terça-feira, 17 de novembro de 2009

O FLAUTISTA DA AVENIDA DA LIBERDADE

Nesta hora de perplexidade e silêncios, muitos Portugueses questionam-se: o que aconteceu a Cavaco? Uns afirmam que foi raptado; outros que está gravemente doente; outros que amuou e, sem aviso, foi-se definitivamente embora.

Esta noite sonhei ter visto Cavaco a descer a Avenida da Liberdade, adornado com um distinto chapéu de abas e plumas, soprando numa flauta de madrepérola uma encantadora melodia, seguido de uma multidão ululante e dançante, encimada por homens elegantes vestidos com fatos de excelente corte, mulheres risonhas e redondinhas adornadas de replandescentes gargantilhas, encaminhando-se para o Tejo, onde o barulho da turba foi diminuindo, desaparecendo por fim como que tragada pelas enegrecidas águas.

No topo do Paço uma figura esfíngica, seca e esguia, admirava as águas onde finalmente se tinham exaurido as suas múltiplas preocupações, reconfortado por ter sobrevivido às inúmeras confusões e provas de esforço a que o tinham submetido. E socorrendo-se do toque do sino e do relógio do arco, gritou! Já estamos em 2011!

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