segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

PORQUE CARLOS COTTALLERI DIZ QUE É PREFERÍVEL AUSTERIDADE GRADUAL


Carlo Cottarelli, diretor do Departamento de Assuntos Orçamentais do Fundo Monetário Internacional

A primeira mudança recente no pensamento do FMI ocorreu em 2008, no pico da crise financeira. "Houve um acontecimento ainda menos habitual nesse ano: o FMI, pela primeira vez, apelou a uma expansão orçamental. Isto foi novidade, pois a política monetária era, então, encarada como a ferramenta adequada para a resposta ao declínio da atividade económica", afirmou Cottarelli.
Subitamente, o FMI virou keynesiano, apostou numa política orçamental expansionista "apesar do estado das finanças públicas em muitas economias desenvolvidas não ser particularmente bom", frisou. "Este era um mundo em que o livro relevante de estudo era "A Teoria Geral" de John Maynard Keynes", confessou o italiano em San Diego, quatro anos depois do sucedido. "Primeiro, sentiu-se que a magnitude do choque era tal que havia o risco das coisas ficarem fora de controlo - não se tratava de uma recessão normal. Em segundo lugar, percebeu-se que, apesar de a recessão ter nascido num boom do preço do imobiliário e de derivar de uma disfunção do sector financeiro, rapidamente se transformou num recessão na procura - uma recessão em que a falta de procura agregada estava a causar mais e mais declínio da atividade, e, como resultado, o desemprego estava a aumentar e crescia muita incerteza sobre as perspetivas económicas de futuro. Em terceiro lugar, entendeu-se que, com os mercados de crédito a não funcionarem adequadamente, a política monetária esgotou a sua margem com taxas de juro diretoras nominais perto de zero por cento".
No calor do debate em San Diego, Cottarelli adiantou mesmo: "Tínhamos a ideia, claramente, que o dinheiro canalizado para os sectores de mais baixo rendimento tem um efeito multiplicador mais elevado. Esse era o tipo de estímulos que estávamos a recomendar em 2008 e 2009 - transferir dinheiro para os pobres"»

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