quarta-feira, 28 de outubro de 2009

B DE BRASIL B DE BRIC


"Todos conhecem a anedota de que o Brasil é o país do futuro e sempre o será. Ainda não vemos no Brasil o tipo de crescimento que vemos na Ásia. Eu acho que isto continua a ser uma esperança e não uma perspectiva certa", adiantou. O prémio Nobel da Economia de 2008, Paul Krugman, defendeu ontem que o Brasil teve um desempenho "formidável" perante a crise global, mas que o crescimento futuro do país é mais "esperança" do que certeza de crescimento. "Quando as pessoas falam dos BRIC (Brasil, Rússia, Índia, China), talvez devessem falar dos IC, porque a Índia e China tiveram essa descolagem [de crescimento económico] mas o Brasil ainda não, e a Rússia é um animal totalmente diferente", apontou o economista norte-americano perante uma plateia de empresários na capital argentina, Buenos Aires. Para o economista, o Brasil não foi tão afectado pela crise mundial porque "não está tão exposto ao comércio mundial e também porque criou uma estrutura financeira muito mais sólida." "Foi afectado mas não muito, os bancos aguentaram-se muito bem e, de facto, o mundo quer levar dinheiro para o Brasil e isto gera problemas para a competitividade das suas exportações", defendeu. O Nobel norte-americano fez um paralelo com a década de 1930, que foi melhor para a América Latina do que para os Estados Unidos ou Alemanha, sem que tal se tenha traduzido em boas perspectivas para as décadas seguintes. O Brasil tem um "dinamismo empreendedor" e "indústrias de exportação bem-sucedidas", o que "leva muitos a pensar que tem excelentes perspectivas de crescimento, mas, por outro lado, muita gente diz isso do Brasil há décadas", referiu ainda.»

Ser-se prémio Nobel é sempre bom para a afirmação de cartilha de próximo futuro. Krugman tem razão quando fala que o desempenho do BRIC Brasil face à crise, tem algo a ver com menor exposição do Brasil face ao comércio mundial, ao contrário de países muito abertos e expostos ao comércio mundial, como Portugal, a quem cada espirro de comparsas externos atira quase invariavelmente para os cuidados intensivos.

Mesmo que obviamente este BRIC não tenha a pujança arrasadora dos IC, não terá na minha opinião tanta razão quando se fica pela rama da anedota do país de futuro sempre adiado. É que a nova robustez Brasileira passa pela chamada ao consumo de uma margem substancial de Brasileiros e de uma nova vaga de optimismo e de empreendedorismo jovem. Problemas futuros para as exportações Brasileiras? Talvez, mas nada que o seu crescente optimista mercado interno não possa absorver.

1 comentário:

ALLmirante disse...

Os bancos brasileiros não foram afetados pela crise porque há 15 anos cobram os juros mais altos do mundo - cerca de 180% ao ano!

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