Sempre fui muito pela comunhão, pela partilha. Não pela comunhão que mete hóstia e salvaguarda os pecados, mas pela comunhão daquilo que é intrinsecamente meu que é a minha alma e o meu espaço interior.
No mundo das chamadas vinhetas da vida social "da Presença" há um formalismo que parece, no entanto, um legado da nossa tradição do escondimento. Como diria Pessoa, escondemos tão intensamente que chegamos a sentir que é dor a dor que deveras se sente. Há de facto uma geometria da vida social que carrega (albarda) quem se deixa carregar. Já não é o poeta que é um fingidor, mas o actor social que se esconde e amalgama numa espécie de entretimento da razão, naquilo que Pessoa designou pelo girar nas calhas da roda, a entreter a razão que se chama coração.
É verdade que na interacção social encontramos os micro conceitos: carreira, mundo social, personalidade, estigma, contexto de percepção, enredo, mudança de status, estratégia, papel, comportamento colectivo, perspectiva, desempenho, trabalho emocional e, e... mas há algo que por mais que o poeta seja um fingidor não devemos subestimar: a alegria que nos dá de sermos nós, inteiros, sem receio de nos assumirmos transparentes seres sociais emocionais.
Afinal, se não nos mostrarmos ao mundo como somos sem receios, inteiros, teremos sempre que entregar a alma a Deus ou ao Demónio quando descermos ao profundis da nossa condição de cadáveres adiados que procriam.
Como o Romeiro de Garret que perguntava: Romeiro, Romeiro quem és tu? ...quem queremos ser nós, afinal?
Como o Romeiro de Garret que perguntava: Romeiro, Romeiro quem és tu? ...quem queremos ser nós, afinal?
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