O seu controlo deve, no entanto e para não recuarmos a
tempos de capitalismo selvagem e inumano, ser feito amarrando-o a limites
razoáveis. Limites, que permitam a existência de regimes democráticos tão
iguais quanto possíveis, na diversidade, no esforço e no empenho, criando
sociedades inclusivas e paritárias com responsabilidade social.
A globalização facilitou, no entanto, a busca do lucro
por todo o planisfério de um modo mais agressivo obliterando o poder do povo
através do estado - a soberania.
A financeirização mundial está sempre à procura das
oportunidades mais rentáveis, para não se tornar «capital morto».
Já todos tínhamos percebido que o ataque colossal às
economias sobre pressão, tinha a ver - também - com o abocanhar de empresas
apetecíveis nos periféricos. Os «lobos» caçam hoje em manada, sempre à
espreita, à frente dos seus monitores coloridos. Os tostões não se jogam nas
«múltiplas bolsas», essas são deixadas para a produção, para o denominado transaccionável.
Aqui, jogam-se milhões, abocanham-se partes de pecúlios dos novos pobres
camponeses urbanos. Com a manipulação como objectivo (ontem mesmo com o
regresso de portugal aos mercados, empresa de rating afadigou-se rapidamente em
colocar nuvens negras sobre o estado económico da «ovelha portuguesa»),
a própria banca «derivou» os seus negócios para oportunidades bem mais
lucrativos do que construir bens materiais. A imaterialidade é bem mais
lucrativa; o custo de oportunidade faz parte da equação de ganho.
Este ataque colossal faz-nos lembrar o aumento
colossal de impostos de um novo profeta de academia. Um paradoxo tanto
maior, quanto se professa os ideais da necessidade da assumpção da
competitividade, que faz suspeitar por agendas e interesses escondidos, sejam
eles internacional - carreiristas, sejam eles motivados por mentes
excessivamente brilhantes: «impressionantes!?» é o termo mais
adequado e que se presta a duplicidades colossais.
Há na história da economia alemã «uma impressão» bem
vincada: uma matriz bem vincada de capitalismo forte e dominador. O interesse
de todos não converge, no entanto, quase sempre, com o interesse de poucos.
Com o crescimento da economia chinesa, os custos
emergentes e a sua internalização, o capital financeiro e industrial alemão,
agora robustecido por nova acumulação de capital de antigas economias emergentes,
volta-se novamente para a periferia. Termos como financeirização
ou acumulação de capital parecem provindas de ideários marxistas e
de manuais de economia política de estudantes de económicas do passado -
podendo mesmo confundir quem as profere. Mas não o são, já que o capitalismo,
verdadeiro leitmotiv do povo comum que aspira ao conforto da posse e ao
elevador social (que confunde quantas vezes com o material, mesmo quando não
abdica do confronto diário passivo da bola e da novela) já há muito os
incorporou.
Os custos acrescidos de uma sociedade em
enriquecimento e a ascensão de um patronato cada vez mais forte e cada vez
menos dependente do investimento externo na China e no denominado Terceiro
Mundo do passado, faz com que espaços de terciarização intensiva a ocidente colapsem
- para se «oferecerem» como novos espaços de arregimentação de investimento do transaccionável.
Desse modo, como noutras alturas da história, pressão
é feita sobre os custos laborais no sentido de criação de novas migrações de
capitais para as periferias menos longínquas dos centros financeiros mundiais.
A hora é de contracção de custos nas periferias, neste trade - off entre
remuneração do capital e remuneração de trabalho. Alguém (povos inteiros!) vai
ter de assegurar novas massas de trabalho a um capital que procura remunerações
mais atractivas.
A história do mundo sempre foi construída nessa
relação, nessa dicotomia do ser com o ter. O bom senso, no entanto, exige
equilíbrio, aquilo a que hoje se chama concertação.
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