou Bruxelas.
O povo Português na sua quase generalidade, e as empresas Portuguesas, já estavam no limiar da sustentabilidade (ler pobreza) e da exaustão pela falta de acesso a capitais da banca que sempre colocou à frente os interesses do não transaccionável e dos negócios de acções moeda.
Aguentava o estado ajustamento por via da diminuição de despesa e da eventual contracção de 200.000 empregos públicos, não aguentava a economia privada - a acrescer ao que infra será exposto - o complemento de carga fiscal que a Espanha mais avisada tenta evitar.
Mas, como sempre em país de democracia parcial, vozes de povo (mesmo com experiência de economia de empresa ou de independentes da administração pública, sem lealdades conhecidas, não chega ao céu dos recém licenciados dos partidos sem experiência de vida - que não a do partido).
O governo Português actual, levado pela paixão quis ser mais austero e bom aluno que a Troika. E toca de não diminuir despesa que era gordura, porque é difícil e afecta o sistema que os alimenta, mas de agravar os impostos e a parafiscalidade (hoje é difícil dar um passo em Portugal sem se ter de colocar uma moeda em qualquer mealheiro. O sistema fiscal, por outro lado, lembra um sistema que se aproxima mais do esclavagismo que até do feudal das corveias e da senhoriagem).
E com o sistema político que temos, de privilégio dos partidos políticos sobre os cidadãos (um estado dentro de um estado), com um sistema económico desprovido de concorrência real (tomado pelas grandes corporações com poder de mercado e com uns inúteis reguladores que transitam das empresas para a regulação de uma economia de monopólio e oligopólio de uns poucos sobre o estado) e com um país com um ordenado médio da dimensão do anterior ordenado mínimo da Grécia (mas com um custo de vida superior ao da Alemanha), o resultado foi a queda em dominó do tecido das PME's.
Temos assim um país estranho onde as grandes empresas das grandes rendas continuam a aumentar lucros, enquanto denominadas empresas de regime sempre fidelizadas aos partidos políticos de que são reserva de emprego na alternância e as pequenas que sustentavam milhões de empregos de agentes económicos, que "morrem" varridos a penhoras e falta de crédito (até à roupa que muitos tem vestida, sem possibilidade de se levantarem e de terem uma segunda oportunidade).
O erro é, assim, um erro de paralaxe, de pensar que as sociedades são todas iguais!
(este post, parte do princípio que as afirmações de Peter Weiss, não foram descontextualizadas, o que como sabemos bem, nem sempre - ou quase sempre - acontece).
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