quarta-feira, 19 de outubro de 2011

CARTA A PASSOS

Como social democrata e como gestor/economista quero dizer-lhe que a esperança que coloquei na sua eleição foi defraudada. Mais uma vez um político mentiu. Diminuir a despesa do estado que asfixia as famílias e as empresas, sim! Aumentar o IVA, o IMI, o IRS, as rendas, a energia, os transportes, o acesso à saúde, o acesso aos bens culturais tudo em simultâneo, não! 

Terá como resultado a maior crise da história de Portugal. Milhões ficarão inibidos do acesso à saúde, aos alimentos, à cultura, à educação, espoliados da sua habitação. Se me diz que era isto ou despedir cem mil funcionários do estado digo-lhe que era preferível esse caminho, porque a economia não estiolaria e rapidamente seriam absorvidos pela mesma.  Aumentar o IVA para bens produzidos internamente é esmagar a produção nacional e diminuir a receita final dos impostos por brutal quebra do consumo. Aumentar o IMI é meter centenas de milhar nas ruas e espoliá-los das suas casas. Pense: como é que quem ganha 700 € que são a quase maioria dos Portugueses pode suportar o aumento do IMI, concomitantemente com o custo da alimentação, da retirada dos subsídios de férias e natal, da taxa moderadora... 

Aumentar tão brutalmente as taxas moderadoras é negar o acesso à saúde e fazer indirectamente aumentar até os preços do sector privado de saúde. As medidas tem de ser estudadas nas suas consequências, não atiradas irresponsavelmente à opinião pública sem estudar o seu impacto. Impacto físico mas também motivacional. Não se reforma contra as pessoas. Milhões ficarão desempregados sem acesso ao trabalho e sem acesso a qualquer rede de apoio social. Confiei pela última vez num político que demonstra uma total falta de sensibilidade social, humana, um desconhecimento total do país real e empresarial. 

O único caminho para milhões será a emigração e depois da catástrofe Sócrates haverá uma denominada catástrofe Passos. Arrepie caminho, não faça de Portugal a Grécia. Ouça os Portugueses não alinhados, aqueles que não vivem de lealdades! É que todos temos direito à indignação e todos temos direito à vida. 

Não se mata um povo apenas com repressão, mas com medidas que levam ao desespero e ao total empobrecimento e morte da sua população e da cidadania. Arrepie caminho antes que assista e seja responsável pela maior catástrofe de Portugal dos últimos cem anos. Para que lhe não pese ser mais um dos responsáveis por mais uma catástrofe humana.

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