A legislação a metro e a percepção que se pode criar um mundo ideal por decreto, mundo asséptico desprovido de actores humanos sem prover a custos benefícios e a realidades concretas levam-nos a perguntar: os empresários da diversão terão razão no absurdo da legislação, que atirará mais uns milhares para o desemprego?
Num mundo ideal feito por robots para robots, a legislação podia ser terminal: decretamos que por via da perfeição nem mais um carro de choque ou uma cadeira de baloiço será responsável por qualquer acidente; que nenhuma porca estará frouxa; que nenhum empresário poderá trabalhar sem garantir preto no branco que tudo está conforme com os 99.999 artigos dos corpos que regulam as diferentes actividades.
Decretamos mesmo que se Deus não nos assegurar a total segurança de todos os equipamentos e a total falta de acidentes, fecharemos definitivamente todas as diversões. Decretaremos mesmo aliás que se houver um único acidentado na estrada, erradicaremos por legislação as viaturas da estrada. Decretaremos mesmo que se um simples gorgulho for encontrado a uma mesa erradicaremos frutas e legumes e os palcos de tão horrendos atentados e costumes: os estabelecimentos de restauração! Decretaremos mesmo que se ... e assim de decreto em decreto , fruto de legisladores multi-especializados e técnicos altamente especializados em garfos, em lençóis, em porcas, em gorgulhos, erradicaremos toda a porcaria deste mundo e poderemo-nos orgulhar da mais avançada legislação de defesa do consumidor, e do Estado melhor amigo do cidadão.
- Onde é que vamos almoçar hoje?
- Raio de pergunta. Fecha a agência! Ao único sítio mais perto, aberto. À tasca do Zé em Badajoz!
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