Para que não lhe doa tanto a voz, Pinho Cardão!
«Até que a voz me doa!...
Em artigo hoje no Público, o Prof. Campos e Cunha faz-se eco de um estudo recente (tem uma semana...) de um macroeconomista, Prof. Rogoff, que abrangeu 44 países, num período de 200 anos, em que demonstrava que as economias mais endividadas, em termos de dívida pública, eram as que menos cresciam. Também tinha estudado o caso português, nos últimos 150 anos: quando o nível de dívida pública estava abaixo dos 30%, a economia tinha um crescimento médio de 4,8%; quando se situava entre os 30% e os 60%, a economia crescia 2,5%; e quando o nível de dívida pública estava entre os 60% e os 90%, a economia crescia 1,4% ao ano. Não foi estudado o efeito do crescimento com dívida pública superior a 90% do PIB, porque tal nunca aconteceu. Estamos agora a caminho!... Ressalvando alguma imprecisão estatística para os períodos mais recuados, a conclusão não poderia ser outra.
Como é óbvio e neste Blog não nos cansamos de referir, mais endividamento significa mais impostos, agora e no futuro. Mais endividamento significa maiores custos financeiros, agora e no futuro, por força da deterioração de risco do país.
Mais impostos e maiores custos coarctam o investimento e a vontade de investir. Sem investimento, não há crescimento, ponto final.
Ao nosso nível, temos vindo persistentemente a chamar a atenção para esta realidade. Mesmo não sendo um macroeconomista, e talvez por isso, estudei o comportamento da evolução da Despesa pública e do PIB nos 27 países da EU, conclusões que constam do post sobre o mito da despesa pública como dinamizadora da economia. Sinteticamente, as conclusões eram as seguintes:
-Ao menor peso de despesa pública correspondeu o maior crescimento do PIB
-Ao maior peso de despesa pública, correspondeu o menor crescimento do PIB
-Ao peso intermédio da despesa pública, correspondeu um crescimento intermédio do PIB.
-Mas, mesmo que não se concorde com estas conclusões, uma, a mais minimalista, é inegável: a de que a despesa pública não foi factor de crescimento nos países da UE27.
É de saudar os economistas que já vão acordando e deixaram de sonhar que a realidade de hoje reproduz a realidade de Keynes, em que o peso da Despesa Pública não atingia sequer os 10% do PIB e a carga fiscal não tinha qualquer comparação com a de agora.
E alguns até se apresentam como campeões da descoberta. Não faz mal. Tirando a presunção de uns e o oportunismo de outros, vieram ter ao caminho certo.»
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