quarta-feira, 12 de setembro de 2012

COMO CORDEIROS PARA O MATADOURO POR ANTAGONICES

«Todas as pessoas que conheço se queixam do mesmo – ainda não se ouviu, em declaração nenhuma, de que forma vai o Estado contribuir para esta crise. Em conversa com um amigo que trabalha há vinte anos numa câmara municipal e que receia dar a cara, fiquei a saber que quando ele entrou para lá existiam dois diretores. Hoje existem dezanove. Todos de carro, chofer e gasolina a rodos. 
Talvez estas palavras soem a frouxo já. Soem a vulgar. A queixinhas, mariquinhas pede salsa. Mas é que o cansaço mina e os braços tendem a deixar-se cair. Cada medida que sai cá para fora para enterrar ainda mais a maioria de nós, a partir de um determinado momento só nos enfraquece, só nos anestesia ainda mais, estrebuchamos no momento, dizemos umas asneiras, manifestamos fantasias de morte por afogamento, tiro ou explosão, mas no dia a seguir, ou nos sentimos um bocadinho mais fracos, ou regressamos àquele lugar de crença, ou ambos. E tal como os judeus seguimos como cordeiros para o matadoiro.

No entanto, podemos dormir descansados. Penso que, para já, não nos cremarão. Limitar-se-ão a tirar-nos, primeiro, o pão da boca.»

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