Os meus queridos amigos e irmãos Brasileiros continuam a alimentar a versão mau colonizador, bom colonizado.
Porque amo o Brasil e os Brasileiros com o mesmo amor e desamor como Portugal e os Portugueses, deixem-me contar-lhes a estranha sensação de quando cheguei ao Rio.
Gente linda, afável, maravilhosa, falando uma língua cantada que era a do meu Portugal.
Ao entrar em casa de um tal de Souza, deparei-me com a imagem de nossa senhora de Fátima e uma enorme lápide de um antepassado que rezava assim: Sousa, Freixo de Espada à Cinta.
Na casa de outros amigos maravilhosos, pés e coração quentes, encontrei uma foto relíquia de um camponês tisnado, das jornas, um tetravô de Terras do Bouro.
Em S. Paulo, onde o betão cheira a dinamismo vibrante e calcado, a atenção, numa padaria, para um homem de bigode farfalhudo, que me fez lembrar o Tiririca. Não o «pior que está não fica», mas um seu homónimo Portuga que bradava e rodava, a outra versão do copo, enquanto retirava do forno um papo-seco Brasileiro: «melhor que está, não fica!»
Confesso que fiquei angustiado naqueles primeiros dias, com a visão do colonizador, colonizado espoliado: tanto ouro humano do meu país, por terras de Vera Cruz derramado!
Três dias depois, multiplicadas as experiências por cem e por mil naquele país quente e maravilhoso, revi a minha posição. Derramado? Sim! Desperdiçado? Não!
Desde aí sempre que me perguntam, neste mundo de soberanias mitigadas, cidadão és de onde, respondo orgulhoso: sou de todoomundo e todomundo é de ninguém!
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