domingo, 20 de junho de 2010

MEMORIAL A SARAMAGO

Morto Saramago para a vida vivo a obra e a polémica eis o pouco basto povo Português todos contra todos a invectivarem-se em canais e fóruns electrónicos postos perante este desassossego pergunto-me como podia perguntar Blimunda sem vírgulas ou outras coisas mesquinhas que nos castram e deprimem sem um laço de ressentimento mas com um enorme acervo de sentimentos despojo de quem vive alarvemente somos tão poucos e mesmo assim somos tão pouco unos somos um povo que pode ser chamado por esse nome mereceremos viver e crescer à beira do Almonda ou desta árvore que não sei se é um castanheiro um pinheiro ou uma outra árvore qualquer. Plim apaguei a luz está escuro mas as rezas que a mim próprio fiz não as fiz por um Deus qualquer ou por uma aragem que me refresca a alma dos censores dos hipócritas dos sem dimensão humana plim apaguei a luz mas estende-se perante mim um extenso prado o prado da vida depois da morte uma nova pulsão um novo sentir um arremedo da paixão que me levou a Pilar a fronda da vida a morte da pequenez as cinzas desta minha nova paisagem vulcão debaixo de mim sombra debaixo de mim aí e ela tão forte e tão desamparada amo-te Pilar eternamente até às lágrimas que me escorrem como caudais deste poeta que te ama e que vive tão só debaixo desta carapaça desta amálgama sim desta árvore agora sim que dá pelo nome de azinheira onde uma pedra guardará as minhas cinzas mesmo que elas se confundam com o sofrimento da terra o meu nome é Saramago e in nomini mio esta é a minha vida e aqui estarei  firme vogando por esta jangada como um elefante debaixo de um memorial que é o meu a alimentar a polémica neste ano e nos demais que hão-de vir depois da minha morte até te juntares a mim Pilar debaixo da pedra desta azinheira aqui na Lanzarote que nos certificou e confirmou o amor.

Sem comentários:

Enviar um comentário