Nas horas extraordinárias que passamos a ler de Maria do Rosário Pedreira há um artigo interrogativo sobre o que lêem os escritores que nos interroga.
Um das primeiras observações que o Rodrigo ... me fez, quando comecei a
escrever num dos títulos da empresa Jornal de Notícias, foi «jornalismo
não é literatura!». Nessa altura vinha muito cheio de mim, com o
assombramento próprio dos jovens quase pós universitários, porque entrava num
lugar onde a relação entre chefe de redacção e colaboradores media-se
por uma hierarquia quase militar. Além desse diploma de quase economista que
me granjeava alguma superioridade mental, arrogava-me também o facto de
ser um leitor voraz de clássicos e não clássicos que me recheava a
estante filial, para além de uma cadência diária de mudança de terras e
lugares que confirmava aquilo que o nosso autor dizia da nossa pátria
ser a língua Portuguesa. Mas a minha era já muito mais que isso. Era o
chão que pisava, os colegas novos que se faziam e desfaziam quase ao
passar do calendário e uma estranha devoção às letras e às artes mas
também às ciências.
Mas nada disto seria suficiente, pensava, não fosse uma relação de prazer com a escrita que me foi sempre fazendo atirar originais para o baú. Já nessa altura, desportista, que era, percebia que havia poucos desportistas e muitos treinadores de bancada. Relação de prazer e insatisfação permanente que marcou, claramente, a arca de Noé que todos temos em nós. Ao longo dos anos mudei de lugares e empregos, invadi por prazer outras áreas de formação que me iam dando novas visões dos pontos, tornando-me um actor multifacetado do meu destino, sempre vergado à relatividade das coisas.
Quando escrevia, era essa arca de Noé que transportava. Era eu e todas as coisas que tinham vindo dar à costa que transportava. E como é bom emocionarmo-nos e aos outros através de uma síntese daquilo que somos e daquilo que gostaríamos de ser. E é por isso que saber se é a leitura que faz o escritor ou o escritor que faz a leitura é desafiador e eventualmente nada despiciendo. Mas será que tem resposta universal?
Mas nada disto seria suficiente, pensava, não fosse uma relação de prazer com a escrita que me foi sempre fazendo atirar originais para o baú. Já nessa altura, desportista, que era, percebia que havia poucos desportistas e muitos treinadores de bancada. Relação de prazer e insatisfação permanente que marcou, claramente, a arca de Noé que todos temos em nós. Ao longo dos anos mudei de lugares e empregos, invadi por prazer outras áreas de formação que me iam dando novas visões dos pontos, tornando-me um actor multifacetado do meu destino, sempre vergado à relatividade das coisas.
Quando escrevia, era essa arca de Noé que transportava. Era eu e todas as coisas que tinham vindo dar à costa que transportava. E como é bom emocionarmo-nos e aos outros através de uma síntese daquilo que somos e daquilo que gostaríamos de ser. E é por isso que saber se é a leitura que faz o escritor ou o escritor que faz a leitura é desafiador e eventualmente nada despiciendo. Mas será que tem resposta universal?
O que sei é
que, quando colaborei num título especializado da mesma empresa, o
Rodrigo tinha antecipado a pergunta, «o menino não lê jornais
desportivos?».
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