domingo, 24 de outubro de 2010

A CARTILHA AMERICANA OU A MINHA CARTILHA É MELHOR QUE ATUA

"Falta coragem" à Europa para "fazer o que estão a fazer os EUA" para combater o défice - embora "sem o dizerem" -, afirma o economista e antigo ministro brasileiro Luiz Carlos Bresser-Pereira, que falava à Agência Lusa, em Coimbra, onde se deslocou para participar num colóquio da Faculdade de Economia daquela cidade sobre o relançamento da política económica ('The revivel of political economy').

Para combaterem a dívida pública, os norte-americanos estão a recorrer ao chamado "quantitativo easy", isto é, à "facilitação quantitativa de mercado", imprimindo dinheiro.

"O banco central compra títulos do tesouro e enche o mercado de dinheiro", diminuindo, assim, a dívida pública, explicita o professor da Fundação Getúlio Vargas, de São Paulo, e da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais, de Paris.

"Isto também pode e devia ser feito na Europa", embora "seja mais complicado", reconhece Bresser-Pereira, defendendo, todavia, que o BCE poderia "comprar títulos nos mercados", segundo proporções relativas a cada um dos países que integram a moeda única europeia.

"Mas não há coragem" entre os responsáveis europeus para seguirem aquela estratégia. "Eles têm medo da inflação, que é um mal, sem dúvida", mas - adverte - "a deflação é uma desgraça".

"Enquanto houver ameaça de deflação, esta solução é possível", defende Bresser-Pereira, sublinhando que não está "a inventar nada - os EUA já estão a fazer isso".

O mercado é um "maravilhoso sistema de coordenação económica, desde que muito regulado - senão é uma desgraça", alerta, noutro plano, o ex-governante brasileiro, reconhecendo que "precisamos de mercado", mas "regulado".
A economia que hoje se ensina é uma mentira

Luiz Carlos Bresser-Pereira classifica, por outro lado, como "inaceitável" a "teoria económica que se ensina nas universidades". A economia que "hoje se ensina é uma impostura, é uma mentira muito violenta", afirma, apontando as contradições dessa teoria, que recorre ao "método matemático dedutivo" e ignora por completo "o método histórico ou experimentalista".

"Uma ciência é abstrata" mas não pode ignorar a realidade, advoga o especialista. E é precisamente por ter ignorado a realidade, por ter "usado um método errado, que a economia falhou".

No entanto, acrescenta, não falta quem insista na ideia de que "a teoria está certa" - portanto, se assim é, conclui, "foi a realidade que falhou".

Luiz Carlos Bresser-Pereira foi ministro da Fazenda do Brasil em 1987 (governo de José Sarney) e da Administração Federal e Reforma do Estado, entre 1995 e 98, e da Ciência e Tecnologia, em 1999 (mandatos de Fernando Henrique Cardoso).
Esta entrevista de B. Pereira vai de encontro ao que penso. 
A ortodoxia Alemã está a dar cabo da Europa e a matar o doente de uma cura a sangramento de sanguessuga. A deflação está aí com todas as consequências muito mais negativas que a inflação. Sorte a dos Brasileiros estudarem economia pelo seu vizinho do Norte!
Há quem pense, no entanto, que a economia é estática e muito positiva!

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