«Aquilo que sei é que houve a interrupção de uma cerimónia pública. Creio que ainda há instituições democráticas e legitimidade democrática que emana do voto e não do protesto, ainda que legítimo», disse o líder parlamentar e presidente da distrital do CDS/PP de Setúbal.«Acho que o protesto é legítimo, desde que seja feito dentro da lei e com educação. Creio que não há mais nenhum comentário a fazer», acrescentou Nuno Magalhães.
Caro Nuno Magalhães
Num mundo cor-de-rosa,
representatividade e legitimidade andam de mãos dadas. No mundo real das
democracias viciadas nas relações do «anel do frodo» - e da luta irracional dos
contrários - a legitimidade e a representatividade são corroídas pela tomada do
poder pela mentira, e pelo critério número um das boas práticas democratas: a
consonância e a percepção que a soberania reside no povo e que esta não pode
estar sequestrada pela falsa representatividade.
Obviamente que os partidos
políticos em geral poderão fechar os olhos à questão da pertença da soberania,
arvorando-se em arautos da representatividade tomada quiçá pela inverdade
eleitoral. E onde falta o bom senso, o realismo, e os canais entre
representante e representado, e sobra a gestão de interesses pessoais ou de
grupo restrito, a democracia fenece e é uma enorme mentira: e ao povo sobra o
«nojo» dessa forma de apropriação colectiva.
Em 1974 tinha x anos. Conheço
pois com as palmas da minha mão as ideologias e os altos e baixos da função
democracia.pt, com os seus excessos, vícios, os seus recobros, até à tomada da
reconstrução da simbiose dos interesses entre grandes grupos económicos e
corporativos e o poder do momento.
Em 2013 esperava que ela fosse
uma verdadeira democracia participativa, ao estilo Suíço ou Nórdico, onde o
mote em termos económicos fosse a concorrência. Enganei-me! Os partidos
continuam a não tomar partido pelo povo, de que emanam, embora rapidamente se
divorciem. Como português qualificado e experiente, num país
que destrói diariamente o mercado interno, vejo o meu país, a minha família e o
meu povo a soçobrar na indigência, na miséria e na ignorância de uma falsa
representatividade; e, todas as estruturas económicas e relações sociais a
soçobrarem à «idiota» e ignorante tese da destruição criativa. Bem como à
ignorância de um poder funcionalizado dentro de estruturas orgânicas que se
acham capazes de pensar pelo povo, e de decidir sem o auscultar diariamente, ouvindo-o
apenas para legitimar a sua irrepresentatividade de 4 em 4 anos. Obviamente que,
a responsabilidade deste estado de coisas não é apenas actual, estando
repartida pelas «irrepresentatividades anteriores». E também por aqueles a quem
sempre, repito, sempre, ofereci o meu poder de representação, defraudando-me e
a muitos na prossecução e inteligência das medidas, bem como na ética da
representatividade. Nesse aspecto, o governo português actual devia aprender
com o búlgaro quando diz: «Temos dignidade e honra. Foi o povo que nos confiou
o poder e hoje devolvemo-lo», declarou Borissov».
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