Diz-nos Carlos Santos:
«... Estamos em stagdeflation: o produto está em queda e a inflação é
negativa. As medidas de combate preconizadas ontem em
comentário pelo Dr. Constâncio deixaram-me siderado. Terá ele dito que
isto é bom porque as famílias vão poupar mais, porque a inflação
negativa aumenta o seu rendimento real disponível. Ora:1) as famílias
lançadas no desemprego não têm um aumento de rendimento real ou não! 2) eu
percebo que a obrigação institucional do Governador seja também não deprimir as
pessoas. E nesse sentido compreendo-o. Mas ele sabe muito bem que se isto é uma
crise despoletada pela quebra da procura, é claríssimo que a solução passa
por revitalizar a procura. É o que o China está a fazer já com algum
sucesso. É que Obama pretendia com o pacote de estímulos. E a economia
americana tem alguns ténues sinais de que pode melhorar no fim do ano.
Porque quando ninguém gasta, nem empresas nem famílias, tem de ser o
Estado a gastar, para revitalizar a procura agregada. Isso num cenário
combinado com uma política monetária muito agressiva. Ora se o BCE que nos
rege não segue um política de juros baixa, e se faz uma injecção de
liquidez a medo e chama nomes à ideia de o FMI criar liquidez, não nos
podemos valer da política monetária. A solução
é mesmo a despesa pública. Dir-me-ão há que cumprir
o pacto de estabilidade e crescimento. Eu não acredito que
Joaquin Almunia se atreva a sancionar quem não o vai cumprir este ano, ou
tem o fim da UEM em mãos. Mas se quisermos cumpri-lo à letra, então a
resposta para a saída da crise é clara: ESPEREM SENTADOS! Isto é, se as
famílias e as empresas não gastam (e o Dr. Constâncio se regozija
com o aumento da poupança, maior inimigo da economia neste momento),
se a oposição de direita quer atar as mãos ao governo no
investimento público e a Comissão Europeia também, a ÚNICA SAÍDA é esperar
que a procura externa aumente. Como o PEC trava muitos países europeus
tempos que esperar que recupere a Alemanha e mais dois ou três, que sendo
exportadores dependem de os EUA recuperarem de facto este ano. Isto é:
recuperação EUA (final de 2009 com optimismo) + recuperação Alemã (na
melhor das hipóteses para o final do 1 semestre de 2010 + importações
alemãs a subiram + efeitos na economia portuguesa estamos em 2011!
Ah,
e a recuperação dos EUA está interdependente da China. E o maluco sou eu?
Nos últimos dias ouvi economistas a recomendarem a poupança, a apelarem
ao fim do subsídio de desemprego ou ao seu abaixamento, a recomendarem
congelamento de salários e pedirem o fim do investimento público porque o
estado já está muito endividado. Tudo isto, à luz do que se diz
acima são disparates catastróficos! E só nos afundam no precipício. A tudo
isto eu acrescentava que o contributo do BCE é sempre uma benesse: quando
há 2 semana permitiu que se gerasse a expectativa de uma descida de juros
de 0,5pp os mercados anteciparam-na e desvalorizaram o Euro nessa medida.
Como entretanto a ortodoxia monetarista venceu os mercados ao ver uma
descida de só 0,25 fizeram disparar o Euro contra o dólar. Moral da
história: a arma que a Inglaterra usou para combater a deflação
(desvalorizar a moeda) foi usada em sentido oposto pelo BCE: ao disparar o
Euro tornou as importações mais baratas contribuindo para menor
deflação.»
negativa. As medidas de combate preconizadas ontem em
comentário pelo Dr. Constâncio deixaram-me siderado. Terá ele dito que
isto é bom porque as famílias vão poupar mais, porque a inflação
negativa aumenta o seu rendimento real disponível. Ora:1) as famílias
lançadas no desemprego não têm um aumento de rendimento real ou não! 2) eu
percebo que a obrigação institucional do Governador seja também não deprimir as
pessoas. E nesse sentido compreendo-o. Mas ele sabe muito bem que se isto é uma
crise despoletada pela quebra da procura, é claríssimo que a solução passa
por revitalizar a procura. É o que o China está a fazer já com algum
sucesso. É que Obama pretendia com o pacote de estímulos. E a economia
americana tem alguns ténues sinais de que pode melhorar no fim do ano.
Porque quando ninguém gasta, nem empresas nem famílias, tem de ser o
Estado a gastar, para revitalizar a procura agregada. Isso num cenário
combinado com uma política monetária muito agressiva. Ora se o BCE que nos
rege não segue um política de juros baixa, e se faz uma injecção de
liquidez a medo e chama nomes à ideia de o FMI criar liquidez, não nos
podemos valer da política monetária. A solução
é mesmo a despesa pública. Dir-me-ão há que cumprir
o pacto de estabilidade e crescimento. Eu não acredito que
Joaquin Almunia se atreva a sancionar quem não o vai cumprir este ano, ou
tem o fim da UEM em mãos. Mas se quisermos cumpri-lo à letra, então a
resposta para a saída da crise é clara: ESPEREM SENTADOS! Isto é, se as
famílias e as empresas não gastam (e o Dr. Constâncio se regozija
com o aumento da poupança, maior inimigo da economia neste momento),
se a oposição de direita quer atar as mãos ao governo no
investimento público e a Comissão Europeia também, a ÚNICA SAÍDA é esperar
que a procura externa aumente. Como o PEC trava muitos países europeus
tempos que esperar que recupere a Alemanha e mais dois ou três, que sendo
exportadores dependem de os EUA recuperarem de facto este ano. Isto é:
recuperação EUA (final de 2009 com optimismo) + recuperação Alemã (na
melhor das hipóteses para o final do 1 semestre de 2010 + importações
alemãs a subiram + efeitos na economia portuguesa estamos em 2011!
Ah,
e a recuperação dos EUA está interdependente da China. E o maluco sou eu?
Nos últimos dias ouvi economistas a recomendarem a poupança, a apelarem
ao fim do subsídio de desemprego ou ao seu abaixamento, a recomendarem
congelamento de salários e pedirem o fim do investimento público porque o
estado já está muito endividado. Tudo isto, à luz do que se diz
acima são disparates catastróficos! E só nos afundam no precipício. A tudo
isto eu acrescentava que o contributo do BCE é sempre uma benesse: quando
há 2 semana permitiu que se gerasse a expectativa de uma descida de juros
de 0,5pp os mercados anteciparam-na e desvalorizaram o Euro nessa medida.
Como entretanto a ortodoxia monetarista venceu os mercados ao ver uma
descida de só 0,25 fizeram disparar o Euro contra o dólar. Moral da
história: a arma que a Inglaterra usou para combater a deflação
(desvalorizar a moeda) foi usada em sentido oposto pelo BCE: ao disparar o
Euro tornou as importações mais baratas contribuindo para menor
deflação.»
Não é possível não concordar com Carlos Santos e com a sua assumpção da despesa pública como solução. Mas que despesa pública para Portugal?
A que se baseia na importação de quase tudo? Ou uma despesa pública voltada para as famílias, quase complemento de reformas, ordenados, subsídios de desemprego, que permita reanimar a procura dando margem às pessoas para voltarem a consumir com ... confiança?
A resposta do ministério das finanças é, no entanto, mais do mesmo: coimas para as não entregas do anexo O das declarações de informação duplicada do IVA Anual!
Palermões!
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