quinta-feira, 26 de novembro de 2009

OS ESTÁGIOS PARA LICENCIADOS

«Visão: «Empregos que ninguém quer». Há patrões que se queixam de não encontrar mão-de-obra. Empregados de escritório, seguranças, vendedores, construção civil e mais...»
De vez em quando saltam para os jornais notícias assim.

Boas para justificar os fins dos apoios sociais, boas também para serem analisadas à lupa.

É possível que haja empregos que ninguém quer, se as remunerações andarem pelos 500 ou 600 €. É que num país que compara em termos de custo com os países da Europa Comunitária onde se paga 1500 € ou mais por empregos similares, ninguém consegue trabalhar e viver com esses valores.

É por isso que Teixeira dos Santos, ontem, se engasgou quando lhe perguntaram o valor que iriam receber os 5000 jovens licenciados que irão estagiar no Estado. Falando em dois indexantes sociais, valor com que não se quis comprometer, por desconhecimento ou irrelevância, arremessou à Guterres: é fazer as contas!

Em Portugal é assim! Fazem-se sempre as coisas por metade, para Inglês ver!

Alguns economistas são favoráveis à baixa salarial! Para eles ou os trabalhadores aceitam ordenados mais baixos ou fatalmente a alternativa será o desemprego.

Obviamente que estas elites, muitas das quais responsáveis pelo Estado do país, não primam pelo exemplo de sugerirem cortes drásticos dos seus salários principescos. Aí já não se pode mexer, porque a qualidade paga-se. Obviamente que qualidade só a deles, embora na gestão em geral não se note essa qualidade, com excepção das empresas em roda livre monopólica.

Não compreendem que a grande generalidade das famílias não consegue viver com salários abaixo dos que são pagos nesses sectores, nem percebem que trabalhadores mal pagos significa empresas de baixa produtividade. Ou alguém trabalha verdadeiramente, sem ser com chicote, de barriga vazia? A captura dos sectores transaccionáveis pelos não transaccionáveis é, no entanto, real, e faz-nos crer que a mensagem só pode estar a ser dada para o interior dos mesmos.

Obviamente que isso acontece, quando o seu padrão de vida é escandaloso para a média de ordenados que se pagam em Portugal e é obviamente por isso que o mercado usa instrumentos de estabilização, como a emigração, para países onde a desigualdade e a falta de consciência social não está tão enraizada.

Fatal como o destino é a pergunta final: e os outros 145.000 qualificados senhor ministro, que ainda desesperam pela vossa criação líquida de emprego?

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