sexta-feira, 28 de outubro de 2011

VÍTIMAS DOS LÍDERES?

Caros amigos

Sobre liderança gostava de reproduzir um dos meus textos de "há pouco":

No Terrear de José Matias Alves (Alves, 2010) encontrei acriticamente esta definição que vem já reconduzida de Cunha e outros. A liderança transacional "envolve a atribuição de recompensas em troca da sua obediência”, enquanto a liderança transformacional "é definida em termos dos efeitos sobre os seguidores", agindo através de inspiração e estímulo. Acrescenta Matias Alves que foi Bass (Bass, B. M. 1990. From transactional to transformational leadership: Learning to share the vision. Organizational Dynamics, Winter) quem teorizou estes conceitos de liderança que se tornaram uma referência na gestão das organizações.

Para a caracterização da Liderança Transformacional (conceito que dá logo uma imagem de não disruptivo e de contínuo) fala ele no carisma como influência ideal e nos comportamentos presentes de respeito, elevação ética - moral e confiança. Onde há carisma há quase inevitavelmente uma “aura” inspiracional e apelativa individualizada através de simbologia e instilação de optimismo bem como uma estimulação intelectual para a inovação, criatividade e racionalismo contínuo. Apoiados, encorajados, treinados, “responsabilizados” por delegação, “suportados” por “feed – backs” (que funcionam assim como uma espécie de alimento da atenção e do sentido da auto - estima e potencial) a liderança transformacional foi sempre a minha preferida (mesmo sem a conceptualizar).

Já a Liderança Situacional, através de recompensas, trás - me imediatamente à memória uma espécie de condicionamento animal estimulador de Pavlov (infelizmente como animais que somos, muitos de nós ainda valorizamos essa forma crítica ou acrítica de contigentação ou excepcionalidade que não nos reconduz em última instância à melhoria da igualdade pela interpessoalidade). Recompensando contigentemente o esforço (numa aproximação humana que se queda por uma quase salivação), “monitorando o desempenho dos seguidores e adoptando acções correctivas não alcançados os padrões estabelecidos” através da chamada gestão por excepção activa ou passiva (no caso da intervenção dependente por ocorrência de problemas) ou liderando (ou melhor, não liderando, já que a abstenção de influenciar os subordinados é a regra) através do laissez – faire, laissez – passer (tão do agrado de muitas sociedades onde impera - com as inevitáveis excepcionalidades - a conflitualidade, a irresponsabilidade colectiva e a falta de exemplo).

Pensemos então. que tipo de lideranças temos tido?
A que animais ferozes temos recorrido?
Que país afinal queremos ser e que lideranças queremos ver transpostas à prática?
Têm estas lideranças responsabilidades na nossa tristeza e no medo de existir?

No país dos comendadores, do exemplo de Duarte Lima a Dias Loureiro a Rendeiro a  Isaltino Morais a... até que a voz nos doa... que povo queremos ser e ter?

É este o país destes senhores ou de José Gil, António Barreto, Eduardo Lourenço, Adriano Moreira...?   

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