E de repente o mundo virou! Um grande buraco negro parece querer tomar conta de tudo, homens e mulheres a arrastarem-se nos tempos cinzentos, a crise da mentira a desnovelar-se aos nossos olhos, tudo parece tão intensamente indiciar uma nova e longa noite de proteccionismos e de misérias longas. E culpados, há? Há, mas mais que culpados vai haver agora muitas vítimas. Vítimas da ganância, da ignomínia, do desprezo, da desolidariedade, vítimas da desesperança. É neste quadro que uma nova ordem mundial terá que ser reconstruída e uma nova ordem interna expurgada dos vendilhões de promessas e todos os ladrões do tesouro público! Na sequência dos Prós e Contras de ontem o meu aplauso para Abreu Amorim, Paulo Morais e Saldanha Sanches e o meu profundo despeito para outros cuja imensa fortuna fruto da simbiose dos interesses, os tornou personna malquistas pelo cinismo e indiferença perante o grande buraco negro de que foram, pelo menos na omissão, cinicos e oportunistas cúmplices !
E é neste quadro de grande buraco negro que Susana Abecassis liberta:
«A fronteira entre a verdade e a mentira pode parecer ténue, mas um Primeiro-ministro deve resistir à tentação de pisar o risco. Quem se queixa de campanhas negras e de insídias deve ser o primeiro a não facilitar, porque as facilidades pagam-se caras.
O Primeiro-ministro diz-se vítima de uma campanha negra na comunicação social, por causa de alegadas irregularidades na legalização do Freeport em Alcochete.
Não sei se há campanha negra ou não. Certamente, não será na comunicação social, que se tem limitado a publicar os dados recolhidos numa investigação judicial em curso, dados que, até ver, não foram desmentidos.
Mas é curioso que este Primeiro-ministro se queixe da comunicação social, ele que, como ninguém, tem gozado da benevolência e da apatia dos jornalistas. Tem sido assim ao longo dos últimos três anos, sem que se faça uma investigação séria aos gastos em marketing e agências de comunicação que promovem os diversos anúncios das políticas do Governo.Tem sido assim quando a cara do Primeiro-ministro aparece no material distribuído nas cerimónias de inauguração de equipamentos públicos, como aconteceu na semana passada.
E terá sido a contar com essa apatia que o Primeiro-ministro achou que podia vender gato por lebre e chamar a um estudo encomendado pelo Governo a ex-funcionários da OCDE um estudo daquela organização. A OCDE não gostou e fez questão de repor a verdade.
A fronteira entre a verdade e a mentira pode parecer ténue, mas um Primeiro-ministro deve resistir à tentação de pisar o risco. Quem se queixa de campanhas negras e de insidias deve ser o primeiro a não facilitar, porque as facilidades pagam-se caras.Melhor do que ninguém, o engenheiro Sócrates sabê-lo-á, habituado como está a utilizar as técnicas de propaganda para, subtilmente ou nem tanto, veicular a sua propaganda e a do Governo. É que, para quem tão violentamente se indigna com aquilo a que chama insídia contra si, não deveria ser irrelevante a autoria de um estudo que o seu Governo encomendou.
Ao contrário do que se pensa.
Raquel Abecasis»
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