terça-feira, 10 de novembro de 2009

O ARGUMENTO DA SUSTENTABILIDADE

Convenhamos que “a nossa gente” começa a perceber que trabalhar não compensa e que so parvos trabalham. Importante, importante, é descobrir um argumento para que os outros nos sustentem.

Há uns anos largos quando trabalhava dezasseis horas por dia tive a ingrata e naif ideia de comentar - desabafar - à frente de um ex-secretário de Estado, bom vivant, que a trabalhar não se conseguia enriquecer. O riso abafado e trocista do presente fez-me corar, consciência da ingenuidade do meu acto.

É talvez por isso que hoje vem escarrapachado que os povos do mundo estão insatisfeitos com o sistema capitalista. Pudera o ius cogens internacional ditar: - a partir de agora impõe-se um tecto para a riqueza pessoal, para a posse de empresas , para que a concorrência perfeita definitivamente exista e não seja apenas uma figura de retórica do abstraccionismo económico!


À frente da caixa de uma grande cadeia de supermercados, daquelas que impõem marcas brancas e condições à oferta pelo seu domínio quase monopolista na procura, olhava para a vendedora de uma conhecida empresa de panificação que, por replicar o que o próprio supermercado já produzia, era assim uma espécie de milhafre ferido na asa, sem direito a um sorriso e muito menos a um obrigado pela reposição na loja. E, afinal, o lucro da venda dos produtos lá estava escarrapachado nos fabulosos resultados positivos consolidados, da macro sociedade herdeira gananciosa do goodwill das micro mercearias.


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