Ontem foi dia de apresentação do último projeto da Sedes,
associação para o desenvolvimento económico
e social, voltado para um toque de chamada à sociedade civil com o fim de
concluir e influir no atual sistema político e atuando no âmbito do seu objeto:
o estudo, consulta, cooperação e promoção do desenvolvimento económico
e social do País.
Ontem também soubemos de conclusões extraídas pela Deco que:
“em período de crise os portugueses reclamam mais pelos seus direitos: Em 2012,
os pedidos de apoio à DECO aumentaram 19% em relação a 2011. No total foram
434.840 os consumidores a contatar esta associação ( http://www.tvi24.iol.pt/503/economia---economia/deco-tvi24-reclamacoes-consumidor-economia/1429603-6377.html)
A realidade é pois assim que a participação da sociedade
civil é ativa no “re” da (ativa) mas não da mais despojada proativa. E isto quase apenas na exata
medida dos interesses individuais de quem a compõe; e quase apenas no nulo
espaço cedido pelas elites atuais e passadas à sua participação.
Numa sociedade como esta demasiado desigual, numa sociedade
ainda muito «ancien
regime» e sociedade de Corte, a participação do povo é quase apenas tolerada em
momentos de grande aflição ou naqueles momento deliciosos que esgotam e fecham
temporalmente quase sempre a representação.
Ontem a abertura às opiniões na SEDES permitiu extrair as
seguintes conclusões: uma descrença muito grande por alguma elite na
autorregeneração do sistema, de um sistema fechado e tomado pelos interesses
dos detentores do poder efetivo (das percebidas verdadeiras elites atuais, as elites do poder: os
partidos - na perspetiva da definição de Gaetano Mosca; e a divisão de opiniões entre os que pensam serem as instituições
responsáveis pelo atual estado das coisas e os que pensam serem essas instituições os
homens que por elas passam (e a crise da sociedade atual deriva de um quase determinismo similar aos altos e baixos de Kondratieff - estando nós hoje no inexorável ciclo baixo dos valores, que modelam as instituições).
Um dos intervenientes lembrou, e bem, já que tem tempo de
lembrança suficiente para isso, que há num país mais formado e informado verdadeiramente três responsáveis pelo atual estado de coisas: a
desresponsabilização individual, a falta de valores, a ética - de serviço.
A essas três que penso constituintes do atual estado de
coisas - dos atuais ditames democráticos - acrescentaria uma quarta: as elites portuguesas, sempre divorciadas das
sempre estigmatizadas e enjeitadas massas do povo português.
Apetece perguntar: e o povo, pá? Haverá democracia sem povo ou tudo não passará de um jogo de espelhos dos enjeitados a cada momento e da rotatividade do poder ?
(Nota: o autor deste crónica adverte que a regeneração do sistema só a vê através de um novo sistema de democracia participativa, includente do "verdadeiro bom povo português").
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