quarta-feira, 11 de novembro de 2009

DUAS LEITURAS NUMA MESMA NOTÍCIA

«Depois dos italianos, os trabalhadores portugueses são os que pagam menos impostos na Europa, de acordo com os dados do sindicato de técnicos do Ministério das Finanças espanhol, o Gestha.Em concreto, a pressão fiscal sobre o salário médio português, ou seja, a percentagem que foi para os cofres do Estado em 2008 é de 37,6 por cento. Este montante supõe uma taxa cinco pontos e meio abaixo da média europeia que fica nos 43,14%. Logo de seguida, e com dois pontos de diferença, está a vizinha Espanha cujos trabalhadores destinam para o pagamento de impostos 37,8% do salário.Na outra ponta do eixo, submetidos a uma pressão fiscal muito maior que Portugal, estão os holandeses (45%), os alemães (52%), os finlandeses (43,5%) e os austríacos (48,8%). De acordo com o Gestha, o esforço fiscal é um indicador muito revelador do peso que os impostos têm no bolso dos contribuintes, uma vez que mostra como países como Portugal e Itália, com uma pressão fiscal idêntica, realizam um «sacrifício» económico muito diferente quando o nível de rendas dos cidadãos não é o mesmo»
A escrita jornalística, hoje, muita feita pelo jornalismo descendente do do proletariado, o do precariado, é capaz desta coisa fantástica, a de dar numa notícia sentidos opostos, permitindo aos prós uma leitura e aos contra outra de leitura diametralmente oposta.

Na primeira parte da notícia de um diário digital, os trabalhadores Portugueses são depois dos Italianos os que pagam menos impostos na Europa, sendo que na segunda parte lá se explica que afinal não se pode comparar o que não é comparável dado as diferenças de nível de rendimento!

O título da notícia ficou-se pela primeira parte pelo que para os defensores do mundo ideal, os trabalhadores Portugueses ainda tem margem para pagar mais impostos.


Nada mais falso! - é o que conclui a segunda parte da notícia. É que numa Europa a uma velocidade no custo de vida, mas a duas no rendimento - e mesmo a três na desigualdade - quem de 100 tira 37 ou quem de 250 tira 125, dá ainda assim uma margem apreciável de excedente ... de consumo!

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